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Ela não sabia quanto tempo ficou deitada ali, enrolada no travesseiro, respirando fundo e estremecendo para poder inalar seu sabonete e xampu, o cheiro forte que era tão familiar para ela depois de meses dormindo em seus braços. Ela se afundou no travesseiro, usando-o para enxugar as lágrimas. Ele a deixou, a deixou sozinha. Depois das promessas de que ele a manteria segura, que a protegeria, ele partiu. Ela se agarrou ao travesseiro, segurando-o até que seus braços doessem enquanto tentava dizer a si mesma que ele não a deixaria voluntariamente, que não a teria deixado sem tomar providências para sua segurança. Ela tinha que acreditar nisso. Ela precisava.

Um ruído suave no quarto a fez se debater. Ela chutou o travesseiro e rolou, rolou tão rápido e com tanta força que foi o suficiente para cair da cama, se chocando contra o chão com um grunhido, machucando os joelhos e as canelas. "Draco!" ela gritou, afastando o cabelo dos olhos e olhando ao redor enquanto seu coração batia frenético. "Draco!"

O elfo doméstico com a orelha faltando saltou da cadeira, puxando uma das mãos de dentro do pedaço de tapeçaria irregular que usava. A almofada da cadeira foi segurada em sua outra mão de dedos longos. O elfo doméstico colocou a almofada de volta na cadeira e deu um tapinha com cuidado, então olhou para Hermione e balançou a cabeça. A respiração de Hermione prendeu e ela se enrolou em si mesma, com as costas contra a plataforma da cama. Ela colocou os braços em volta das canelas e enterrou a cabeça nos joelhos.

"Senhorita?" A voz era tão suave que Hermione pensou que ela tinha imaginado, perdida em suas próprias respirações torturantes. Ela ergueu a cabeça e soprou um cacho que tinha caído em seus olhos, sobrancelhas franzidas em confusão. O elfo doméstico parou na frente dela, os dedos torcendo juntos, os olhos arregalados e esbugalhados. "Senhorita é-" ele se aproximou e sussurrou "-amiga de Dobby?"

Ouvir a voz do elfo doméstico pela primeira vez desde que ela foi trazida para o castelo assustou Hermione o suficiente para que ela não juntasse as palavras imediatamente além de perceber pela primeira vez que era macho. Sua única orelha caiu e ele começou a recuar. Hermione estendeu a mão. "Pare. Por favor, espere. O que você disse?"

O elfo doméstico parou, meio longe dela. Ele se virou, lentamente, e encontrou os olhos dela. "A senhorita é amiga de Dobby, sim?"

Hermione engoliu em seco e acenou com a cabeça, enrolando as pernas embaixo dela. "Sim. Sim, eu conhecia Dobby. Ele era... ele era..." Ela fechou os olhos para conter a memória de ter sido torturada na casa de Draco, da fuga desesperada e do sacrifício de Dobby. "Eu o conhecia."

Ela abriu os olhos e piscou para afastar o brilho das lágrimas que fez o elfo doméstico vacilar e desfocar. Ele tinha sua única orelha presa em uma das mãos, mas a observava sem se encolher. "Se a senhorita é realmente amiga de Dobby, a senhorita deve saber que está em perigo. A senhorita não pode ficar aqui. A senhorita deve ir embora."

Os dedos de Hermione cerraram-se na bainha do vestido, as unhas arranhando o joelho. "Eu não posso sair." Ela tocou o pescoço, sentindo inconscientemente a coleira que usava sempre que Draco a tirava da segurança do quarto. "Não posso sair do quarto. Estou segura aqui. Segura o suficiente. Não posso sair." Seus olhos começaram a lacrimejar novamente e ela baixou a cabeça, lutando para respirar uniformemente. "Assim que ele voltar, eu estarei segura. Draco. E-Ele me mantém segura. Ele não teria me deixado sem ter certeza que eu estava a salvo. Eu o conheço. Eu o conheço." Ela podia ouvir a rapidez de sua fala, a qualidade apressada de cada palavra, e estremeceu. Ela não estava tentando convencer o pequeno elfo doméstico. Ela estava tentando, pela segunda vez e muito mais desesperada, convencer a si própria.

"Senhorita." A voz do elfo doméstico estava baixa, porém firme, e Hermione olhou através de sua franja emaranhada para vê-lo olhando para ela com uma determinação estranha em seus olhos esbugalhados. "A Senhorita não está segura." Ele apontou para a porta. "Os outros ainda não vieram, mas virão. Eles virão. Sabe aquele que mora aqui com a senhorita? Ele saiu sem prendê-la. A senhorita está em perigo. A senhorita vai morrer."

Shelter and Sanctuary • dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora