Capítulo 3 - O teste

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Pov Pietra

– ENRICOOOOOOOOOOOO... SEU PESTE, EU JURO QUE VOU TE MATAR.

Eu mal conseguia acreditar no que estava vendo em meu reflexo no espelho... Acordar cedo já era uma lastima, acordar cedo e com a cara pintada de canetinha era o diabo agindo para que eu perdesse a paciência que não existia em meu interior. Eu nem precisava ter bola de cristal para saber que aquilo era obra do meu irmão mais novo. Afinal, o moleque era um verdadeiro demônio em forma de criança.

– tsc... tsc... Pietrinha, se eu fosse você acordaria mais zen. – Vi a figura do meu irmão com os braços cruzados, apoiado na porta e me olhando com aquela cara fingida de inocência. – Outro dia eu li que estresse causa rugas e isso não é nada bom para a imagem de uma atriz que está iniciando a carreira. – Meu sengue ferveu. – Se bem que você já usa photoshop para esconder as espinhas monstros mesmo.

Senti o canto do olho tremer enquanto o pestinha de apenas dez anos soltava um risinho abafado e debochado. Mentalmente eu procurava uma forma de sumir com aquele moleque sem causar sofrimentos ao coração das minhas mães, mas como não havia nenhuma possibilidade, o jeito era enfrentá-lo... Joguei a almofada em direção ao rosto de Enrico, mas falhei miseravelmente, pontaria nunca foi uma das minhas principais habilidades, ao contrário do menor, que tinha um reflexo surpreendente. Com apenas um desvio do mais novo, vi a almofada passar reto e tocar o nada.

– HAHAHAHA... – O mais novo gargalhava. – Tem que comer muito feijão com arroz, Pietra.

Ensaiei correr atrás de Enrico, que partiu em disparado para descer as escadas. Era isso, o dia mais importante da minha vida já não tinha começado bem, só me restava torcer para o resultado do meu teste para o papel principal de uma série musical que seria estreada em breve na netflix não fosse tão desastroso quanto estava minha cara naquele momento.

Suspirei frustrada ao olhar mais uma vez para o espelho e, então, passei a pensar como retirar todos os vestígios daquela tinta desgraçada do meu rosto.


Algum tempo depois

Entrei na cozinha, onde minhas mães tomavam café da manhã com Enrico. Assim que desejei bom dia para as duas, vi a mama Bea praticamente cuspir o café que havia acabado de levar a boca, suspirei irritada e me sentei de frente para o peste mais novo que abafava um riso.

– O QUE DIABOS ACONTECEU COM SEU ROSTO, PIETRA? – Mamãe Clara perguntou assustada. – Filha, isso é algum tipo de alergia?

– É sim, mamãe. Alergia a uma criança endemoniada chamada Enrico. Conhece? – Peguei um pouco da salada de frutas que estava na mesa.

Vi mama suspirar pesado enquanto passava a mão, nervosamente, pelos cabelos.

– O que você fez dessa vez, garoto?

Por mais que mãe Bea tentasse, todos nós sabíamos que ela não era lá o maior exemplo de mãe brava que existia, mas devo confessar que dessa vez sua expressão era assustadora.

– Eu... É que, bom, foi apenas uma brincadeirinha. Eu juro que só queria testar as canetinhas novas que ganhei do tio Bê.

A expressão fingida do meu irmão não me enganava, por dentro eu sabia que o garoto se divertia com a situação.

– E, por acaso, o rosto da sua irmã tem cara de papel? – Mamãe Clara questionou irritada.

– Olha só para isso Enrico... – Ela apontou para meu rosto, que ardia. – O rosto da sua irmã está vermelho e isso poderia causar sérios problemas a pele dela.

Por trás das câmerasOnde histórias criam vida. Descubra agora