Pensar

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Quando o carro de Robert sumiu de vista, Alex foi para trás de uma árvore na frente do mercado e mentalizou sua casa, em alguns segundos estava de volta em seu quarto.

Assim que abriu os olhos, se jogou na cama, estava exausto. Havia sido um dia extremamente cansativo e muitas coisas haviam acontecido, era muito para processar.

Alex fechou os olhos novamente e a imagem de Willie veio a sua mente, ele sorriu inconscientemente, lembrando dos momentos que tinha passado com o menino. Minutos depois, ele espantou Willie de seus pensamentos, pois era bobo ficar pensando em alguém que possivelmente nunca veria novamente. Então ele lembrou do papel que o mesmo havia dado para si.
Alex tateou os bolsos até encontrar o papel. Ele desdobrou o mesmo, lendo e relendo os números ali.

Lembrou que havia dito aos amigos que avisaria quando voltasse, então pegou seu celular, já com a intenção de perguntar aos amigos sobre o que deveria fazer com o número do menino.
Todos disseram o mesmo: era melhor tentar e falhar, do que não tentar. Então foi isso que Alex fez.
Pegou o papel novamente e tentou.

Ele discou o número e colocou no ouvido. Esperou ansiosamente enquanto o telefone chamava, não fazia ideia se daria certo, mas estava torcendo para que sim.
Depois de alguns segundos, uma voz feminina atendeu.

-Alô?

- Oi! É da casa do Willie? – Ele pergunta, nervoso, torcendo para que a mulher do outro lado da linha fosse Betty.

- Infelizmente não.

- Ah, me desculpe. Foi um engano.

- Imagina. Tchau.

- Tchau.

Alex desliga o telefone e se joga na cama novamente. Como poderia ser tão bobo a ponto de pensar que ligar para um número de alguém que morava em 1987 daria certo?

Após mais essa decepção, todos os sentimentos ruins que rondavam Alex antes de ele viajar, voltaram em peso e quando sentiu seus olhos encherem d'agua, a porta de seu quarto é aberta.

- Ah, você já voltou. – O pai de Alex diz assim que entra no quarto, carregando uma cesta de roupas. – Vim deixar essas roupas aqui... Ta tudo bem? – Ele pergunta assim que percebe a situação do filho.

- Na verdade não... Você sabe que eu só viajei hoje porque o Ed terminou comigo né? – Dave assente. – Então, eu fui para 87, você sabe como eu amo os anos 80. Daí lá eu conheci um menino, o Willie, passamos esse tempo juntos e ele me deu o número dele, agora eu fui tentar ligar e é obvio que não deu certo. – Alex dá uma risada fraca.

- Você já pensou em ir para 1987 de novo amanhã e ligar para ele de lá? Você pode fazer isso sempre que quiser falar com ele. – Dave diz, se sentando ao lado do filho.

- Ok, eu não tinha pensado nisso... Mas ainda tem o lance das 3 horas de diferença.

- Realmente, isso é um saco, mas 3 horas passam rápido, vai. – Ele empurra o filho com o ombro. – Dá para você ver alguns episódios de alguma série ou uns dois filmes que passa rapidinho.

- É, pensando por esse lado até que passa rápido sim. – Os dois riem.

- Mas me fala desse Willie, hein. – Dave ergue as sobrancelhas.

- Ah ele é muito legal e bonito e estupidamente inteligente. – Alex ri.

- Como assim estupidamente inteligente?

- Ele é todo culto, sabe? Tipo, quando ele perguntou se eu amava o Ed e eu pensei um pouco e disse que achava que sim, ele disse que se eu amasse de verdade não precisaria pensar, eu só saberia.

- Uau... Mas é verdade. Quando a gente ama alguém, a gente só sabe.

- Será que ele já amou alguém? Para saber disso?

- Não necessariamente um namorado ou namorada, mas acredito que sim, nós amamos muitas pessoas sem ser da forma romântica. Mas porque a curiosidade? – Ele da um sorriso malicioso para Alex.

- Af pai, por nada ué. – Ele sente suas bochechas corarem. – Nós nos conhecemos hoje e eu acabei de sair de um relacionamento, não posso entrar em um novo, e né, ele mora em outro século.

- Nada é impossível meu pequeno girassol. E você não desenvolveu 100% do seu dom ainda.

- Ah, sei lá, não acho que eu seja especial o suficiente para transcender igual os guardiões, e também que eu já tenho 18 anos né pai.

- Você é extremamente especial, e idade não significa nada. O irmão do Reggie transcendeu com quase 20 e agora tá lá nos anos 90.

- Ah, sei lá...

- "Ah, sei lá". – Dave imita o filho. – Mas é como você disse, você acabou de sair de um relacionamento, dá uma acalmada agora, deixa esse sentimento pelo Edward que eu sei que ainda existe, passar, para depois você pensar em ter algo com o Willie ou qualquer outra pessoa. – Dave dá um beijo na bochecha do filho e se levanta. – Agora vem que o jantar tá na mesa.

- Ok, já tô indo. – Ele sorri para o pai, que sai do quarto.

Time after time - WillexWhere stories live. Discover now