Capítulo 2

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"... I wanna drive you

Wild, wild, wild

I wanna love you

For miles and miles

We can go slow, we don't need to rush

I'll take the wheel, make you feel every touch

I wanna drive you

Wild, wild, wild..."


Ao cair da noite, Valentina estava de volta na pousada, depois de um banho quente e perfume espalhado por sua pele; escolheu uma roupa confortável. Um vestidinho de pano com estampas que mais pareciam marcas d'água de tão suaves; mas o vestido era azul e combinava com seus olhos. Escolheu um chinelo branco e pensou se deveria esperar Juliana no quarto ou na entrada da pousada; acabou decidindo pela cozinha, mas na metade do caminho da escada, encontrou a morena subindo em sua direção.

— Moça.

— Você vai realmente ficar me chamando de moça para sempre?

— Prefere que eu te chame de que?

Valentina não soube o que responder.

Juliana estava com uma roupa igualmente confortável, um short jeans surrado, uma regata branca e uma blusa de abotoar por cima, mas totalmente aberta, é claro, realçando seu decote generoso. A blusa dela era azul, combinando com a roupa de Valentina. Foi uma coincidência gostosa, a loira reparou.

— Estava indo lhe chamar, para saber se estava pronta...

— Estou.

— E está um diabo de bonita, moça.

Valentina sentiu as bochechas esquentando furtivamente.

— Não fale desta forma.

— Que forma?

— Elogiando—me.

— É apenas sinceridade. — Disse, sem deixar de sorrir. — Se fosse para elogiar a senhorita, escolheria palavras muito melhores.

— Como o que?

Juliana subiu um degrau em direção à Valentina, ficando apenas um abaixo dela. E a diferença de altura ficou ainda mais evidente. O calor emanava dela como uma força, e Valentina se viu tentada a mergulhar no fogo, momentaneamente.

— Você realmente quer saber?

Valentina queria, mas ficou em silêncio.

Juliana entendeu o silêncio e estendeu o braço para ela.

— Pensei em te trazer uma flor, mas ela iria morrer no caminho até a cidade.

— Desse jeito parece até que estamos em um encontro. — Disse, despretensiosamente; na verdade, as palavras escaparam de sua boca. — Quero dizer... — Embolou—se diante do nervosismo, e do sorriso que Juliana lhe direcionava. — Ora...

— Vamos, moça.

— Algum dia você vai parar de me chamar de moça?

— Quando eu puder lhe chamar de algo melhor, talvez.

Valentina piscou demoradamente.

Juliana a conduziu até a moto, em silêncio. E em silêncio, foram o caminho todo até a pizzaria; com Valentina abraçando Juliana — mais do que era necessário — e Juliana sorrindo ao sentir as mãos quentes quase tocando por baixo de sua regata.

WILD | Juliantina | SHORT FICOnde histórias criam vida. Descubra agora