Capítulo IV - Chegando à Tempo

27 9 6
                                    

Penína matou a sede e tampou seu cantil poupando para mais tarde, os outros aguardavam ansiosos o retorno de Makut quando este saiu repentinamente da entrada entre as pedras, Tar-Rúl apontou a espada curta em reflexo. – Ainda bem que é você. – ele disse aliviado guardando a espada. Nívea abaixou seu arco curto também.

E Makut disse, ainda agitado: – Estão fazendo experimentos horríveis lá. Eu vi eles fazendo um tipo de cadáver ambulante bem diferente daquele que vimos a seis anos atrás.

– Diferente como? – perguntou Tar-Rúl.

– Mas e o tesouro? – perguntou Thorud.

– Se o dragão guardava o tesouro lá, já levaram, ou tá bem escondido. Lá eu só vi um busto de ouro mais alto que eu, só isso.

– Qualquer coisa é mais alta que você Makut. – fala Thorud aos risos. – Menos a Penína.

E Nívea fala: – Makut, está dizendo que estão fazendo necromancia no covil que era do Malzazy?

– Isso mesmo, foi o que eu vi. Eu só vi uma das câmaras, num deu pra explorar o covil. Tinha três homens lá, creio que sejam magos. O morto que levantou num era igual o que nós vimos naquela caverna, este andava igual um homem vivo. Ouvi eles dizendo que iam fazer uns testes com ferramentas, queriam ver como ele usava elas.

– O que acha Nívea? – indagou Penína.

– Bem, acho que aqueles mortos andantes que vimos naquela vez eram um experimento. Este que o Makut viu até manipula objetos. Onde isso vai parar? – fala Nívea. Todos olham preocupados.

– Já sabemos mais que qualquer mago da Ordem sobre isso. – disse Tar-Rúl. – Melhor voltarmos pra Na'ar logo e avisar a Seleva.

E Penína fala: – Nos dias antigos a necromancia era uma arte conhecida apenas pelos dragões cinzentos. Só eles podiam animar um corpo, nem os ritabilú que sabiam como se comunicar com os mortos se atreviam a estas práticas. E agora tem homens usando este conhecimento proibido.

Makut desamarrou seu pônei da árvore e montou nele. – Ocês vão ficar aí até quando? Até a próxima tempestade de areia? – ele perguntou impaciente.

Nívea apontou a varinha para as cordas, dizendo: – Anima Chordys. – e os nós delas se desataram. Então disse: – Vamos.

Todos montaram e seguiram no sentido oeste.

Pouco após o anoitecer, quando seguiam pela estrada de terra, notaram que alguém os seguia vindo do leste. Cavalgava rápido. Os cinco mudaram de formação, Nívea sacou a varinha enquanto ia pra retaguarda. Penína no meio, e Thorud na frente. Foram diminuindo o ritmo até parar de vez. Observavam atentos quem se aproximava.

– Alguém vem do norte. – disse Tar-Rúl, todos viram mais um cavaleiro vindo a galope. E assim como o primeiro, levantava um rastro de poeira.

– Aonde vocês vão com tanta pressa? – perguntou Darroth. Todos se assustaram ao verem que o terceiro cavaleiro estava perto deles, e nem o viram chegar.

Nívea apontou a varinha na direção dele, Makut e Tar-Rúl fizeram o mesmo com suas espadas, enquanto Penína sacava seu cetro focada nos dois que se aproximavam. Tanto os cinco quanto Darroth estavam no lombo de cavalos.

– Um de vocês entrou aonde não devia e viu mais do que devia. – disse Darroth. – Vocês podem entregá-lo e deixamos vocês em paz.

– Mande seus homens pararem! – ordenou Nívea.

– Parar? Ah, claro. – falou Darroth com um sorriso cínico. Ele ergueu o braço enquanto fitava o cavalo de Nívea que empinou de repente derrubando-a no chão.

Vendo isso Tar-Rúl investiu furioso contra Darroth, mas uma mão de areia emergiu do chão atingindo o cavalo do anão, ambos caíram no chão. Penína sentiu o poder irradiando dos três antes do ataque feroz. Um instante antes de ser atingida sua mente chamou: Seleva!

Longe dali Seleva sentiu um calor pulsar pelo peito e a voz de Penína em sua mente. A imagem de três homens lampejou em sua mente, e com a visão veio a tensão do confronto. – Estão em perigo. – pensou Seleva. Então deslizou a própria garra na parede riscando uma linha, fez uma segunda linha, as duas se uniam no alto da parede, formando o desenho de uma porta ogival. Seleva saltou contra a parede atravessando-a como se não fosse feita de matéria, como se a parede lhe ligasse a outro local.

Seleva emergiu da areia, perto da estrada. Viu os cinco no chão, rendidos por três homens de manto. Os mesmos da visão que tivera. Dois apontavam varinhas para o grupo, o careca era o único de cajado. Logo os três a perceberam e a encararam.

Raed apontou sua varinha com ódio no olhar, um raio vermelho saiu dela, mas ricocheteou com o movimento do braço de Seleva, desviando antes de atingi-la. O choque das magias foi tão forte que liberou uma onda de vento. Os cinco sentiram que conseguiam se mover e levantaram rapidamente. Raed e Gilad tentaram detê-los, mas uma muralha de areia se ergueu, apenas com o olhar de Seleva, protegendo os cinco.

– Vocês cinco, dêem o fora daqui agora! – gritou Seleva enquanto encarava Darroth e os outros.

– Você vai se arrepender ter vindo aqui mulher. – disse Darroth enquanto a encarava.

– Não. – ela respondeu. – Vocês é quem vão se arrepender de não fugir de mim.

Rapidamente o corpo de Seleva se expandiu enquanto assumia uma postura quadrúpede, pernas e braços tornaram-se maiores, cada membro com quatro falanges que terminavam em garras afiadas, seu pescoço se alongou por dois metros, terminando numa cabeça reptiliana, sem chifres nem espinhos, de focinho alongado e uma boca repleta de dentes do tamanho de adagas. De suas costas irrompeu um par de asas de couro, contornada pelo osso da asa. Sua cauda era longa e serpenteante, grossa como a cintura de um homem. Seu corpo era coberto de escamas ovais, partes em tons âmbar e outras, alaranjadas. Da pata dianteira até o topo da cabeça beirava os seis metros e a envergadura era uns vinte.

Raed e Gilad encararam atemorizados a fera enquanto Darroth se manteve inexpressivo.

Seleva, agora em sua verdadeira forma, olhava impiedosa os três inimigos.

Os cinco cavalgavam se afastando cada vez mais, os pensamentos divididos entre voltar pra ajudar Seleva ou seguir como ela orientara.

___________________________________________________________

Obrigado por ler, VOTE, COMENTE E COMPARTILHE.

Guerras Draconicas - Canção da AreiaOnde histórias criam vida. Descubra agora