"... I wanna drive you
Wild, wild, wild
I wanna love you
For miles and miles
We can go slow, we don't need to rush
I'll take the wheel, make you feel every touch
I wanna drive you
Wild, wild, wild..."
Ao cair da noite, Valentina estava de volta na pousada, depois de um banho quente e perfume espalhado por sua pele; escolheu uma roupa confortável. Um vestidinho de pano com estampas que mais pareciam marcas d'água de tão suaves; mas o vestido era azul e combinava com seus olhos. Escolheu um chinelo branco e pensou se deveria esperar Juliana no quarto ou na entrada da pousada; acabou decidindo pela cozinha, mas na metade do caminho da escada, encontrou a morena subindo em sua direção.
— Moça.
— Você vai realmente ficar me chamando de moça para sempre?
— Prefere que eu te chame de que?
Valentina não soube o que responder.
Juliana estava com uma roupa igualmente confortável, um short jeans surrado, uma regata branca e uma blusa de abotoar por cima, mas totalmente aberta, é claro, realçando seu decote generoso. A blusa dela era azul, combinando com a roupa de Valentina. Foi uma coincidência gostosa, a loira reparou.
— Estava indo lhe chamar, para saber se estava pronta...
— Estou.
— E está um diabo de bonita, moça.
Valentina sentiu as bochechas esquentando furtivamente.
— Não fale desta forma.
— Que forma?
— Elogiando—me.
— É apenas sinceridade. — Disse, sem deixar de sorrir. — Se fosse para elogiar a senhorita, escolheria palavras muito melhores.
— Como o que?
Juliana subiu um degrau em direção à Valentina, ficando apenas um abaixo dela. E a diferença de altura ficou ainda mais evidente. O calor emanava dela como uma força, e Valentina se viu tentada a mergulhar no fogo, momentaneamente.
— Você realmente quer saber?
Valentina queria, mas ficou em silêncio.
Juliana entendeu o silêncio e estendeu o braço para ela.
— Pensei em te trazer uma flor, mas ela iria morrer no caminho até a cidade.
— Desse jeito parece até que estamos em um encontro. — Disse, despretensiosamente; na verdade, as palavras escaparam de sua boca. — Quero dizer... — Embolou—se diante do nervosismo, e do sorriso que Juliana lhe direcionava. — Ora...
— Vamos, moça.
— Algum dia você vai parar de me chamar de moça?
— Quando eu puder lhe chamar de algo melhor, talvez.
Valentina piscou demoradamente.
Juliana a conduziu até a moto, em silêncio. E em silêncio, foram o caminho todo até a pizzaria; com Valentina abraçando Juliana — mais do que era necessário — e Juliana sorrindo ao sentir as mãos quentes quase tocando por baixo de sua regata.
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WILD | Juliantina | SHORT FIC
RomanceHá sentimentos tão selvagens que nem o tempo contado pode segurar.