Sensações.

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Último dia de aula.

Eu estava alegre, feliz e satisfeito. Finalmente as minhas preciosas férias haviam chegado. Eu não aguentava mais ir à escola, era uma tortura estar no último ano do ensino médio e ter que ver cada dia passar lentamente dentro daquele inferno.

Nada iria me parar. Eu estava pronto para passar horas e horas jogando vídeo game, vendo filmes e com certeza saindo com meus amigos.

As pessoas sempre me disseram que meu estilo era único. Que eu sempre usava as mesmas bermudas, as mesmas camisas extremamente largas, as mesmas meias cano médio e os mesmos tênis. Eu não podia fazer nada se aquele era o meu jeito, apesar da minha pessoa nunca parar para notar esse tipo de detalhe em mim mesmo.

- Youngjae! – Minha mãe gritou assim que me viu subindo as escadas correndo. – Venha aqui! Você precisa tomar seu remédio!

Bufei, descendo novamente os degraus.

- Mãe, acho que não preciso mais tomar essas coisas! – Segurei o remédio tarja preta que eu tomava... bem... desde que me entendia por gente.

- JaeJae, sabe que não é assim que funciona! – Ela sorriu colocando um tabuleiro de lasanha na mesa.

- Mas eu nunca mais tive nenhum problema! – Abri o remédio, ainda querendo o evitar.

- E quem você acha que ajudou você a perder todos aqueles problemas, filho? – Minha mãe se aproximou de mim, esperando uma resposta.

Olhei para a cápsula que eu deveria tomar.

- O remédio... – Revirei os olhos, logo engolindo o meu medicamento.

- Exatamente! – Ela beijou minha cabeça. – Agora coma! Vou me ajeitar para o trabalho.

Sorri com o beijo que recebi.

Enrolei para pegar a comida. Passei alguns minutos mexendo no celular, checando coisas inúteis como o Instagram das pessoas da minha cidade.

- Quem ele acha que é esbanjando essas riquezas? – Resmunguei olhando para a tela do celular. – Ridículo!

- JaeJae, vou sair! – Minha mãe falou, logo fechando a porta.

- Ok... – Falei baixo, ainda olhando o celular.

Decidi comer, afinal, o último dia de aula havia sido cansativo e irritante, sendo assim, eu merecia uma comida descente no final do dia.

Comi sozinho na mesa da sala.

Eu gostava de ficar em paz dentro de casa, era satisfatório. Quando meu pai se separou da minha mãe, tive que aprender a me virar, já que a mesma trabalhava por dois para me sustentar. Apesar de tudo, eu nunca estive realmente sozinho.

Muitas vezes eu me encontrava rodeado de duas ou mais pessoas. No início, eu apenas ouvia, até que comecei a ter contato visual com eles. Não, não eram fantasmas... bom, pelo menos não na minha cabeça.

Minha família achava que eu era maluco ou até mesmo médium. Minha mãe morria de medo de me ver conversando com seres que ela não conseguia enxergar, mas eles nunca me fizeram mal. Comecei o tratamento e fui diagnosticado com esquizofrenia paranoide. Basicamente, eu costumava ter alucinações e delírios, mas não eram tão perturbadores assim.

Depois dos remédios, tudo foi mudando e eu praticamente não via mais nenhum dos meus companheiros de casa. Às vezes me perguntava porque eles apareciam para mim... mas acho que isso seria um mistério para sempre.

Meu celular vibrou.

Acordei do meu transe e chequei a mensagem.

"Youngjae! Estou me convidando para sua casa, estaremos aí daqui a alguns minutos. " – Bambam.

Perdido.Onde histórias criam vida. Descubra agora