Capítulo VIX

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Mais uma vez estavam na estrada. Evitaram de passar pelos vilarejos depois daquele, o tempo de chuva se dispensava devagar a cada dia. Só falavam coisas necessárias, não chegaram a ter uma conversa. E como teriam ? Que assunto eles teriam ?

Sarah pensava neles, todos os dias. Nunca conseguia parar de pensar, não conseguia parar de se culpar e ela tinha certeza, não haveria de ser feliz nunca mais. Nunca mais. Sem eles, nunca mais.

Alucard pensava nela, a analisava discretamente. Observava sua expressão séria, parecia até o Trevor as vezes. E o olhar triste, aquele olhar sem brilho era exatamente como o irmão.

Pareciam até gêmeos de vez em quando.

{...}

Em menos de três dias, estavam chegando ao castelo. Alucard até andava com menos pressa, ela havia notado, mas como sempre não falou nada, só observou os arredores. Estavam em uma floresta, estava meio apagada pelo tempo nublado e fria pela brisa gelada. Sarah se encolheu um pouco mas ainda ficou observando. Alucard a segurou mais firme, criando coragem de falar:

- Está... com frio ?

Ela assentiu, sem olhar pra ele. Um banho de água fria, digamos assim.

- Ah, bem... estamos perto já. - ele decidiu acrescentar.

Ela permaneceu calada, seus olhos não brilhavam de curiosidade. Ela não deu a mínima, podia ir para qualquer lugar e não ligaria. Estava tão quebrada, não queria se esforçar por nada. Tudo era nada...

Alucard apertou ela levemente e apressou o passo. Sarah parou de observar os arredores, mas quando se viu diante daquela contrução monumental, arregalou levemente os olhos.

O castelo era imenso. Parecia um dragão das histórias antigas que ela ouvira algumas vezes quando criança. Até ficou com medo por um tempo, quase pegando no braço do Alucard.

Alucard percebeu que ela estava meio tensa, olhou para a mansão dos Belmonts de relance, mas olhou pra ela de novo. Melhor outro dia...

Sarah ainda estava assustada pelo tamanho daquele lugar mas, seu corpo gelou. Olhou bem para os dois de branco, suas carniças que já apareciam até os ossos e o cheiro deles estava fraco, mas aquele mais afastado. Mais recente que aqueles dois, mais acabado que aqueles dois... familiar.

Aquele corpo era familiar pra Sarah. Ela tremeu, mas logo procurou se acalmar. Devem ter merecido, devem ter merecido sim...

Tinham que ter merecido porque se não talvez ela fosse a próxima.

Alucard entrou no castelo com ela e suspirou. Sarah estava encolhida de novo, mas olhava pra tudo, analisava cada coisa que tivesse por ali para tentar esquecer o que viu lá fora. Tapetes vermelhos, uma escadaria enorme, uma pilastra diferente das outras, como se um martelo tivesse batido ali, um martelo pesado e longo...

Alucard não parava de andar e ela não podia ir até os lugares, explorar todo aquele imenso castelo. Será que um dia ela poderia ? Ela conseguiria andar de novo, sozinha ? Essas queimaduras... vão sarar algum dia ?

Ele começou a subir a escadaria que para Sarah parecia ser infinita e realmente, demoraram para chegar em um dos vários corredores que passaram. Ele abriu a porta e Sarah quase se segurou nele de novo. Era um quarto bem estranho, escuro, em alguns lugares destruído pelo mesmo martelo ?

As Últimas BelmontsOnde histórias criam vida. Descubra agora