Desenterrando memórias - Bônus

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O menino após sessenta sóis, conseguiu fugir da casa da família.
Lá não era um lugar ruim, tinha o rapaz que cuidava de si, a mãe do rapaz e o pai que sempre se preocupavam.

Ele havia ficado tanto tempo trancado na casa, que não sabia sobre o que acontecia lá fora e suas memórias haviam se perdido após os acontecimentos, que ninguém lhe contava.
Algumas memórias davam sinais apenas em sonhos, mas o menino não sabia que estavam ligadas à sua vida real.

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Sabendo que corria risco do seu hyung notar sua ausência e vir atrás dele, segurou as vestes azuis e brancas e correu pela parte da floresta adentro.
Não sabia onde estava, nem o que iria fazer, mas de alguma forma, queria encontrar respostas.

Ele precisava de respostas.
Seu hyung não sabia nada sobre si, ele dizia que não o conhecia antes, mas o chamava de Saja*.

Saja morou com esta família os sessenta sóis, mas nada sabia sobre eles, e o fato deles também não saberem nada sobre si, o assustava, mas por nunca terem feito nada contra si permaneceu lá, pois não tinha mais pra onde ir.

Mas com o passar dias dias, as dúvidas e porquês se tornavam maiores em sua mente tão limitada, que começou a se sufocar com isso, e já não conseguia mais esperar estar totalmente bem para sair.

Saja encontra-se caminhando próximo a um vilarejo. As pessoas andavam com pressa e ele se sentiu um tanto acuado, não andavam no meio de tantas pessoas a muito tempo, principalmente para si que lhe faltavam memórias.

Adentrou o vilarejo, observando as casas, as feiras e as pessoas, curioso.
Algo em seu peito sentia familiaridade com o lugar, mas ele não conseguia saber o porquê.

-Gostaria que eu lesse suas folhas de chá? -uma senhora o abordou, lhe pregando um pequeno susto.

Saja não sabia exatamente se aquilo era uma boa idéia, mas não lhe custaria muito.

-Se houver uma resposta, por que não...? -murmurou baixo e a mulher lhe sorriu.

Ela seguiu a sua frente, indo para uma tenda toda azul escura, onde havia uma mesa. Ao redor vários tipos de folhas secas para chá.

Observou tudo com cautela.
Até que seu coração disparou vendo um dos potes de chá da mulher.

-Isto são pétalas de cerejeira? -questionou indo até o pote.

Ele consehuiu ouvir a mulher sorrir.

-Este é raro, é da árvore do rei, só tem uma dela próximo ao reino. -ela pegou o pote em mãos e encarou o rosto do menino.

Os olhos sorridentes, os lábios rosados e os cabelos pretos em tranças no topo de sua cabeça. Saja pensou que ela era bonita, lembrava sua mãe? ele não saberia dizer.

-Gostaria de tomar o chá das flores de cerejeira? -ela seguiu com o pote com poucas pétalas até o caldeirão, onde a água estava fervendo.

-Sim por favor. -pediu e sentou-se em uma cadeira de frente para mulher.

-Como um rapaz jovem, vem até uma xamã? -Saja arregalou os olhos pela surpresa.
Sabia que geralmente pessoas mais velhas, sem rumo, iam até elas para os ajudar.

-Eu não sabia... -foi sincero.
A mulher trouxe as xícaras com o chá das flores, sentando a sua frente.

-Tu procuras respostas não é? Respostas sobre quem tu és? Sobre teu passado? -o menino ficava cada vez mais alarmado com as questões que a mulher lhe empunhava, pois era exatamente isto.

Ela sorriu para ele e lhe oferexeu a pequena xícara de chá, de cor verde musgo.
O líquido era um tanto rosados e as pétalas dançavam dentro do recipiente.

A Outra face do Guardião (KTHxMYG)Onde histórias criam vida. Descubra agora