Capítulo 7: Mesmo querendo é difícil esquecer algo assim.

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O restante da semana passou voando. Eu praticamente dormia e acordava no estúdio, virava noites trabalhando e a fazer o triplo do que fazia antes. Consegui não só cobrir os prazos como também adiantar muitos outros trabalhos. Cristina ficou muito preocupada comigo por conta disso. Todos os dias ela me perguntava se eu estava bem e se eu precisava descansar, eu apenas fazia sinal com a cabeça e continuava o que eu estava fazendo.

Estava ligada no modo automático, com medo de ser sugada pela tristeza. Trabalhava por rotina, comia porque precisava e me banhava porque é algo vital. Fora isso não fazia nada mais. No meio disso tudo, a minha querida Lily acabou morrendo, me deixando em um estado ainda mais crítico. Quando eu levei Lily no veterinário para exames anuais, a veterinária falou que ela estava com câncer já avançado e que faltava muito pouco para ela ir, me sugerindo o sacrificamento.

Decidi que sacrificaria apenas quando ela não mais pudesse andar. Enquanto ela pudesse ser uma bela gata siamesa, que pula na minha cama para me dar bom dia, que conversa comigo e da voltas no bairro, ela seria. Quando voltamos para casa da consulta, decidi que Lily seria minha rainha até partir. Ela comia tudo que queria, fazia o que queria, ia para o trabalho comigo...Um dia ela simplesmente não acordou. Foi nesse dia que eu decidi que eu deveria ir para casa só para trocar de roupa e tomar banho. Minha casa já não era um lugar mais confortável sem Lily.

Algumas semanas se passaram e eu comecei a ter desmaios, mais como ninguém tinha visto ignorei. Até que...Estava no final de uma festa de 15 anos, Eu, Cristina e mais alguns guardando os equipamentos quando eu apaguei. Só acordei no hospital depois de 5 horas totalmente apagada.

Quando acordei Charlie estava ali e o médico também, ambos com cara feia. Conclusão: Sem trabalhar o resto do mês, tudo porque meu corpo está em estado de exaustão. Fui carregada para a minha casa ouvindo sermão.

— Candy... você sabia que não podia exagerar! Todos os eventos serão cancelados e agora você vai se cuidar.

— Ficou louco Charlie?! Quer que eu vá a falência?!

Charlie me deu ombros e continuou com seu discurso.

— Vou pedir a Cristina para vir todos os dias te ver, e eu virei aqui aos sábados. Nos domingos Lola virá.

Eu estava começando a ficar absurdamente irritada com ele. Uma coisa era se preocupar, e outra totalmente diferente é me tratar como um bebe

— Você não está se ouvido, não é possível... Cristina está grávida! 8 MESES! Como você quer que ela venha aqui na minha casa todos os dias? Lola iniciou os trabalhos agora...

— Você podia ter morrido! Você estava desidratada Dulce! Além de colocar seu corpo em exaustão você decidiu não tomar água...

— Por Hekate homem... Foi um descuido, isso não significa que eu vou morrer. Pare de ser tão dramático

— Isso não é drama Maria. É amor. Eu amo você. Inferno...

Silêncio foi o que aconteceu no resto do caminho todo. Quando chegamos em casa, Charlie me carregou no colo até o meu quarto e me deitou na cama. Ele me olhava fixo, como se implorasse por uma resposta.

—Charlie, olha...

— Eu sei o que você vai dizer. Eu te amo mais não sou idiota. Sei que mesmo quase se matando, você ama aquele projeto de homem que mora aqui na frente. Sei também que ele ama você.

Fiquei um pouco sem graça depois que ele falou aquilo

— Você não sabe do que você está falando...

— Quem escuta todo o drama dele enquanto ele manda as fotos para a revelação sou eu, eu atendo os telefonemas dele quando você está ocupada e seu celular toca. E também fui eu quem falei para ele que você estava no hospital. Realmente posso não saber de tudo, mas aquilo que sei basta...

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