Capítulo 5 - A festa

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Pov Beatriz

– O Enrico dormiu.

A voz de Clara próxima ao meu ouvido foi o bastante para me fazer abandonar a revista que tinha nas mãos e puxá-la para meu colo... Fiquei ali observando seus traços, que cada dia mais dava vida a um rosto de uma mulher madura e bem resolvida. O tempo passava e Clara tornava-se ainda mais apaixonante.

Com paixão e desejo, beijei seus lábios... Como sempre, era um beijo envolvente, capaz de acender meu corpo. Suas mãos acariciavam meu rosto, escorregando com maestria em direção a minha nuca, onde tive meus cabelos envolvidos pelos dedos da minha esposa, que os puxavam lentamente, forçando ainda mais meu rosto contra o seu. Sua língua há muito tempo não precisava mais pedir passagem, ela já tinha total domínio sobre mim, e por menor que fosse o contato, eu estava ali inteiramente entregue para ela.

– Credo, eu não sou obrigada a presenciar essas saliências em plena sala de casa.

A voz de Pietra, que surgiu no cômodo, forçou-nos a interromper o beijo que já estava esquentando as coisas entre mim e minha esposa, mas envolvi a cintura de Clara em um abraço, impedindo-a de sair do meu colo.

Observei nossa filha, que parecia buscar pela chave do carro.

– Podemos saber para onde a senhorita pensa que vai a essa hora da noite? – Impliquei com a mais nova, que revirou os olhos.

– Vai ter uma festa com o pessoal da série. – Respondeu simplesmente.

– E a que horas você volta?

Pietra parecia indignada com a pergunta de Clara. Óbvio que nós duas sabíamos que nossa filha tinha problemas com o fato de precisar expor todos os seus passos, esses jovens de hoje em dia acham que o simples fato de atingirem a maioridade, já tem o direito de comandar a própria vida sem precisar dar satisfação para os pais, e por mais que eu compreendesse que jovens precisam de liberdade para explorar a vida e conduzirem as próprias escolhas, eu jamais seria conivente com as rebeldias e pirraça dos meus filhos.

– Qual é, mãe? Eu não preciso lembrar que não sou mais criança.

– Você não é mais criança, mas isso não lhe dá o direito de sair e voltar quando bem entender sem nos dar satisfação, Pietra. Somos suas mães, o respeito vem acima de tudo.

Por mais que eu tenha falado calmamente, percebi o olhar surpreso de Pietra, assim como o de Clara, que acariciou minha nuca como se buscasse me acalmar de qualquer coisa.

– Hã, bom... Eu não sei a hora que volto, mas prometo não chegar ao amanhecer. – Nossa filha voltou a me olhar com os olhos semicerrados. – Está tudo bem com a senhora?

– Estou ótima, por quê?

– Nada não, esquece. – Pietra aproximou-se e nos beijou o rosto. – Eu vou indo, qualquer coisa estarei com o celular ligado.

– Juízo filha, nada de beber além do limite. – Clara advertiu a mais nova que bateu continência.

– Pode deixar, mãe.

Nossa filha se foi, fechando a porta atrás de nós.

– Amor, me fala... Tem alguma coisa acontecendo?

– Não, amor. Por quê?

Clara afastou-se um pouco e percebi que seu olhar refletia em dúvidas.

– Você ultimamente tem agido diferente em relação a nossos filhos, quero dizer, está mais firme que antes em algumas situações. Outro dia foi com o Enrico, hoje com a Pietra, não estou te reconhecendo, amor.

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