Acordo, levanto, tomo meu remédio, me arrumo para o trabalho. O de sempre. Coloco uma música para tocar nos fones de ouvido e vou tomar café. Evito diálogos pífios com meus pais, já que eles só vão falar mal de mim. A música é calma e isso deixa o clima menos tenso, o café amargo da um sentimento bom o ar parece ter cor cinza claro - parece que vai chover. Um dia perfeito para esse tipo de música.
Começou a ficar quente. Tiro a blusa e a coloco na cadeira. A música está mais alegre e mesmo estando em outra língua eu sei a letra; é triste e amarga. O ar está num cinza um pouco mais escuro. O trabalho estressa e a música me faz colocar a cabeça no lugar.
Finalmente estou indo para casa. O caminho para casa é a melhor parte do meu dia pois posso escolher o caminho que eu quero e ouvir música me distraindo com tudo. Um leve sentimento de liberdade, de ter uma escolha válida. Acho que é loucura minha. A música é calma, letra triste, isso faz eu esquecer que o mundo tem alguma cor e isso me relaxa, pois, naquele momento, não preciso me preocupar com nada, já que eu estou andando sozinho na rua. Porém, me deixa ansioso, já que quando eu chegar em casa vou ter que lidar com isso, o que acaba resultando num "eu" dançando e cantando pela rua.
Por esse caminho penso em coisas impossíveis, como ter o emprego dos meus sonhos, ou viajar pelo mundo. Todavia, sonhos são anjos que terão suas asas cortadas pela vida.
Cheguei em casa, entrei no meu quarto, tranquei a porta e me deitei. Finalmente sozinho no escuro. A música é lenta, a letra mais triste do que qualquer uma. Me cubro com o cobertor e, naquela escuridão, posso ir dormir para amanhã refazer esse dia monótono. De novo e de novo.
