Capítulo II

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Alucard estava mais assustado do que admirado com o brilho e o estranho tremor que emanava de dentro do pingente. Ele se levantou devagar.

– Belmont... – Com a outra mão ele deixou o pingente descansar em sua palma, e o ouro o queimou. – Argh!

O deixou o colar cair e uma pequena queimadura da marca dos Belmont ficou na sua mão. Curava-se lentamente.

– Como...? Mas...

Então, ele percebeu o corpo do rapaz.

– Deus... – Alucard olhava para o corpo confuso e incrédulo.

O homem que estava vivo ainda se levantava, e Alucard veio até ele.

– Quem era aquele homem? – Alucard o levantou mais uma vez. – Diga-me!

– Ele... era o Thuy.

– Esse colar era dele? – Alucard perguntou. – Responda!

– Não... não era! Ele não era um maldito Belmont!

O homem segurava as mãos do Alucard com menos força da última vez e já estava faltando o ar novamente. Alucard conseguiu suspirar aliviado naquele momento. O soltou até o chão, ainda apertando seu pescoço.

– De quem era aquele colar? – Os olhos de Alucard queriam ficar vermelhos, talvez o homem responde-se mais rápido.

– Era... era de uma menina... se não me engano...

– O que fizeram a ela? – Os olhos de Alucard agora ficaram vermelhos.

– Nada! Nada! Nós apenas os roubamos, nada mais!

Os? Tinha mais alguém com ela?! – Forçou a mão em seu pescoço. – Tinha?

– Sim... uma grávida, duas crianças e um homem...

Alucard parou de apertar o seu pescoço e o soltou. Belmonts vivos...?

O vampiro se voltou para o pingente no chão.

– Para que lado estavam? – Alucard perguntou, olhando fixamente para o colar. – Quando...?

– A oeste... e-eu acho... a... umas duas semanas... atrás. – O homem dizia se recuperando.

– Muito bem... – Alucard pegou o colar pela correntinha e antes de queimar os dedos, o jogou perto do homem, indicando com o queixo para pegá-lo e logo em seguida colocou a espada perto dele. – Andando.

{...}

O homem olhava para todos os lados enquanto desciam em uma espécie de buraco, havia até um quadro. O ladrão não sabia quem era o homem até ver o símbolo no manto do cavalheiro.

Belmont. Era um Belmont.

Mais precisamente, Leon Belmont.

Alucard olhava para o quadro também, de braços cruzados e ainda sem acreditar que poderia haver tantos Belmonts ainda vivos. Como?

Um homem, uma grávida, duas crianças e uma garota. Todos eram mesmo Belmonts...?

Os dois desceram para a biblioteca.

O ladrão olhava para todos os lados, tremendo pelas coisas que via e juntando o fato de ter uma espada flutuando em direção ao seu pescoço, estava aterrorizado.

Alucard apenas olhava para onde queria ir. Já tinha visto o que precisava dalí... não precisava olhar novamente. Olhava apenas para o espelho mágico, quebrado.

– Muito bem... – Alucard colocou as mãos nas bordas do espelho. – Como eram eles?

– Eles...? Ahm, eram... o homem tinha cabelos castanhos, olhos claros. A grávida tinha cabelos pretos e olhos pretos. As crianças se pareciam com o homem. E a garota, tinha cabelos marrom escuros e olhos claros.

Alucard olhou para seu reflexo no espelho e fechou os olhos.

– Me dê. – Ele pediu o colar com a mão erguida e sua mão dera alguns espasmos, ainda não estava totalmente recuperada. Respirou fundo e pegou o pingente dourado, fechando sua mão com força.

Alucard cerrou os dentes. Sua mão ardia como o inferno, e começou a tremer pelo poder do colar. Se fosse em um vampiro fraco ou recém-criado, Alucard naquele momento estaria em chamas.

Concentrou a força do colar para o espelho e estava tendo progresso, quando sentiu lágrimas caindo pela bochecha.

O que diabos colocaram nesse colar?

Ele suspirou, colocando mais força do colar no espelho.

Árvores começaram a aparecer e foi mais abaixo. Fumaças estavam no ar, eram de algumas casas. Um vilarejo podia ser visto agora.

– Está vendo? Está vendo eles? – Alucard perguntou, com a voz um tanto alterada.

– Ali. Acho que são eles.

Alucard concentrou-se nas pessoas em que o homem apontou. Apareceu um homem e uma mulher grávida.

– Então?

– Não, não são eles.

Alucard queria xingar.

– Ali, talvez... – O homem apontou para outros. – Não, não são essas crianças.

Alucard queria matar.

– Volta mais um pouco... não, não.

Alucard não conseguiu conter os olhos de ficarem vermelhos.

– Espera um pouco, ali! As crianças, são aquelas!

Duas crianças corriam pela estrada principal do vilarejo. Só eles brincavam, não havia outras crianças por perto. Riam e corriam tanto que Alucard se perguntava se eles estavam respirando ainda.

Estava agoniado, sua mão iria virar pó logo logo de tão quente. As crianças pararam um instante, olhando para trás e voltaram. Alguém estava chamando.

Atrás de uma das casas na rua principal, havia outra e essa era a casa pra onde eles corriam. Alucard já estava longe e não iria parar alí, estava perto de ver a todos.

Eles entraram e a visão do espelho também. Era uma casa muito humilde. Não havia quase nenhum móvel, era apenas aquela sala e talvez algum quarto ao lado. Recém-feita. Mas, para 5 pessoas morarem? Era melhor morar num estábulo.

As crianças se sentaram ao lado da mulher grávida. Logo depois entrou um homem mancando e sem um antebraço. Alucard iria olhar para o ladrão ao seu lado, mas entrou uma jovem com uma panela em mãos.

As roupas gastas como era de se esperar. Coberta de rasgos mas graças ao divino não estava sem o que vestir naquele frio. Os cabelos estavam bagunçados pelo vento que ainda entrava pela porta atrás dela, eram longos, castanho escuros e ondulados. Não brilhavam pela falta de cuidado ao qual não podia dar. Era pálida, os dedos magros assim como seu rosto onde ali estavam eles.

Os olhos azuis, frios como dos do Belmont que conhecia. A cor era idêntica. Parecia que olhava para o Trevor naquele momento, se não fosse por aquele brilho em seu olhar. Não era tão frio assim...

Alucard não aguentou mais e soltou o colar rosnando.

O pingente tintilou no chão. Alucard olhou para sua mão. A marca dos que matam seres da noite como seu pai e são humanos como sua mãe, em sua mão esquerda.

A marca da família Belmont agora ardia em sua palma e cicatrizava lentamente mais uma vez.

As Últimas BelmontsOnde histórias criam vida. Descubra agora