One of those days - Especial (se passa depois de Ojeriza)

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A batida na porta, somada com uma espiada rápida no relógio, mostrou a Tobirama exatamente o que ia acontecer. Seu irmão passou pela porta um segundo depois, apenas metade de seu corpo inclinado para dentro do escritório.

— Irmão, veja a hora. Está tarde. Vá para casa... Izuna deve estar lhe esperando.

Levantou o olhar, oferecendo um sorriso comedido.

— Prometo que já estou terminando isso aqui.

— Hoje é seu aniversário, pelo amor de Deus, tenha bom senso! — ele ralhou antes de sair e fazer questão de não fechar a porta.

Revirando os olhos, aproveitou a inconveniência de Hashirama para de fato tirar alguns minutos para respirar. Encarou os muitos papéis espelhados sobre sua larga mesa, vendo que havia mentido. Estava bem longe de terminar.

Coçando atrás da orelha, pensou qual decisão deveria tomar. Ir para casa agora e voltar mais cedo no dia seguinte, ou ir dali algumas horas, porém poder ficar na cama com sua família pela manhã... Decisão difícil.

Levantando-se, caminhou até a janela cujo vidro fechado o impedia de sentir frio. Deslumbrou a vila em que morava e regia, a maioria das casas agora tinham suas luzes apagadas, o que reforçava o quão tarde era. Fumaça saía pela maioria das chaminés, e o vago aroma de comida chegou ao seu nariz. Há quantas horas não se alimentava?

Desejou a comida de Izuna. Ele provavelmente tinha feito algum de seus pratos favoritos, talvez até uma panela bem grande do chocolate quente que tanto gostava. Sorrindo sozinho, não percebeu quanto tempo passou encarando a cidade, sonhando quase acordado com seu marido e seu filho que agora tinha três anos completos de idade. O garoto falava com destreza, apesar do vocabulário pouco vasto, além de conseguir fazer algumas coisas sozinho, como guardar os brinquedos ou vestir as roupas — ao contrário, é claro.

Suspirando, pensava em como tinha uma afortunada família quando seus devaneios foram interrompidos pelo chakra de sua falsa esposa. Não muito depois, o som de sapatos de salto atravessando o corredor do lado de fora também preencheu os espaços da sala vazia. Ao fundo, ele cumprimentou algum guarda que passava, batendo por cortesia em seguida em sua porta que ainda estava aberta tal qual seu irmão deixara.

Quando ele passou pela porta, resfolegou. Izuna vestia um quimono azul claro adornado por flores vermelhas, pretas e brancas. O cabelo estava preso em um coque alto, e nas orelhas havia um par de brincos longos e brilhantes. Sua boca estava pintada em um tom de rosa queimado, do mesmo tom de seus mamilos.

Ele mordeu a boca como sempre fazia quando estava nervoso, e então ao juntar coragem, ofereceu-lhe um sorriso radiante antes de fechar a porta, fazendo questão de virar a chave duas vezes. Estava pronto para falar algo quando o Uchiha levantou a mão, direcionando-as até os lábios, ordenando-o que se calasse.

— Hikaru está com meu irmão e Hashirama esta noite. E não, eles não irão matá-lo. Os três já estão muito bem acostumados a esta altura, Senju, não reclame!

Ia rebater de novo, mas ele o distraiu conforme virava de costas, checando a porta uma última vez antes dele apertar o interruptor da luz, inundando-os na penumbra.

— Você é muito mau. Me fez vir até aqui para trazer seu presente de aniversário...

A essa altura já havia se sentado em sua cadeira outra vez, a visão de Izuna profundamente feminino o fez não confiar mais na própria capacidade de ficar em pé.

— Não estou vendo presente algum — provocou.

Os olhos dele brilharam, seu sorriso deixando claro que havia comprado sua encenação. Dando o primeiro passo à frente, afastou-se da porta, começando o longo caminho que os separavam. Apoiando o peso do corpo no encosto da cadeira, seus braços estavam alocados nos suportes braçais.

Lovers When It's ColdOnde histórias criam vida. Descubra agora