Capítulo Um

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Os braços de sua mãe se projetaram como felinos, o segurando pelos ombros e afundando seu corpo claro contra o monte de água morna. As bolhas correram por suas pernas, estourando no ar segundos depois. Sem uma pausa sequer, ela empurrava seu rosto para baixo, lhe molhando a face e os cabelos enquanto a mão afoita esfregava os fios escuros com força, claramente com pressa.

— Que droga, mãe?!

— Olha essa língua, Izuna — resmungou, jogando mais água em suas costas, tirando parte do sabão. — Seu pai fez o favor de me avisar em cima da hora, você precisa se lavar direito. Teremos visitas.

Tentando se esgueirar das mãos nervosas e um tanto rígidas, Izuna queria desesperadamente saber qual o motivo da pressa. Mas a mãe não dava um segundo de brecha sequer, apenas o esfregava de cima abaixo, inclusive limpava em cima dos lugares que ele já havia esfregado. Como se fosse uma maldita criança.

Havia aturado silenciosamente aquela sessão de tortura durante os minutos seguintes, mas quando sua mãe se aproximou com o vestido tradicional mais pomposo que havia no armário, não aguentou mais.

— Para que isso?

— Você irá conhecer seu noivo hoje.

— O quê?! — berrou, dando passos para trás na mesma velocidade que o diabo foge da cruz. — Quem?

— Butsuma chegará em pouco tempo. — Puxou-o, enfiando a peça pela cabeça em um piscar de olhos, e no momento seguinte já se encontrava sentado na beirada da cama, com sua mãe escovando seus longos cabelos negros azulados. — E não se faça de bobo, você sabia que esse dia chegaria.

— Eu não achei que vocês estariam falando sério... — resmungou, os lábios inferiores se torcendo em um bico. — Quem é mesmo o noivo? — perguntou, apesar de saber a resposta.

— Tobirama.

Ao ouvir tal nome, sua pressão quase foi ao chão. O arrepio que o perpassou era o próprio agouro de morte. Madara já havia lhe contado sobre sua aparência, inteligência e táticas de batalha. O homem era um ogro. Ele era impecável na arte de matar, um imenso estrategista, além de grande e assustador — palavras de seu irmão. Sentia-se aterrorizado pela ideia de ser oferecido como trégua para um casamento com um homem desses. Além disso, havia o fator pênis ao quadrado nessa equação.

Como diabos ele contornaria essa história?!

Seus pais deviam estar totalmente fora de si, para fazê-lo crescer e se portar daquela forma, ao nível de casamento... Suspirando derrotado, olhou sua mãe. O brilho no olhar apesar da pressa demonstrava como estava interiormente feliz pela guerra finalmente cessar. Será que ela não via que isso seria um problema quando Tobirama retirasse seu quimono?

A ansiedade corria solta em seu interior, mas ainda assim permitiu que sua mãe lhe ajudasse a terminar de ser arrumar. Os cabelos uma vez secos foram devidamente penteados e adornados, a cabeleira solta batendo até as nádegas. O quimono cerimonial em tons claros e receptivos, o fizeram sentir-se uma prenda pendurada em uma barraca.

Sem contestar, caminhou até a sala — caminho tão comum, agora se mostrava uma estrada espinhenta, rumo ao seu abatedouro particular. Onde enfim sentou-se; seus pais, cada um em seu lado, mantinham a postura perfeita de um anfitrião. Quando batidas na porta se fizeram ouvir, Madara, seu irmão mais velho, levantou-se, abriu a porta e permitiu que Butsuma adentrasse ao lado da esposa e dos dois filhos.

O líder do clã da floresta e a esposa se curvaram, respeitosamente, antes de sentarem-se. Ao fazer isso, deram espaço para que os filhos o fizessem. Quem estava na frente era o mais velho, Hashirama Senju, um homem alto, de cabelos negros como o ébano, que batiam além da cintura, este se curvou, e então sorriu educado, antes de sentar-se do lado do pai. Em seguida o caminho ficou livre para que visse com clareza seu futuro noivo.

Lovers When It's ColdOnde histórias criam vida. Descubra agora