Without You

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A noite estava escura e minha vista embaçada... Não parava de chorar e tudo que eu via era o túmulo cavado na minha frente. Quanto mais terra eu jogava mais lágrimas caíam... Não conseguia entender como tudo estava tão confuso. Sentia meus pulmões gritarem e a única coisa que podia fazer era jogar mais e mais terra. Nada fazia sentido. A noite escura se perdia em meio a neblina acinzentada. O frio trepidava meus dentes e a lágrima salgada e quente era uma controvérsia iminente em meus pensamentos. Chorava tanto que gritava, gritava até não ter mais forças, caindo sobre os joelhos e começava a jogar a terra com as próprias mãos. Os dedos sujos de terra não incomodavam... Apenas a dor no peito. A vista escura fazia tudo parecer mais incessante. Com agonia gritava sobre aquela terra e parecia estar sendo observada de fora por mim mesma. Já que não conseguia entender o porque de tudo aquilo. Após muito esforço e relutância me aproximei do túmulo coberto apenas por aquela pouca terra. Estava muito escuro dentro e o fundo parecia impossível de enxergar. Quando me aproximei mais acabei caindo dentro em um buraco que nunca chegava ao chão. E continuava caindo e caindo e sempre caindo. 


- Sophie? - senti meu braço sendo puxado freneticamente. - Sophie, acorda! - Lilly segurava meu braço assustada e eu dei um pulo na cama quando a vi. Então lembrei que estava na casa dela.

- O que foi? - perguntei ainda meio zonza. - O que houve? - cocei os olhos.

- Você estava tendo um pesadelo. - ela parecia assustada, me sentei na cama pra a ver melhor. Ela estava com a mesma cara de quando a contei sobre tudo. Precisou de alguns minutos pra ela processar, mas acabou me apoiando o que me fez sentir um pouco mais leve. Apoio era tudo que mais precisava naquele momento e o que menos tinha. - Estava agitada e gritando. 

- Sonhei que estava caindo. - confessei com o olhar meio perdido ainda lembrando do sonho.

- Sophie... Sei que pediu pra não falar, mas o Aiden veio aqui atrás de você... Ele estava doido, com os olhos vermelhos... Parecia ter chorado. - falou realmente sentida e eu estava com tanta raiva que não a deixei concluir.

- Você não disse a ele que estou aqui, não é? - perguntei a cortando. 

- Não. - falou meio cabisbaixa. - Por mais que ache que vocês precisem conversar... Deu pena de ver ele daquele jeito, sabe?

- Eu fui vigiada todo esse tempo e a pessoa que eu mais confiava escondeu de mim. - falei sentindo as lágrimas começarem a brotar. - Ninguém tinha o direito, Lil.. Ninguém... Estou furiosa. - falei com raiva.

- Acho que devia ver isso então. - falou me mostrando no celular algumas reportagens. - Isso está no mundo todo. - arregalei os olhos. - E começaram todas ao mesmo tempo. Tempestades, terremotos... Todas só sessaram quando você parou a de ontem a noite. - coloquei a mão na boca tentando esconder minha expressão abismada.

- Não pode ser... - falei assustada. - Não pode ser Lil... Não fui eu. - falei desesperada.

- Também não quero acreditar que foi, mas são muitas coincidências.  - falou passando a mão em meus ombros. - Se acalma tá. - me abraçou. - Você só tem que aprender a se controlar... Por todos nós. To me sentindo em Harry Potter... Agora sim sou uma Weasley. - falou rindo e eu ri também mesmo não entendendo muito.


Eu deitei e ela deitou ao meu lado, passamos a noite conversando. Era muito bom ter uma amiga. Adormecemos quando o sol já estava raiando.

A Garota do LagoOnde histórias criam vida. Descubra agora