Regra número 03: Sem Dormir Juntos Após o Sexo

1K 85 97
                                    

Eu perdi o juízo. Eu perdi completamente o juízo, fiquei louca e não estou mais raciocinando, do contrário não teria mandado uma mensagem para o Rogers dizendo que viesse me encontrar no meu apartamento.

Era sábado, nós nunca nos encontrávamos aos sábados, mas ele também nunca havia me mandado flores antes, nunca tínhamos tido uma conversa pessoal e eu nunca tinha questionado minha sanidade mental. O que é que esse garoto estava fazendo comigo? Antes que eu possa processar direito ou me arrepender mais ainda da minha decisão de convidá-lo para ir até ali, o interfone toca e eu respiro fundo antes de liberar a entrada de Steve.

Não demora muito tempo para que as batidas na porta me tirem dos meus devaneios e leva menos tempo ainda para que eu seja surpreendida com um sorriso lindo que por algum motivo fazia o imbecil do meu coração errar uma batida. Aquele sorriso que dava vontade de socar os dentes perfeitos, eu abro espaço para que ele entre em meu apartamento como vem fazendo rotineiramente nesses últimos meses, e observo o quão feliz ele fica ao ver as flores que me enviou enfeitando minha sala de estar.

- Então, você realmente gostou das flores – ele brinca ao se aproximar de mim, seu hálito tinha um leve cheiro de álcool, não que o mesmo estivesse bêbado, mas claramente não estava atoa em casa quando o convidei a vir até aqui.

- São minhas favoritas, obrigada – respondo ainda sem jeito.

Nunca fui fã de gestos grandiosos, era embaraçoso receber um grande buquê de flores no meio de uma reunião de trabalho, ou aqueles vídeos de pedidos de casamento super elaborados e espalhafatosos que a maioria acha fofo, mas só me faz querer morrer de tanta vergonha alheia. Entretanto, eu estaria mentindo se dissesse que não tinha gostado das flores que ele me enviou.

- Mas não deveria ter gastado dinheiro com elas, flores são caras, principalmente nessa quantidade – observo ele revirar os olhos, mas não parece surpreso com minha reprimenda.

- Como eu disse ontem, minha amiga é dona de uma floricultura e me devia um favor – ele dar de ombros e começa a se aproximar, a palma de sua mão fazendo carinho em meu rosto despertava todas as minhas terminações nervosas – Eu fiquei surpreso quando recebi sua mensagem.

- Eu fiquei surpresa quando recebi suas flores – murmuro, mas sei que ele escutou.

Ainda com resquício de um sorriso em seus lábios ele me beija. Era doce, suave, carinhoso, sem pressa, como se ele tivesse todo o tempo do mundo para isso, como se me idolatrasse. Era uma das coisas que eu tinha medo do que Steve me fazia sentir. Tinha medo de acabar saindo magoada dessa situação. As regras não serviam para evitar que ele se apaixonasse ou se aproximasse mais de mim, as regras eram para que eu não saísse muito machucada de tudo isso, para que eu não me apegasse e de repente ele percebesse que não era isso que queria para a vida dele, quando ele percebesse que aquilo não passava de admiração pela chefe.

O beijo foi ficando mais urgente, e antes que eu percebesse, o mesmo já me carregava no colo a caminho do quarto. Cada pedaço de pele exposta era devidamente apreciado, cada vez que estava com Steve era como se ele me tratasse como uma divindade e meu ego amava isso. Mãos por toda parte, nossas roupas sendo jogadas e nossos corpos pareciam dançar. Erámos o encaixe perfeito, eu achava que isso era bobagem, mas isso era só mais uma coisa que ele me provou que era engano meu. A calma que existia antes fora jogada para o espaço assim que os primeiros gemidos escaparam de meus lábios.

Era uma contradição: Lento ao mesmo tempo em que tínhamos pressa, quente apesar de a temperatura está caindo do lado de fora, delicado ao mesmo tempo em que conseguíamos ser selvagens. Era perfeito, apesar de ser errado brincar com os sentimentos dele assim. Porque eu sabia o que significava aqueles olhares que ele me dava, eu sabia que havia deixado de ser impessoal e só sexo há muito tempo, mas me negava a admitir que fosse recíproco.

Tinha aquele brilho em seus olhos que me permitia lê-lo e ver como toda a confusão de sentimentos estava deixando-o louco, mas ele era só uma criança. Não no sentido amplo da palavra, lógico, mas ele ainda estava começando sua vida e eu não queria impedi-lo de descobrir a existência de um mundo lá fora.

- Pare com isso – escuto ele sussurrar ao meu lado. Ele havia me puxado para deitar perto dele depois que caímos exaustos na cama, e dessa vez eu não o impedi que o fizesse. Na verdade estava amando sentir suas mãos deslizando carinhosamente pelos meus cabelos.

- Parar com o que? – me apoio no cotovelo para olhá-lo e perco o fôlego por um breve momento.

Às vezes esquecia o quanto ele era bonito, principalmente da forma como se encontrava agora. Os cabelos bagunçados, por conta das minhas mãos, indicavam o quanto ele tinha me levado a loucura enquanto explorava cada pedaço do meu corpo demoradamente. Os lábios, vermelhos e levemente inchados, mostravam a intensidade dos nossos beijos e as marcas levemente vermelhas que começavam a aparecer em seu corpo que parecia ter sido esculpido, demonstravam como eu também tirei proveito e marquei os pontos de minha expedição.

- Pare de ficar pensando o que estava pensando – ele diz simplesmente e eu não consigo controlar o sorrisinho que aparece no canto dos meus lábios.

- Você lê mentes agora, por acaso? – uso a melhor voz de deboche possível, precisava mudar de assunto.

- Às vezes consigo ler a sua – ele diz baixinho, sem nem imaginar o efeito que tem sobre mim.

Então acontece algo inédito, algo que tirando o breve momento em que falamos sobre nossos pais nós não tinha feito ainda: nós conversamos. Não sobre o trabalho, não de forma profissional, mas realmente conversamos. Ele me contou sobre como morava com o melhor amigo Sam e a amiga Carol, que por acaso era a dona da tal floricultura. Eles moravam em um apartamento em cima da loja e se conheciam desde o ensino médio. Eu o contei sobre como amava as noites de filme com minha afilhada, em que usávamos pijamas coloridos e fazíamos maratona de clássicos da Disney. Nós nos conhecemos melhor naquele breve momento e eu nunca tinha pensado que me sentiria tão bem em dividir coisas tão pessoais com alguém assim, era divertido e eu gostava das histórias dele sobre a faculdade, assim como ele gostava das minhas sobre qualquer coisa que eu estivesse disposta a compartilhar. Eu também não podia negar que estava bem consciente dos nossos dedos entrelaçados sobre a cama, e da forma como ele brincava com minha mão enquanto eu falava.

Eu não sei exatamente em que momento isso aconteceu, mas de repente me vi completamente aninhada a ele enquanto meus olhos pesavam com o sono eminente. Eu sentia a respiração dele ficando mais pesada também, era óbvio que o mesmo também estava quase cochilando.

- Você tem que ir – murmuro, sem um pingo de verdade na voz.

- Eu sei – tenho quase certeza que ele estava mais dormindo do que acordado quando disse isso, porque pouco tempo depois levantei minha cabeça para olhá-lo e o mesmo já havia caído em um sono profundo.

Aproveito para analisa-lo melhor. Ele parecia tão relaxado e em paz, que sentia um pouco de inveja. Por que precisava ser tão preocupada? Por que não podia simplesmente deixar que ele entrasse de uma vez na minha vida? Às vezes eu era cautelosa de mais, mas era algo que não podia evitar. Deixo um beijo delicado em seus lábios antes de voltar a me encaixar em seus braços.

- Eu nunca quis que você fosse – falo baixinho, somente porque tenho a certeza de que ele está dormindo. Provavelmente jamais admitiria aquilo em voz alta para ele, mas já era um começo poder admitir isso para mim mesma.  

  

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Take it Easy - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora