Quem é você?

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Dez da noite.

Eu estava acordado.

Estava fuçando as redes sociais enquanto estava jogado na cama, pensando se deveria ir até o banheiro escovar os dentes ou fingir que já havia escovado.

Afinal, ninguém saberia.

- Eu não consigo. – Bufei, me levantando e me arrastando até o meu banheiro.

Lavei o rosto e comecei o processo chato de colocar a pasta na escova, ligar a torneira, molhar a pasta, desligar a torneira e aí sim, escovar os dentes. Enquanto escovava os dentes, me mantive focado no meu próprio reflexo.

Senti um calafrio, como se não estivesse sozinho no banheiro.

- Youngjae, calma, não é nada, você tomou o remédio... – Pensei.

A sensação agoniante não ia embora, então comecei a me apressar.

" Youngjae... "

Um sussurro.

Um sussurro claro no meu ouvido esquerdo.

Meu corpo arrepiou da cabeça aos pés.

- Foda-se. – Falei alto, cuspindo a espuma da boca e correndo para a cama.

Não sei como, mas parei na cama em questão de segundos. O pulo que dei foi tão forte que a cama fez um estalo alto, o que me fez pensar que talvez eu tivesse quebrado algo nela.

Catei meus fones de ouvido e aumentei o volume do celular no máximo. Coloquei "Better Now" do Post Malone bem alto, estourando os graves, enquanto eu me cobria dos pés à cabeça rezava para nada acontecer.

- Por favor, eu não quero mais isso, eu não quero mais isso... – Apertei os olhos e implorei a qualquer ser sagrado que pudesse me ajudar.

Fiz isso por muito tempo, sendo assim, acabei pegando no sono.

Abri os olhos de súbito.

Tudo que eu via era o pano branco em meu rosto. Pelo que eu consegui observar pelo clima do quarto, ainda estava a noite. O quarto estava gelado, como se alguém tivesse escancarado a minha janela.

Fui checar meu celular, que por sinal ainda estava tocando música, agora tocava "Daddy Issues" do The Neighbourhood. Com os olhos cerrados por conta da luz do celular eu pude visualizar as horas.

- de brincadeira? – Falei para mim mesmo.

Eram três e meia. Maldita hora.

Eu tentei pegar no sono novamente, mas meu corpo implorava ar fresco. Eu suava em todos os lugares possíveis por conta do pano quente em cima de mim durante horas. Decidi fechar os olhos e tirar o pano. Ainda de olhos fechados me sentei na cama e passei a mão pelos cabelos que estavam molhados de suor.

- Você consegue. – Falei para mim mesmo.

Tentei tirar a camisa com os olhos fechados. Me embolei um pouco, mas acabei conseguindo.

Por algum motivo eu decidi abrir os olhos para olhar para o meu quarto.

Péssima ideia.

Quando abri os olhos lentamente, a primeira coisa que vi foi a janela aberta com as cortinas balançando e um garoto sentado (praticamente escorado) de forma largada na minha escrivaninha, fuçando meus livros.

Ele me olhou, dando um sorrisinho debochado.

- Achei que não iria acordar nunca. – O mesmo continuou a sorrir.

Perdido.Onde histórias criam vida. Descubra agora