Casper

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boa leitura xx


A mulher em pé na entrada da cela apenas paralisou. Seus lábios secaram e sentiu quando suas mãos começaram a soar, em resposta ao nervosismo que estava sentindo. Abriu e fechou a boca várias vezes na intenção de dizer algo que a tirasse da posição que estava mas sabia que estava fodida. Sua pele estava mais pálida que o normal, se é que isso era possível e deu alguns passos para trás quando viu a mulher furiosa a sua frente se aproximar. 

"Casper, Casper." - Zahir fala para a mulher que a flagrou escondendo uma arma. A fúria da árabe era bem visível, não é a primeira vez que Casper a pega fazendo algo assim e agora ela sabia demais. A morena estava estressando com todo esse azar que tinha a mais nova.

"E-Eu não d-direi nada, Zulema." - sua voz sai tremula e seus olhos se enchem de lágrimas .

A árabe com um surto de nervosismo, soca a parede por trás de Casper, o que a faz dar um pulo de susto. Zahir coloca suas mãos  na cintura e trava o maxilar, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. Essa postura lhe dava um ar de superioridade, o que intimidava a todos. Mas era apenas uma mania que tinha quando estava pensativa e com raiva. "Você sabe demais, porra."

"Por favor, Zulema." - suplica e agora as lágrimas escorriam por seu rosto.

Tinha ido pegar alguns de seus pertences já que a mesma seria transferida para máxima. Eles exigiram que ela deixasse sua beliche limpa e o pequeno nicho que tinha sob a cama, vazio para que pudessem substituí-la. Mas ali estava ela, presa pelas garras do escorpião novamente. Sabia que Zahir não a deixaria ir, já havia permitido que ela ficasse viva quando a enfrentou mas agora, María Prieto - seu verdadeiro nome, Casper era como Zahir a chamava - estava entre a cruz e a espada, entre a parede e o escorpião. 

"Lugar errado, momento errado e flagrando a pessoa errada, Casper." - a morena agora tinha suas mãos, uma de cada lado do rosto da mais nova, apertando fortemente sua pele. Não poderia deixar pontas soltas se quisesse seguir com seu plano. Já havia permitido que a carcereira vivesse e fazer o mesmo por Casper, era como demonstrar fraqueza. Não iria pôr seu plano em risco por uma filha da puta totalmente sem noção e burra.

Precisava fazer algo diante a essa situação para que pudesse seguir com seu plano, mesmo que significasse não esperar por Karim. 


[...]


Era de tardezinha quando Macarena adentrou pelo banheiro, precisava de uma água gelada no seu rosto para terminar de aguentar aquele dia. Tudo estava uma loucura por ali, guardas passavam correndo, pouco tempo depois apareceu a pericia e logo viu o inspetor Castilho andando ao lado da mulher que julgava ser a diretora da prisão. Procurou por seu pai mas não o viu, tentou também descobrir porque todos iam em direção a lavanderia mas foi inútil. Ouviu boatos de que encontraram um corpo porém decidiu ignorar os comentários das colegas fofoqueiras que ali estavam e seguiu um percurso até o banheiro. Suspirou quando sentiu a água contra sua mão e ficou um tempo apenas sentindo a correnteza, seus pensamentos vagavam para bem longe dali quando ouviu uns resmungos vindo de uma das cabines.

"Ah, que carajo. Una hija de puta!" - praguejava a mulher em espanhol e a loira logo identificou a dona da voz e de toda essa fúria. Sem se conter, Ferreiro se aproximou o suficiente para ver que a porta estava entre aberta. A empurrou, tendo a visão de uma Zulema sentada na privada com o pescoço arranhado e vermelho. Estava sem sua regata, os seios fartos cobertos apenas por um sutiã branco e foi o suficiente para Macarena engolir em seco, seus olhos demoraram um pouco mais naquela região porém um sangue que escorria da barriga bem definida da árabe, chamou sua atenção. No chão havia alguns itens de kit de primeiro socorros, e a loira se viu perguntando de onde ela havia conseguido todas aquelas coisas. 

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