Capítulo 1

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Mesmo após tanto tempo, ainda parecia inconcebível que Hashirama estivesse sentado naquela sala. Já havia feito quatro meses que as aulas começaram, e o moreno não conseguia digerir com precisão que seu ídolo, o antigo novelista, Madara Uchiha, fosse seu professor de Literatura.

Ocupando seu lugar na quinta fileira à esquerda, ele anotava todas as informações preciosas que saíam da boca do mais velho. Quando este fez uma pequena pausa para molhar a garganta, o Senju virou-se para a janela ao lado.

As árvores lá fora no campus ainda estavam secas, a coloração amarronzada enfeitando todo o ambiente. Hashirama podia sentir a madeira se preparando para daqui a alguns meses florescer suas belas pétalas e os presentear com aquele belo espetáculo rosado.

O Senju havia se apaixonado pela primavera aos doze anos, quando leu o primeiro livro de Madara. Ele falava sobre um romance entre um dragão poderoso que a cada século vinha na sua vila protegida reclamar sua noiva, uma humana que lhe renovaria seus poderes ao trocarem toques e juras embaixo de uma cerejeira.

Hashirama havia achado o livro perdido numa livraria, a capa gasta deixando claro que era usado. Foi como destino que ele tivesse dinheiro suficiente na mão, mesmo que isso tenha significado que ele não fosse comer até chegar em casa.

Ele não poderia se importar menos.

Saiu da loja como se estivesse carregando seu próprio coração. Quando chegou em casa, escondeu-se em seu quarto e devorou o livro até o amanhecer. No dia seguinte o releu com calma. E na semana seguinte também.

Os anos se passaram, ele conheceu mais algumas outras obras do Uchiha, mas aquela se mantinha a sua predileta. Vindo de uma família não muito flexível, precisou de muita garra para conseguir permissão de seguir seus desejos. Felizmente seu irmão havia intervindo e lhe ajudado a conseguir a tão querida aprovação.

Não sem antes, obviamente, dar uma garantia aos pais.

Ele havia perdido dois anos aprendendo o negócio da família, além de ter feito um pequeno intensivo em administração. Seus pais gerenciavam um hotel com um restaurante tradicional de elite. Muitos eventos e jantares privados eram dados lá, pois eles se empenharam em deixar tudo o mais próximo do período imperial.

Felizmente, agora, aos seus vinte e um, Hashirama finalmente havia conseguido entrar na faculdade que tanto almejava. Cursava produção textual, na vã esperança de um dia chegar ter seu trabalho no mesmo patamar de seu ídolo, talvez até conhecê-lo, quem sabe angariar dicas, trocar experiências talvez.

Ele sempre gostou de sonhar alto, mas nunca havia sequer cogitado que Madara fosse ser seu professor.

Quando entrou na sala pela primeira vez, quase engasgou.

Madara estava sentado escrevendo em uma agenda, os cabelos presos para trás, os óculos de grau lhe adornando o rosto chamou sua atenção na mesma hora. Mas nada havia sido mais impactante do que quando ele ergueu o queixo e lhe olhou nos olhos. Hashirama perdeu o fôlego.

A pele dele era lisa e parecia macia só de observar. Ele quase não tinha marcas de expressão, além de claro, o seu tamanho. Madara era alto, forte, robusto. Um homem de verdade, Hashirama pensou. A blusa social parecia apertada apesar dele não demonstrar desconforto algum. Talvez fosse o próprio tecido que sequer aguentava estar tocando a pele dele.

Madara lhe fitou sem muitos rodeios, indicando que arranjasse um bom lugar antes que os outros alunos chegassem. Sendo assim, Hashirama escolheu aquele.

Não que na faculdade fosse igual à escola onde tudo é demarcado, mas as pessoas tendem a seguir um padrão. E foi assim que ele ficou preso à grande janela, podendo observar o caminho de cerejeiras do campus de um lado, e do outro absorver tudo que Madara poderia lhe dar.

Falling BlossomsOnde histórias criam vida. Descubra agora