Capítulo 4

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I wanna drive you

Wild, wild, wild

I wanna love you

For miles and miles

We can go slow, we don't need to rush

I'll take the wheel, make you feel every touch

I wanna drive you

Wild, wild, wild



Juliana a amava.

Era tudo o que Valentina conseguia pensar enquanto estava deitada em sua cama; no maldito desconforto sem o calor da morena. Juliana a amava. Havia dito, com todas as letras, mais de uma vez. Gritara em seu rosto, praticamente. Não havia duvidas, então? Claro que sim. Valentina não poderia dizer que não estava surpresa com a confissão dos sentimentos da morena, afinal, nunca imaginou que ouviria. Apesar de já ter sonhado com a ocasião.

E um casamento.

E uma casa na praia.

A loira se revirou na cama, abraçando o travesseiro que não lhe dava nem a mais falsa das sensações de que poderia estar abraçando quem queria abraçar. Moveu—se para ficar de frente para a janela, encarando a escuridão da noite. Pensou que Juliana deveria estar dormindo em seu quarto, ou cuidando dos ferimentos em sua mão.

De qualquer forma, queria estar com ela.

Mas havia fugido de forma covarde, pelo simples fato de ter medo das sensações. E do fim delas. E se Juliana parasse de lhe amar? O que poderia fazer? E se o verão chegasse ao final? Não era como se pudesse simplesmente ignorar seus pais para o resto da vida. Mas também precisava do controle de sua vida.

E queria uma vida com Juliana.

Era simples, fácil. Elas se encaixavam, se complementavam. A morena era como entrar no mar em dia de verão; exatamente o que Valentina precisava e almejava. De todo o controle que seus pais sempre exerceram sobre seus atos e sentimentos, com Juliana, Valentina era livre. Podia amar, gritar, chorar, o que fosse. A morena sempre estava ali. Disposta.

Era curioso pensar que passara anos de sua vida sem noção das sensações mais simples entre dois corações, e havia descoberto enquanto fugia de um casamento. Ela não queria nem sonhar com casamento quando havia chegado ali, e estava pensando que casaria com Juliana sem pestanejar. Passaria o resto da vida com ela.

Isso era amor, não era?

Enquanto Valentina ponderava em sua cama, Juliana estava sentada na sua. Enrolando a gaze na mão machucada, para depois enrolar na outra. Havia perdido a cabeça, malditos sentimentos. Praguejou contra si mesma. Mas de qualquer forma, já havia dito tudo o que podia para Valentina, e se recusava a pedir desculpas por ter socado um homem que certamente faria mal à loira.

Mordeu a gaze para cortar o pedaço e terminou — de forma deprimente — o primeiro curativo. O sangue coagulado começava a deixar de ser coagulado enquanto ela apertava; talvez a dor física fosse melhor do que a que sentia naquele momento. E enquanto o sangue manchava a gaze, a morena suspirou profundamente.

Havia estragado tudo e não sabia como fazer para arrumar.

Não sabia nem o que fazia feito de errado.

Achava que ela e Valentina estavam com os mesmos sentimentos, na mesma página; e talvez esse fosse o problema. A loira demonstrava muito, mas nunca havia falado nada de fato. No caso, não as mesmas palavras de Juliana. E provavelmente era isso.

WILD | Juliantina | SHORT FICOnde histórias criam vida. Descubra agora