O caso da viúva precoce - Parte II

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Okay, tenho que admitir que desenterrar o Sr. Pulman não foi uma grande ideia! Afinal se alguém enterra o homem mais rico de Gales com todos os segredos dele junto certamente esta pessoa não deseja que ele seja retirado. Mas ele foi e seus segredos vieram à tona, saltaram para fora assim como seus órgãos que já não acomodavam seus lugares originais.

- Detetive Gump!

- Sim, senhor, delegado. - Respondi sorrindo ao lado do cadáver que cheirava a carne podre, segurando seu coração com a mão esquerda enquanto a direita estava ensopada de sangue.

- ENTRE NA CARRUAGEM AGORA! - Gritou o delegado.

Fui brutalmente pego por dois polícias que me levaram até a carruagem do delegado, assim que cheguei fui arremessado para dentro e nenhuma outra palavra foi dirigida a mim novamente até chegarmos a delegacia. Eles abriram a porta da carruagem onde com caras nada satisfatórias puxaram-me pelo colarinho e levaram-me até a sala do delegado que entrou logo após.

- Em que raios estava pensando? - Sussurrou o delegado quase tendo um ataque de nervos.

- Fique calmo ou vai acabar assim como o Sr. Pulman. - Disse zombando do delegado - Vai acabar na terra dos pés juntos - Acrescentei começando a gargalhar.

O delegado veio para cima de mim acertando meu pescoço e chacoalhando minha cabeça para frente e para trás repetidas vezes, enquanto fazia isso gritava cada vez mais alto:

- VOCÊ É MEU MELHOR DETETIVE MAS ISSO NÃO LHE DÁ O DIREITO DE DESENTERRAR UM MORTO E ABRIR ELE EM PLENA MADRUGADA! E ALÉM DE TUDO ISSO INTERROMPER MEU SONO E TRAZER TORMENTOS PARA MINHA CABEÇA NO MEIO DA NOITE.

- Espere! ESPERE! PARE! - Gritei o fazendo parar - Foi homicídio!

- Foi morte natural! - Retrucou o delegado.

- HOMICÍDIO! - Gritei percebendo depois que estava gritando com meu chefe, repentinamente abaixei o tom - Senhor. Com toda e absoluta certeza posso provar ter sido homicídio, só preciso terminar minha autópsia.

- Terminar a autópsia, TERMINAR A AUTÓPSIA! EU LHE DIGO O QUE VOCÊ VAI TERMINAR. O SEU RELATÓRIO SOBRE A MORTE NATURAL DO SR. PULMAN E EU O QUERO AMANHÃ BEM CEDO NA MINHA MESA! - Gritou o delegado abrindo a porta e se retirando.

- HOMICÍDIO! - Gritei escutando sua voz longe gritando em resposta:

- MORTE NATURAL!

Mortos que morrem naturalmente não contém líquidos duvidosos em sua circulação sanguínea. Tudo parece caminhar para um crime friamente calculado e como sempre estou sozinho nesta investigação.

Homicídios podem ser acidentais, mas colocar veneno em uma bebida não me parece nem um pouco inocente. Chegando em meu apartamento fiz rapidamente o relatório, um dos piores já feito por mim tenho que admitir, assim que o finalizei comecei a encaixar as peças e tudo me levou a uma única suspeita, a Sra. Pulman!

No dia seguinte a autópsia completamente não autorizada cheguei cedo ao trabalho onde entreguei o relatório de meia página ao meu chefe.

- Detetive Gump quero lhe apresentar seu companheiro detetive Anthony Leguerd, ele acompanhará você durante seus expedientes. - Disse o delegado sendo interrompido por mim.

- Eu descubro um homicídio e ganho uma babá em troca? - Disse interrompendo o delegado.

- MORTE NATURAL! - Gritou o delegado respirando profundamente - Companheiro de expediente, isso foi a única coisa que pude fazer por você! Era isso ou rua. Agora nada de casos para você, tudo o que verá durante um bom tempo será papéis e um carimbo escrito caso encerrado que você irá utilizar em todos eles. Por falar em casos encerrados pode começar por este, "Sr. Pulman morte por causas naturais".

Charlie GumpOnde histórias criam vida. Descubra agora