• Prólogo •

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Prólogo

Aquele era o fim. O fim de tudo.

O fim do nosso relacionamento que nem chegou a existir, o fim da nossa amizade, o fim da Alpha Psi e o fim da minha felicidade também.

Se eu fosse uma pessoa fraca, ousaria  dizer que aquele era o fim da minha vida.

A cada minuto que passava, a casa ficava mais vazia. As garotas saíam com suas malas nas mãos e nem se quer olhavam para a minha cara. Nem Cloe e Hanna olharam para mim, mas pude perceber as lágrimas em seus olhos. Doeu demais vê-las partindo daquela maneira, mas era o melhor.

A convivência comigo era perigosa, pois era como se eu fosse uma bomba relógio, que estava prestes a explodir. Precisava tirar as pessoas de perto de mim o quanto antes, antes que fossem afetadas também.

— Então é isso? — Brenna questionou aos prantos enquanto descia as escadas, carregando com dificuldade a sua mala. Ela era a última garota. — Você realmente colocou um fim na Alpha Psi?

— Fui eu quem a fundei, Brenna. Ninguém melhor do que eu para colocar um fim e nós já conversamos sobre isso ontem. — Falei de forma fria, escondendo toda a dor que eu estava sentindo.

— Mas ontem eu estava brava demais para perceber a gravidade dessa decisão impulsiva que você tomou.

— Não foi uma decisão impulsiva, Brenna. Era apenas a peça que faltava, a qual eu não conseguia ver, mas depois do que você me disse, pude vê-la com clareza.

— Era só para eu ir embora, Stacy. Você não precisava expulsar todas as garotas.

Eu não entendia como ela conseguia falar comigo e aquilo estava me deixando furiosa. Seria muito mais simples se ela me odiasse e fosse embora sem me olhar, sem se despedir e sem me entupir de perguntas. Seria muito mais fácil se ela não se importasse.

— Eu arruinei a sua vida, Brenna. Eu fiz você perder tudo o que você tinha, fiz você ser obrigada a desistir do sonho da sua vida e essa sou eu! Sou uma pessoa má, por mais que eu tente ser boa. Eu não tenho controle sobre minhas ações e ao invés de melhorar, só pioro. Quando você falou que iria embora, meu coração se despedaçou só de pensar em não te ver mais, mas por outro lado eu fiquei aliviada, pois jamais eu te machucaria de novo. — Engoli em seco. — Foi nesse momento que eu percebi que o melhor seria todo mundo ir embora. — A morena chorou mais, a cada palavra que eu disse. Seu rosto estava inchado e seus lindos olhos celestes, estavam mais vermelhos do que nunca.

— E o que você vai fazer agora?

Eu não tinha ideia. Não tinha o que eu fazer.

— O meu plano é não machucar mais ninguém.

— Mas se você continuar SE machucando, Stacy, você não vai sobreviver. Você precisa de ajuda. Você precisa muito de ajuda, Stacy!

— Eu vou sobreviver, Brenna. Meu nome é Stacy Baker, se esqueceu? — Forcei um leve sorriso e me surpreendi com o seu corpo entrando em choque contra o meu, me abraçando fortemente. Por alguns segundos, toda aquela dor sumiu e a única coisa que eu conseguia pensar, era em nossos corpos colados e na capacidade que ele tinha de aquecer o meu coração.

Como eu queria beijá-la naquele momento.

— Você promete que vai ficar bem, Baker? Promete que vai me responder e que não vai simplesmente sumir da minha vida?

— Eu não entendo, Brenna... — Franzi a testa. — Como você pode querer que a pessoa que arruinou a sua vida, não suma dela? Se eu estivesse no seu lugar, gostaria de me ver em um caixão.

— Eu estou brava, estou muito brava. Desapontada também, mas... tem algo dentro de mim que me impede de te odiar, Stacy Baker. Você pode ser a garota mais vadia e idiota do mundo, mas eu não consigo odiar você. Te ver em um caixão me mataria de tristeza.

Ela não conseguia me odiar e eu não conseguia parar de amá-la.

— Por favor, Tacy, pare de usar aquelas coisas. Pare de se matar aos poucos. — Ela implorou e eu soltei uma leve risada, colocando as mãos nos bolsos.

— Prometo que vou tentar desativar a bomba relógio. — A morena riu entre o choro e antes que pudesse me responder, ouvimos a buzina do táxi. Era a hora de ela partir.

— Eu preciso ir. — Ela disse rapidamente e passou por mim, sem conseguir conter as lágrimas novamente. Ela andou tão rapidamente até o carro, que meu coração quase saiu pela boca, com receio de sua partida.

— Brenna! — Gritei antes que ela pudesse entrar no táxi e ela me olhou, com um olhar tão desamparado quanto o meu. — Seja feliz. Não olhe para trás! — Ela concordou com a cabeça e adentrou no veículo, fazendo exatamente o que eu lhe pedi: Não olhando para trás.

E aquilo doeu. Eu esperei que ela olhasse.

Quando o táxi virou a esquina e eu a perdi de vista, entrei em casa e fechei a porta com força, caindo sobre os meus joelhos e chorando descontroladamente. O choro que eu havia segurado durante dias. O choro por conta da dor que estava me matando por dentro.

Eu perdi tudo, inclusive o amor da minha vida.

A casa que costumava a ser cheia, agora está vazia.

Como que as coisas chegaram a esse ponto? Como eu deixei isso acontecer?

Tudo começou, no dia que ela chegou aqui.

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