Capítulo V

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— Chega, Júlia! — eu a interrompi em um tom mais alto. Não estava acreditando que ela estava me dizendo tudo aquilo. Como ela era muito sedutora, não tive certeza de que sua declaração condizia com a verdade. Talvez ela só quisesse ter mais uma aventura antes de se casar. Ela só pode estar querendo me enlouquecer! — Você não tem direito de me dizer esse tipo de coisa!

— Por quê?! Tenho direito sim de abrir meu coração! Aliás, nunca fui tão sincera com alguém antes!

— Meu Deus, Júlia! Para! Isso não podia estar acontecendo! — falei completamente aturdida e ensaiei me levantar.

Ela me segurou no braço de leve e pediu com a voz suave:

— Espera... não vai embora, por favor!

Naquele momento, enxerguei algo de diferente no olhar de Júlia. Ele não exalava sedução como o de costume. Seus olhos traduziam uma meiguice nunca antes vista por mim. Sua afabilidade no olhar fez com que eu acabasse atendendo seu pedido. E foi esse o meu erro, porque, quando eu fechei os olhos para respirar fundo, senti as suas mãos me segurarem o rosto, enquanto escutava sua voz macia murmurar:

— Senti tanta falta da tua boca...

Sem ter tempo de reagir, se é que eu iria conseguir ter alguma reação, senti seus lábios tocarem os meus. E, saborear a maciez da sua boca e da sua língua novamente me fez ter o corpo todo tomado pelo tesão. Enquanto nossas bocas se exploravam com um ardor sem tamanho, senti uma de suas mãos deslizar da minha nuca até um dos meus seios. Ela estacionou ali e o apalpou com a pressão perfeita, me fazendo dar um gemido abafado em sua boca.

No entanto, ela não se demorou nesse contato sensual. Continuou descendo pela minha barriga e alcançou minha intimidade, já tão ansiosa pelos seus toques lascivos. Dessa vez, o gemido abafado foi mais audível, porque meu corpo vibrou ainda mais de tesão. Por alguns instantes, ela ficou me tocando por cima da calça de tecido que eu vestia, o que me fez umedecer cada vez mais. Logo a seguir, senti sua mão adentrando bem devagar por dentro da minha calça e detendo-se no meu sexo.

Não tive mais como fugir. Estava entregue às carícias de Júlia e o que me restou foi fechar os olhos e me deleitar com a sensação indescritível de tê-la me tocando a intimidade. Permaneceu com o contato íntimo e libidinoso o tempo necessário para me arrancar do ventre um orgasmo enérgico e demorado.

Depois que soube do casamento de Júlia, jamais imaginei que fosse sentir prazer daquela intensidade outra vez, porque somente ela me fazia senti-lo daquela forma e eu pensava que nunca mais nos envolveríamos de novo. Cheguei a uma péssima conclusão: Júlia era a verdadeira dona do meu prazer e isso me angustiou, posto que tinha um relacionamento com Fernando e não com ela. Pensei que nunca mais a  fosse senti-la em mim novamente.

Logo que descerrei os olhos, dei-me conta do quão errado era ter deixado aquilo acontecer outra vez e, de um súbito, levantei. Saí correndo completamente assustada, sem dizer uma palavra sequer a ela. Depois de correr para me afastar dela o mais rápido possível, diminui a velocidade e passei a andar mais devagar, pois não poderia chegar ofegante onde estava o restante do grupo. Encontrei na parte coberta apenas Oscar, Ana e Anita ainda conversando com o responsável pelo lugar. Ao me juntar a eles, perguntei a Ana:

— Onde está o Fernando?

— Foi ao banheiro... E, você, onde estava?

— Fui conhecer o lugar... Aproveitei pra fazer uma meditação...

— Não encontrou a Júlia? Ela saiu daqui também.

— Não. Eu não a vi. — menti para minha melhor amiga com o coração martelando de tão nervosa que estava.

A AFILHADAOnde histórias criam vida. Descubra agora