nadrív

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Não sei dizer exatamente quanto demorou para que a carta chegasse. Eu me dissociei do mundo assim que consegui quebrar o bloqueio de Taehyung usando o número de celular do irmão de Jungkook e questionei por mensagens seus motivos para aquilo tudo. A resposta fora dura.

Kim Taehyung conhecia todos os meus pontos em carne viva e fez questão de morder sem dó cada um deles.

Me tornei difícil de lidar de um jeito diferente do que sempre temera.

Estranhei a comida, ou não ingerindo mais que duas porções ou vomitando. Tive febre. Emagreci. Deixei Jungkook apavorado - ainda que ele nunca vá me dizer.

E então veio a porcaria da carta.

Não sei qual minha reação física a ela, só lembro da sensação. Como mencionei, Taehyung é capaz de incitar o pior em mim.

E ele assim o fez.

Me tornei podre em cada mínima avaliação do meu em torno, nuances etéreas de um sentimento ruim manchando cada possível gesto de autoindulgência.

E seria injusto atribuir a Jungkook a responsabilidade de me salvar. Leguei a ele meu corpo, deixando que me fizesse companhia quando caía no choro, que suas palmas viessem para meu pescoço e seus polegares me acariciassem a nuca, me incitando devagar a murmurar sequências aleatórias em japonês, em russo, em grego, na língua que precisasse. Jungkook cozinhou para mim, segurou minha mão, me empurrou para o chuveiro quando minha temperatura começou a se elevar de forma perigosa.

Mas não deveria recair sobre ele a faina de me lembrar dos motivos pelos quais sinto orgulho de ainda estar aqui e ser Park Jimin.

Taehyung é problema meu. Assim como todos os fantasmas do meu passado são.

O problema é que meu namorado leu a carta. Ela fora endereçada a ele.

Meu Jungkook descobriu por ela parte de tudo que nunca fui capaz de verbalizar a meu respeito. Tae até mesmo isso me tirou, o direito de um dia confiar em mim para pedir ajuda a outra pessoa.

venere tracce 🖌️ jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora