1.2- Mavis, Trevor e... Josh?

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Musicas 2 e 3

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-May? Mavis é você mesma? - sua voz saiu um pouco falha por ele estar em estado de choque, mas mesmo com isso o coração dela se encheu por ser um timbre familiar e feliz. Novamente ela é cortada de seus pensamentos por um abraço apertado, seguido de um rodopio e um sorriso, um espontâneo, lindo e verdadeiro sorriso. -- Estou tão feliz por ver você novamente, sinto muito por te segurar assim sem aviso. Mas foi um impulso. - colocou a forma descabelada no chão acariciando suas bochechas de leve, conseguindo tirar um sorriso doce e sincero da mais nova, talvez o primeiro em anos.

Com cuidado ela levou as mãos as dele que estavam quentes em comparação a sua temperatura atual, ela se lembrava o motivo desse pedido de desculpas, mas por enquanto ela podia tocar ele sem medo estava cheia para conseguir sentir mais alguma coisa.

-Está tudo bem, posso te tocar agora consigo me controlar. - A voz tímida preencheu o lugar e atiçou a curiosidade do moreno mais alto. - E sim sou eu, também senti sua falta Trevor... - abraçou ele novamente apertado, enquanto lutava com algumas lágrimas que queriam começar a cair, essa dor constante era difícil de controlar.

-Vem, vamos pegar os seus óculos, vai ficar com dor de cabeça - se afastou ao perceber que o abraço durou tempo demais e talvez isso não fosse bom ainda.

Com cuidado ela concordou e segurou apenas sua mão, agradecia por ele conseguir ver um pouco através da sua confusão, nem ela sabia como reagir a tudo que carregava e se esqueceu, é algo muito... Diferente? Surreal? Todos achamos que ao esquecer a dor ela passa, mas quando ela volta você se surpreende com o quanto é capaz de aguentar e ainda sim sentir, sorrir e continuar.

-Meu quarto ainda está aqui? Ainda guarda minhas coisas? - as perguntas saíram com um pouco de emoção e curiosidade primeira vez em três anos que veria um quarto com uma decoração de verdade, que ela mesma escolheu por sinal.

-Claro, essa também é a sua casa - respondeu com um sorriso doce, como se fosse a coisa mais obvia do mundo.- E também não teria coragem de desfazer o seu quarto, era como se você estivesse aqui... - confessou com a voz morrendo um pouco e isso fez a garota sentir um pequeno aperto no peito, se soubesse que ele ficaria assim teria voltado antes.

Enquanto andavam alguns flashes de Trevor dormindo em seu quarto, olhando fotos dos três passaram pela sua mente, não foi algo proposital ela invadir essa lembrança em especial, mas ainda sim ela fez e sentiu a solidão no peito do mais velho. Talvez se ela tivesse ficado teria sido diferente? Ou ambos não estariam mais aqui, ou ela estaria sozinha. Era difícil tentar adivinhar as múltiplas linhas de realidade.

-Sinto muito ter demorado tanto para voltar... - Sua voz saiu baixinha e ela sentiu os olhos ardendo, todavia nenhuma lágrima caiu, talvez fosse por não ter mais nenhuma em seus olhos.

-Você está aqui, nada mais importa. - o tom de voz estava mais sério, mostrando que realmente essa era a prioridade no momento e nada mais importava.

Mais nenhuma palavra foi dita até que Mavis estivesse novamente em seu quarto, seu verdadeiro quarto de paredes azuis, com vários poster enquadrados, livros, suas roupas, coisas e claro a bela vista da floresta densa e verde na janela. Apenas quando parou em frente a ela percebeu o quanto sentia falta de casa do cheiro gostoso de terra molhada e folhas com orvalhos, abriu os vidros se sentando na parte de baixo da veneziana, fechou os olhos querendo aproveitar mais o frio, mesmo que estivesse fora dele a pouco tempo.

Trevor observou a cena com atenção apoiado no batente da porta, seus olhos estavam marejados, uma vez que tinha imaginado, sonhado, desejado poder ver ela assim novamente de verdade, não apenas uma lembrança de dias passados. Seu coração agora estava mais leve ao mesmo tempo que sua mente se tornava um turbilhão de como iria ser a vida deles agora, ela não é a mesma menina de antes, não teria como ser depois de tudo, mas pelo menos ele esperava que se dessem uma chance para viver mais um pouco, sem mágoas e dor do que já tinha ido.

-Vou preparar o almoço, mais tarde conversamos sobre alguns detalhes, está bem? - avisou depois de alguns minutos em silêncio observando a mais nova, a qual se virou para ele um pouco mais viva e concordou com a cabeça.

-Vou tomar um banho, estou parecendo a protagonista de filmes de terror, toda suja - comentou rindo baixo e isso fez o mais alto rir também, parece que agora ele teria vários trocadilhos de filmes para decorar novamente, ainda mais se forem de terror, já que o tempo poderia passar, mas Mavis sempre adoraria o terror, sangue e matança.

Depois que Trevor saiu ela foi até sua cômoda e pegou um conjunto de calcinha e sutiã, uma blusa preta mais solta, shorts da mesma cor e meias 3/4 com desenhos de abóboras. Deixou tudo em cima da cama e seguiu para o banheiro abrindo a torneira.

"Meu primeiro banho sendo eu mesma, é algo estranho. Mas é muito melhor do que antes, consigo sentir a água batendo em minha pele a temperatura causando alguns arrepios em meus pelos. Sei que eu tenho muito a superar e a colocar no lugar, mas quero primeiro ficar mais positiva, tirar toda a tristeza que não é minha."

Enquanto se limpava, os olhos castanhos de Mavis estavam fechados, ela estava relaxada e como consequência, ela podia sentir um par de braços envolvendo seu corpo, arfou baixinho, era uma lembrança, uma dolorosa lembrança.

[...]

"O garoto estava nu a sua frente e ela de costas sentindo um nervosismo e vergonha se espalharem por si enquanto as bochechas coraram forte, a água quente e o vidro embaçado deixavam a situação muito mais íntima, ela estava quase entrando em pânico quando ele lhe envolveu com carinho deixando que suas costas ficassem sobre o abdômen definido com algumas tatuagens."

"Com uma gentileza espontânea ele depositou pequenos beijos molhados em seu ombro, esperando ela se sentir menos nervosa e quando isso aconteceu a virou para si encostando seus narizes"

-Você é adorável May... - sua voz causou arrepios intensos na menor que quis esconder o rosto, mas ele não permitiu, pois em uma fração de segundos eles já se encontravam em um beijo intenso e molhado.

-Josh... - chamou baixinho atraindo sua atenção e um maldito e maravilhoso sorriso de canto.

[...]

Com rapidez ela abriu os olhos assustada, ao ver que estava no chão chorando como uma criança, não que ela não fosse, seu peito doía como o inferno e talvez agora ela estava de volta as sessões de tomar cuidado aonde toca, senta e afins, mas isso era irrelevante perto do que ela sabia que passaria muitas e muitas vezes em seu quarto afinal eles ja estiveram muitas vezes ali.

-Merda... Mil vezes merda... - murmurou terminando seu banho e saindo do banheiro para se secar e colocar a roupa.

Minha Dádiva da Morte (Seth Clearwater)Onde histórias criam vida. Descubra agora