Capítulo 1

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Atenas, Grécia, 2015.

Kira corria desesperada pela mata, já com a respiração difícil, sentindo como se algo estivesse entalado na sua garganta, impedindo-a de puxar o fôlego.

Cachorros... Cachorros selvagens haviam atacado e havia um homem que pôde ouvir sua risada e falou algo zombando dela, mas já não conseguia lembrar o que, exatamente, ele havia dito.

Quando Olie, seu cão-guia, um adorável e dócil labrador cor de caramelo, avançou sobre os cachorros para defendê-la, Kira soltou a guia, e com isso perdeu completamente o seu senso de orientação e de que lado ficava sua casa e a avenida asfaltada.

Se corresse sem rumo estaria em perigo; porém, se ficasse e esperasse, aqueles cachorros iam mordê-la ou, pior, matá-la.

Então, ela apenas começou a correr.

— Olie! — gritou.

Ela ouviu um rosnado feroz, e logo após outro, que pareciam enraivecidos. Em seguida, um uivo, depois mais rosnados seguidos de risadas. Logo, ela reconheceu o latido de Olie e seu choramingo de dor e, então, ela ouviu outro uivo.

— Olie! — gritou com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Volte aqui, ceguinha. Vamos nos divertir. — Veio uma voz de homem no meio da mata, não muito distante dali.

Ela gemeu e começou a correr novamente, tropeçou em um galho e caiu, tentou levantar e sentiu algo lhe arranhar as pernas e as mãos, mas com dificuldade se levantou e foi tateando o ar para não se chocar em outra árvore de novo, porque achou que quase poderia ter quebrado o nariz da primeira vez.

Ela ofegou e continuou, tentando não soluçar, o que era quase impossível devido ao seu medo intenso, então começou a recitar alguma oração que sabia.

Kira ouviu barulhos vindos atrás dela e se desesperou. Fosse quem fosse que a estava perseguindo, estava muito perto e se a alcançasse não seria uma coisa boa.

Kira estava cansada, assustada e não tinha nenhuma ideia para que lado estava indo.

Havia sido uma péssima ideia ter ido à mata àquela hora, não se importando se era dia ou noite, pois, para ela, tudo era uma interminável escuridão, e Olie conhecia muito bem o caminho e nunca haviam se perdido. Mas, desta vez, ela não teve sorte ao se deparar com estes animais perversos, que nunca haviam existido ali antes. Suas terras não eram grande coisa, mas nunca nada de mal havia ocorrido ali. Até agora.

Ela ofegou quando ouviu um uivo vindo em sua direção, logo outro que parecia vir em sua frente. Parecia que a estavam rodeando e brincando com ela.

— Vamos, bonitinha, pare de correr. Seremos bonzinhos com você — disse uma voz rouca e horrorosa.

Ela gritou e correu ainda mais, porque não tinha conhecimento de onde estava enquanto continuava andando com passos incertos e rápidos, nem do Porsche prata que vinha do asfalto em sua direção.

Quando percebeu que a superfície do chão mudou e que havia saído da mata, não teve tempo de se orientar, somente sentiu o baque em sua lateral, que se rompeu, causando uma dor dilacerante através de seu corpo, antes de cair no chão.

Sua cabeça zuniu, ouviu o som de freadas e sua mente se apagou.

***

Após a aventura de caçar um bom restaurante em Atenas, observar os turistas passearem pelos monumentos espetaculares, tilintando flashes para registrar a belíssima cidade e ter como recordação a viagem de suas vidas, Erick e Petrus estavam voltando para a casa no litoral.

O DESPERTAR - Os Lobos de Ester - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora