Capítulo 12 - Shots de tequila, verdades e amor confuso.

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Voltei para casa umas 4 da manhã, passei antes em uma conveniência para comprar uma tequila e um pack de cerveja. Existem poucos momentos da minha vida em que eu desejo estupidamente ficar muito bêbada e louca, esse era um desses momentos. Nada tava dando realmente certo, tudo estava meio virado de ponta cabeça. Só cachaça pra esquecer.

A primeira coisa que eu fiz ao entrar na residência foi tomar um shot de tequila caprichado. Não ia efetivamente beber naquele momento, porque queria tirar um dia todo para fazer isso com calma, e não simplesmente cair na cachaça em 5 minutos de uma madrugada.

Guardei as bebidas na geladeira, subi preguiçosamente as escadas, ainda com mil coisas na cabeça e chegando no meu quarto, joguei o corpo na cama com a roupa que eu estava mesmo, extremamente exausta mentalmente para fazer qualquer coisa. Sentia que tudo que havia ocorrido tinha realmente me esgotado, mais do que correr uma maratona. A solução talvez fosse dormir, e eu tentei, tentei bravamente. Quase pedia para Hekate me levar, porque o sono não me vinha. 5 da manhã e nada, 6 da manhã e nada. Nunca achei que iria ver o sol nascer novamente porque eu estava com coisa na cabeça demais. Quando deram 8 horas, tomei uma longa chuveirada acreditando fielmente que aquilo me relaxaria e limparia a minha mente para o sono vim. Não adiantou. Desisti então.

— Ah que se foda essa merda, vou beber.

Coloquei um bom e velho moletom, e decidi que iria acabar de uma vez com qualquer dignidade que eu tinha com aquele pack de cerveja e muita tequila. A lógica da bebedeira era simples: a cada lata, alguns shots. No final do pack (se eu chegasse ao final) eu estaria bêbada o suficiente para nem lembrar meu nome.

2 shots de tequila para começar, uma playlist bem pesada para desgraçar a mente e lá vamos nós. Sentei no chão da sala, apoiando as costas no sofá e comecei a beber miseravelmente, como se toda minha vida fosse acabar ali mesmo. A intenção era perder filtros, consciência e quem sabe arrancar meu coração fora.

Depois de umas cervejas e incontáveis shots de tequila, eu já estava falando meio embolado e percebi que aquela bebida toda me deixava realmente com calor. Fui buscar um top para vestir no quarto e no meio da busca achei os scrap-books que eu tinha feito para mim com fotos da turma e o que tinha feito com as fotos do Christopher antes de me mudar para cá. Sempre fui muito apegada emocionalmente a fotos, e bom, nos primeiros meses longe foram aqueles registros ali que aliviavam meu coração de saudades infinitas.

Peguei eles dali depois de colocar o top, e fui para a sala. Abri mais uma lata de cerveja para folhear aquilo. 

(link externo ira direcionar para os scrap books. Link disponível na seção de votos - ao lado das opções de compartilhamento-)

Entre sorrisos e lágrimas, eu admirava aqueles pequenos recortes de recordações tão lindas. Algumas fotos estavam péssimas em questões de composição e ângulo, mostrando claramente nossa inexperiência, e adicionando o ar de "fotos de casa" de uma forma inexplicável. Tinham fotos que eu morria de rir não só pela memória, mas porque nenhum de nós conseguia fazer um enquadramento decente. Era uma enxurrada de fotos com metade de rosto, cabeça cortada e etc.

Quando abri o que tinha minhas fotos com Ucker, fiquei admirando aos poucos, recordando momento por momento. Haviam fotos ali que somente nós dois sabíamos que existiam, fotos do pedido de casamento (que Mai tirou escondida porque Ucker tinha pedido), uma das primeiras fotos que tiramos quando estávamos namorando e também a última foto que eu tinha memória que tínhamos tirado.

Começou a tocar Whitney Houston no fundo e olhando aquelas fotos comecei a cantar um pouco mais alto. Fiquei realmente mexida, então, decidi que eu tinha que cantar aquilo na cara de Christopher. Porque no fim das contas o motivo maior de tudo aquilo era ele, se eu estava bêbada era para esquecer dele e já que eu estava sem filtro nenhum, que se foda qualquer formalidade. Tinha que acabar com o pisar de ovos naquele exato momento.

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