Willie

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Betty estava tentando engravidar há algum tempo, mas nunca conseguia.
Após ir ao médico e o mesmo dizer a ela que tal desejo nunca se realizaria, ela ficou extremamente abalada, entrando em uma depressão profunda.

Alguns meses depois, em um belo dia de verão, ela acordou com um sentimento de que se tentasse mais uma vez, daria certo, independente do que o médico havia dito.
Ela e Robert tentaram novamente  naquele mesmo dia.
Alguns dias depois, Betty recebeu a melhor notícia de sua vida. Ela estava grávida.

Willie – como a maioria dos bebês – Foi amado antes mesmo de nascer. O pequeno embrião havia trazido Betty de volta a vida, e a partir do momento em que soube de sua pré-existência, ele se tornou a coisa mais importante, tanto em sua vida, quanto na de Robert.

No dia 17 de agosto de 1969, Betty deu à luz a um lindo menininho, que carregaria o nome de seu falecido avó paterno, William.

Por mais que tivesse nascido com a estranha marca de ampulheta, demoraria um tempo para desenvolver seu dom, já que aquele fato ainda era pouco conhecido na época.
Nenhum de seus pais ou avós nascera com a marca, logo, Willie também não.

O garoto tinha uma ótima vida, seus amigos eram maravilhosos, seus pais o amavam incondicionalmente e o aceitavam, mas havia uma questão que tornava as coisas um tanto complicadas para o rapaz. Ele era gay.

Não me entenda mal, Willie tinha orgulho de ser quem era e se aceitava, mas ser gay em plenos anos 80 era extremamente complicado.
Por mais que em 1982 o estado de Wisconsin tenha se tornado o primeiro estado norte-americano a proibir a discriminação contra homossexuais, em Los Angeles não era nada fácil.

Naquela época, várias pessoas ainda tinham o pensamento retrógado de que a epidemia da AIDS apenas existia por conta dos homossexuais. Algumas até chamavam a doença de “a doença gay”.

Como Willie teve a enorme coragem de assumir gay abertamente, ele sempre mantinha o cuidado de se alimentar bem e fazia o máximo para não causar feridas em sua pele, pois se parecesse magro demais e com feridas na pele, as chances de sofrer algum ataque na rua por pensarem que ele tinha AIDS, eram imensas.

Naquela época o índice de morte dos homossexuais subiu significativamente, tanto pela AIDS quanto pelos espancamentos que sofriam todos os dias.

Os pais do menino ficavam extremamente preocupados todas as vezes que o mesmo saia de casa, pois sabiam que havia uma enorme possibilidade de ele não retornar.

Apesar dos pesares, Willie era um menino extremamente feliz. Devia grande parte de sua felicidade aos seu pais, claro, e aos seus três melhores amigos, Flynn, Luke e Nick.

Os quatro se conheciam desde pequenos, haviam sido vizinhos e colegas de escola durante toda a vida.
O grupo não se desgrudava, e por conta de Luke ser um dos “valentões” da escola, ninguém ousava mexer com Willie enquanto Luke estava consigo.

No dia 16 de junho de 1987, Willie saiu de casa ás 17h para andar de skate.
Ao passar por uma loja de discos de vinil, ele resolve entrar, afinal, estava mesmo precisando de discos novos.

Time after time - WillexWhere stories live. Discover now