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Hermione flutuou na escuridão, incapaz de sentir seus membros. Seu batimento cardíaco ecoou alto e tamborilando, quase obscurecendo as vozes que dançavam nas sombras que a cercavam.

Temos que deixá-la descansar. Ela passou por um trauma grave. Ela não será boa para nós em sua condição.

Já se passaram três dias. Precisamos de informações e ela as tem. Acorde ela.

Não se atreva a me dar uma ordem novamente.

Hermione lutou contra as nuvens escuras que a seguravam. As vozes eram familiares. Ela as conhecia e elas a atraíam. Ela se contorceu em sua escuridão envolvente, lutou contra ela, e com um grito ofegante ela rompeu. Ela recuperou o fôlego, encontrou seu corpo e as sombras negras se foram.

Ela se sentou em uma cama estreita, em um quarto iluminado apenas por um fino feixe de luz do luar que brilhava através de uma janela estreita em forma de flecha na parede de pedra. A princípio, ela procurou a cadeira e a mesa, o armário alto e os ganchos na parede. Seu estômago revirou quando nenhum dos móveis do quarto eram familiares. Por um momento, ela esperava estar de volta ao castelo, no seu quarto com Draco. Esperava que dentro de alguns segundos ele saísse do banheiro, seu cabelo claro em desalinho e suas longas pernas trazendo-o para perto dela.

Sua mão foi para sua garganta e ela sentiu sua coleira, sentiu os lugares doloridos onde ele cravou os dentes nela quando ela jogou a cabeça para trás e gritou num orgasmo. Ela deixou a mão cair e tremeu. Sem coleira, sem mordidas.

Sem Draco.

Ela enrolou o cobertor fino em volta dos ombros e saiu da cama. Em uma cadeira perto da porta, ela encontrou um par de jeans, gasto na altura dos joelhos, uma blusa túnica larga que estava tão desbotada que sua cor original havia sumido, e um par de tênis manchado de lama. No final da pilha havia um cinto, um sutiã, calcinhas e meias. Hermione passou os dedos sobre cada item, as lágrimas ardendo em seus olhos. Eram dela. As roupas eram dela, deixadas para trás no Largo Grimmauld antes de ir para o combate que matou tantos de seus amigos e terminou com tantos outros capturados como ela.

Ela enxugou o rosto com a ponta do cobertor antes de deixá-lo cair no chão. Ela se vestiu rapidamente, os movimentos estranhos para ela no início, tanto tempo com apenas um vestido e um par de sapatos simples. Hermione evitou olhar para si mesma enquanto se vestia. Ela não queria ver as pontas afiadas de seus quadris pressionando sobre o cós da calça jeans, a cavidade de seu estômago onde o material se abria. Quando ela se endireitou, o jeans escorregou mesmo com o cinto apertando o máximo possível, e ela suspirou de frustração antes de puxar a calça para baixo. Nada, nenhuma das roupas, servia mais, então ela deixou a maior parte na cadeira. A blusa pendurada em torno dela estava como um vestido. Ela puxou a bainha, puxando para baixo. Isso serviria bem o suficiente. O vestido que Draco lhe tinha dado era mais curto, e mesmo apenas com uma blusa ela sentia-se mais coberta do que em meses.

Hermione puxou o cobertor em volta dos ombros como uma capa e pressionou a orelha na porta. As vozes que ela ouviu a princípio ficaram silenciosas, mas quando ela cautelosamente enfiou a cabeça no corredor, ela viu um lampejo de luz na outra extremidade e ouviu outras vozes diferentes murmurando. Descalça, o cobertor agarrado ao seu redor, ela deslizou em direção à luz. O som de pratos, colheres batendo em tigelas e facas em pratos, de jarras, copos e canecas, alcançou seus ouvidos e ficou mais alto enquanto ela se aproximava do feixe de luz que entrava por uma porta entreaberta.

Ela ficou do lado de fora daquela luz quente e dourada, prendendo a respiração quando uma sombra passou por ela. Alguém deixou cair um prato com um grande barulho, e a explosão de vozes assustadas a fez pular, seu coração batendo forte. "Quieto!" alguém disse dentro. "Você vai acordá-la."

Shelter and Sanctuary • dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora