O Despertar

Esperando você voltar

Kagome POV

Minha cabeça doía muito, não conseguia abrir meus olhos e tentar mover qualquer parte do meu corpo parecia que eu estava sendo dilacerada por algum youkai.

- Inuyasha! Inuyasha!

Estava mesmo tentando, mesmo que em pensamento chamar por meu querido marido, mas não conseguia senti-lo perto de mim... não conseguia ouvi-lo me chamar como sempre faz quando estou em perigo, ou quando tenho pesadelos e ele me acorda.

Sim, esses maus sonhos estão frequentes e nos últimos meses praticamente não me deixavam dormir, era sempre a mesma cena, sempre no mesmo lugar: a árvore sagrada. Via Inuyasha de um lado e Souta, meu adorado irmãozinho como um adulto, do outro. Isso me dava calafrios pois da última vez que estive em minha era eu fiquei completamente longe de Inuyasha por três longos anos... acho que a dor que estou agora pode se comparar a isso.

Sinto que eu devia me lembrar de alguém também... "Ai que dor... alguém me ajude...não consigo sair daqui!!"

Ei..., mas de quem é essa sombra de criança que está perto de Inuyasha? Porque quero correr até ela? Porque quero protege-la?Porque dói tanto?

Acho que vou sucumbir à escuridão um pouco, estou tão cansada...

-"Inu...ya...shaaa..."
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Inuyasha POV

Por mais que eu queira, não consigo acreditar em tudo pelo que passamos. Desde que era criança, sempre soube que eu era um inútil, um fraco, um meio-youkai que deveria lutar para sobreviver e nada mais poderia esperar disso.

Tudo mudou quando conheci a Kagome, quando ela me libertou da árvore sagrada.... Ela sempre confiou em mim, me dava força e coragem, me apoiava nos momentos difíceis e nas horas de alegria, era ela quem era responsável. Para um meio-youkai que já tinha um destino certo de exclusão e extermínio, Kagome me trouxe um sentimento que me proporcionou esperança e pelo qual eu lutaria sempre para proteger: nosso amor.

Essa árvore... essa maldita árvore que nos trouxe tanta alegria quanto dor e sofrimento.

-"Devia ter usado a ferida do vento e manda-la abaixo quando lacramos aquele verme do ne-no-kubi" – pensei. Mas Kagome não aprovaria e tampouco poderíamos imaginar que essa tormenta toda fosse acontecer conosco... depois de tanto que lutamos, pelos obstáculos vencidos e que encaramos para podermos viver em paz. Agora gritava no íntimo de minha alma, torcendo para que ela me ouvisse e voltasse pra mim, enquanto via seu corpo deitado naquele futon inerte.

- "Maldição!! Acorde Kagome!! Kagomeee!!"
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Moroha POV

- Keh, pelo jeito ela não vai acordar tão cedo... já fazem dias! – disse tentando soar menos preocupada do que estava.

- Não seja pessimista menina, sua mãe já esteve em situações bem piores! Temos quedar tempo a ela. Ela ficou um período muito longo sob o transe daquela maldita borboleta.

- Tempo... tanto ela quanto você tiveram tempo demais não acha?

No mesmo instante, Inuyasha me olhou com angústia e reprovação por minha má resposta. Mas o que ele esperava? Passei dez anos da minha vida sozinha! Ninguém me entendia, todos me tratavam com dó e piedade. Viviam dizendo "seu pai é um meio-youkai poderosíssimo!!!" ou "sua mãe é uma sacerdotisa sem igual e possui um coração enorme!".

Keh, e o que adiantava todos me falarem isso?! Eu não lembrava de nada! Nem de seus sorrisos, nem de seus cheiros, muito menos do calor de seus abraços... tive que me virar sozinha e provar que poderia ser maior do que eles foram; ainda que na verdade eu só estava tentando vê-los através de mim.

A partir do momento que Towa passou por aquela árvore Goshinboku, com todas aquelas coisas estranhas dizendo que era minha prima e que vinha do futuro; enfrentamos muita coisa, juntamente com Setsuna que por acaso é sua irmã gêmea! Nem dá pra acreditar que aquela pelo qual me pagaram uma alta quantia para exterminar, era minha parenta!

No fim das contas, Towa apareceu para nos unir e iríamos fazer o fosse para encontrarmos nossas famílias. Eu mesma a invejava porque ela lembrava de meus pais, viveu com a família de minha mãe e teve uma vida bem mais tranquila que a minha, enquanto eu não.

Passamos por incontáveis adversidades, quase morremos para encontrá-los e agora Inuya... meu pai, me pede tempo?!

- Acho melhor eu sair para caçar. - Disse a ele enquanto saía da "nossa casa". Precisava sair para me acalmar, estava ficando muito ansiosa por vê-la daquele jeito sem nenhuma resposta ou movimento no que tentávamos fazer para acordá-la.

- Moroha espere! - Ele levantou do lado de minha mãe, a beijou, e espetou a tal espada Tessaiga em frente dela, criando um campo de energia para protegê-la e veio até mim.- Eu vou com você.

- Não precisa, sei me virar e não vou demorar.

- Ora sua bobona, não seja convencida! Sei que você é capaz, mas quero que saiba que você não está e nunca mais estará sozinha!

Essa declaração dele me deixou sem fala. E eu confesso que é preciso muito pra me deixar assim... desde que eu o encontrei junto com minha mãe, aprisionados naquele castelo macabro e pleno de energia sinistra maligna, não tivemos um bom começo de pai e filha. Mas
ele está tentando e acho que não posso perder essa oportunidade. Afinal, foi essa a real busca de minha vida.

- Sim, então vamos. Mas você vai deixá-la?

- Não. Vou pedir a Towa para ficar com ela. Será por pouco tempo.

- Hai.

Saímos da cabana em direção a casa dos meus tios e depois seguimos pela floresta adentro.

- "Será que ela vai acordar enquanto estivermos fora?" – Pensei enquanto sentia que eu também não queria deixá-la sozinha nunca mais.

**continua**