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Walden Macnair arrastou Hannah pela ponta de uma longa corrente, as mãos quebradas agarrando-se inutilmente ao ar. Hermione observou, seus olhos muito vermelhos e secos para chorar por mais tempo, sua garganta muito áspera para gritar novamente. Ela virou a cabeça, ignorando a sensação de aperto das lacerações em seu couro cabeludo e o cabelo grudado de sangue que grudava na nuca, e olhou para o final da sala, para a plataforma elevada que se estendia por toda a largura do que antes era o Grande Salão de Hogwarts. Voldemort se recostou em seu trono no lugar do Diretor, as pernas bem abertas com Bellatrix enrolada entre seus pés. A cabeça dela repousava no joelho dele, os dedos dela brincavam em sua canela, e ao redor de seu pescoço brilhava uma corda trançada em sete tons de vermelho Weasley, cabelo e sangue misturados em um troféu. Ela parecia sonolenta, saciada,  e os cantos da sua boca enrolados de prazeres, Hermione estremeceu só de imaginar.

Voldemort ergueu uma mão e apontou um dedo para a fila de mulheres. Hermione prendeu a respiração, os lábios se movendo em uma oração silenciosa, num último esforço para alcançar um deus que a tinha abandonado. O dedo ossudo de Voldemort apontou para Parvati, e Hermione ergueu os olhos em agradecimento resignado antes que pudesse ver a pele morena de Parvati ficar cinza. Sobre o trono de Voldemort em uma esfera brilhante de luz verde e fumaça, um par de óculos de armação redondo caiu. Uma mulher gritou e Hermione desviou os olhos de tudo o que restava de seu melhor amigo para ver Rabastan Lestrange prendendo uma coleira em volta do pescoço de Parvati. Bellatrix deu uma gargalhada enquanto Parvati era arrastada e Voldemort apontava para outra mulher na fila.

Hermione estremeceu de joelhos, assistindo amiga após amiga subir ao trono, assistindo elas serem levadas por outro Comensal da Morte, sendo recompensas aos servos leais de Voldemort. Ela esperava que ela fosse a última. Parecia lógico para ela. Ela era uma nascida trouxa, ela era amiga e confidente de Potter, ela era um dos maiores espinhos para o lado de Voldemort. Ele a faria esperar até o fim, a faria estremecer e tremer de ansiedade e medo. Lá estava Rowle, o grande bruto que quebrou o pescoço de Dean. Lá estava Crabbe, em busca de vingança após a morte de seu filho. Havia Avery, Nott, Rodolphus Lestrange. Havia... Hermione cruzou as mãos, movendo-as lentamente para evitar que as correntes conectando seus pulsos fizessem barulho e atraíssem atenção para ela. Ele não. Por favor, ele não.

Greyback cambaleou até o trono, os olhos vidrados de bebida e o queixo coberto de sangue. Ele se curvou, seu equilíbrio se quebrando, o jogando de lado aos pés de Voldemort. O lobisomem riu, gargalhando e se desculpando em tons roucos e gaguejantes. "Sinto muito, meu Senhor, sinto muito. Estou um pouco desgastado." Ele virou de costas, agitando suas mãos nodosas e retorcidas no ar. "Eu quebrei meu brinquedo, meu senhor. Eu humildemente peço outro."

Hermione estava feliz por não poder gritar naquele momento quando o olhar frio de Voldemort caiu sobre ela. Se ela começasse, nunca pararia. Nunca pararia até morrer, o que ela tinha certeza que não demoraria muito se Greyback a reivindicasse. "Bella," Voldemort disse, acariciando o cabelo de Bellatrix com uma das mãos. Ela olhou para ele com adoração. "o que você acha? Devemos dar ao lobo um novo brinquedo? Ele já passou por três."

Bellatrix lançou um longo olhar para Greyback, seus olhos estreitando-se em pensamento fingido. "É uma possibilidade, " disse ela, sua voz perto de um ronronar. "mas se continuarmos permitindo que ele tenha brinquedos novos, não haverá o suficiente para todos os outros. Não é justo, meu Senhor." Ela olhou diretamente para Hermione e sorriu, seus lábios puxando para trás para mostrar os dentes. "Por que não damos a ele um que não vale muito?"

Os arrepios de Hermione aumentaram e ela apertou os dedos até que os nós dos dedos ficaram brancos. Ela não podia orar mais forte, mas ela tentou, cada célula de seu corpo se esforçando e desesperado por alívio, por fuga. Greyback ficou de quatro e rastejou na direção dela, lambendo os lábios. "Sangue ruim," ele sussurrou. "pequena sangue-ruim. Por que você não vem brincar comigo? Podemos nos divertir um pouco."

Shelter and Sanctuary • dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora