Capitulo Dois

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Olho para a camiseta larga que estou vestindo e tiro um pelo que estava grudado. A paisagem era repleta de casas germinadas de dois andares, com quintais espaçosos. Ao passar perto da universidade, era possível ver uma rua enorme e muitos adolescentes caminhando. Garotas com seus jeans skinny caros e garotos sem camisa. Era o clima de fraternidade que eu estava esperando.

Aceitar o convite de morar em uma irmandade não foi uma decisão fácil, mas depois de passar muito tempo refletindo, tive certeza de que não era uma das piores decisões da minha vida. Mudanças e recomeços sempre fáceis pra mim, aliás, fiz isso minha vida inteira. E eu estava mais que pronta para fazer da minha nova vida, a melhor de todas até agora.

Bom, eu sou só uma garota de dezenove anos que acaba de se mudar para chamada Watercity, a cidade em fase de crescimento que ficava a dez quilômetros de Manhattan- o que era perfeito, pois caso tudo desse errado, eu tinha a minha fuga preparada.

Muitos olham pra mim e veem a própria secretária do Diabo. Sou intimidadora no primeiro contato e mantenho essa impressão quando algo não me agrada. Não gosto de gente intrometida e não sei escutar coisas que não aprovo sem questionar. Esses são alguns dos defeitos que me fizeram mudar tantas vezes, não havia lugar que conseguia me segurar por muito tempo. Estava duvidando que esse seria o primeiro. Aliás, morar na mesma casa do que várias garotas não deve ser fácil, principalmente na era de TPM.

Mas enfim eu cheguei.

O taxista para o carro em frente a uma casa enorme de dois andares. Era muito bonita e bem cuidada. Suas paredes eram feitas de tijolos pintados de branco, dando uma aparência rustica e sofisticada para a irmandade. Geralmente, a grama do vizinho é sempre a mais verde, mas nesse caso, a grama dessa casa era a mais verde de todas, com certeza o pessoal aqui se preocupa com a impressão que causam. Tinham algumas garotas sentadas na varanda, estavam conversando e olhando para a minha direção, mas não estavam me vendo devido aos vidros blindados do taxista. As garotas pareciam estar tão ansiosas quanto eu. Era possível ver luzes coloridas brilhando de dentro da casa.

Bom, uma hora ou outra eu deveria sair do carro. Mas, algo estava me impedindo e isso estava nitidamente irritando o motorista.

Eu queria que fosse diferente, queria mesmo. Não queria que essas garotas com quem eu passaria no mínimo uns três anos da minha vida, me odiassem. Queria que gostassem de mim. Ou pelo menos, me suportassem e me deixassem ficar.

Eu realmente não teria como me virar em qualquer outro lugar. O salário que eu ganhava no meu antigo emprego pagava somente as contas necessárias, mas não sobrava nada para eu investir aqui e a bolsa de estudos que ganhei, não cobre moradia, então ou eu faço as coisas darem certo aqui, ou terei de dormir na rua.

- Não vai descer do carro, mocinha? - O motorista me olha e eu o encaro.

Tinha um rosto cheio de marcas de expressão e os cabelos ralos. Não era do tipo conversador, era um daqueles motoristas que só estão ali para te levar do ponto A para o B, com musiquinhas de elevador tocando bem baixinho. Admito que esse clima não foi o melhor para chegar na minha "nova vida", preferia um daqueles taxista que perguntam sobre mim e até mesmo dão conselhos, mas não podia exigir isso dele.

- Abre o porta-malas - percebo que fui rude, então decido usar um pouco da minha educação que resta.- Por favor...

Ele não disse nada, apenas saiu do carro no mesmo momento que eu, abriu o porta-malas e colocou minhas coisas de qualquer jeito no chão. Pago a corrida e jogo a mochila em meus ombros. Tenho mais duas malas de mão e as carrego com a força de vontade de uma tartaruga.

Estou sendo observada. Tem pelo menos quatro pares de olhos em mim. Quando eu subo as escadas e ando até a porta principal, uma garota se aproxima sorridente.

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2020 ⏰

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