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Hermione estava deitada na cama enrolada em volta do corpo imóvel de Draco. Ela chorou contra seu ombro, seu braço flácido sobre sua cintura, onde ela o puxou na esperança de fingir um abraço. O Lorde das Trevas se divertiu com sua defesa violenta por Draco e ordenou que Bellatrix se retirasse. Ele ordenara Rowle e Selwyn que levassem Draco para as masmorras assim que Hermione tivesse designado os restantes dos cativos aos comensais da morte. Ela fez isso, chorando por Draco, chorando pelos cativos, chorando por si mesma enquanto mandava seus amigos para a morte. Gabrielle cuspiu nela, xingando em francês enquanto Yaxley a puxava para longe.

Hermione sabia que algo dentro dela tinha se partido. Algo importante, como um fio moral em sua alma. Mas lá, naquele momento, ela não conseguiu se importar. Ela estava viva, e Draco estava vivo, e isso era o que importava para ela. Se Bellatrix tivesse permissão para continuar sua tortura, ela poderia ter conseguido matar Draco, e Hermione não podia permitir isso. Ele a protegia, ele a mantinha segura, e pelas regras deste jogo doentio que eles se encontravam jogando, ela tinha que mantê-lo a salvo.

"Sinto muito." ela sussurrou nas vestes de Draco, ignorando o cheiro de urina que grudou no tecido, ignorando o cheiro de sangue que grudou em sua pele. "Sinto muito, Draco. Sinto muito ter protestado, sinto muito ter recusado. Isso... isso é minha culpa." Ela se culpou pela tortura dele, pelo desprazer do Lorde das Trevas que permitiu que Bellatrix colocasse Draco sob o Cruciatus.

Draco se mexeu, seu braço ficando tenso ao redor dela, e Hermione prendeu a respiração. Ela se concentrou em seu rosto, mas seus olhos não abriram. Ele não fez mais nada, exceto respirar. Hermione se escondeu em suas vestes, abaixando a cabeça sob o queixo dele. "Eu sinto muito." ela murmurou novamente. "Eu vou ser melhor, eu prometo a você. Eu vou, eu vou, eu prometo."

Ela não sabia quanto tempo ela chorou contra ele, não sabia por quanto tempo ela o segurou com força, mas quando ela ficou sem lágrimas, sua mão doeu e teve cãibras de agarrar suas vestes e sua garganta parecia crua por seus soluços agudos. Ela fungou e enxugou o rosto nas vestes de Draco, então inclinou a cabeça para trás.

Seus olhos estavam abertos.

Hermione ofegou, gritou e lançou o braço ao redor dele para apertá-lo com força. Ela chamou seu nome repetidamente, acariciando seu peito e suas bochechas. Ela chorou de novo, desta vez de alívio. Ela se esforçou para se sentar ao lado dele, a mão dele entre as dela. "Draco," ela disse, respirando fundo. "Draco, você está acordado. Oh meu Deus, você está acordado. Eu estava assustada, Draco, tão assustada. Eu pensei que você iria-- Eu pensei que você poderia-- que Bella ia-"

"Me matar." disse ele, sua voz áspera, dura pelos efeitos colaterais de seus gritos sob tortura. Seus dedos se contraíram no aperto de Hermione e ele respirou com um sopro que estremeceu. "Cheiro."

"Sim. Oh! Sim, bem, você. Er. Você." Hermione torceu o nariz. "Você precisa de um banho. Posso ajudá-lo a ir até o banheiro?"

"Provavelmente eu não posso aguentar ficar em pé por tanto tempo." Draco murmurou. "Pernas trémulas."

Hermione fez uma careta novamente, silenciosamente se repreendendo por não ter pensado nisso. Claro. Ele ainda iria sentir alguma reação em seus nervos, uma dor em seus músculos. Ela se lembrou do que passou depois de ter sofrido o mesmo tratamento da mesma bruxa. "Tudo bem." disse ela, dando um tapinha na mão dele. "Não se preocupe. Vou preparar um banho. Espere aqui. Não que você possa ir a qualquer lugar, mas... você sabe o que quero dizer." Ela se inclinou e beijou sua testa. "Não feche os olhos." ela sussurrou. "Eu não quero que você desmaie de novo."

Hermione correu para o pequeno banheiro e ligou a torneira, deixando-a mais quente do que ela gostaria. Draco precisaria do calor para penetrar em seu corpo e aliviar suas dores. Ela arrumou toalhas e flanelas, colocou tudo para o banho dele ao seu alcance e correu de volta para o quarto. Draco sentou-se na beira da cama e tirou suas vestes, embora ele só conseguisse levá-las até a cintura. Ele agarrou-se ao lado da cama e olhou para o chão entre seus pés. "Não consigo tirar minhas botas." ele murmurou, olhando para ela através de sua franja.

Shelter and Sanctuary • dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora