𝑶𝒃𝒔𝒆𝒔𝒔𝒊𝒐𝒏 | Vinnie Hacker

Capítulo 34

"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."

Gabriel Garcia Márquez

J U L E S

Por um momento senti como se tudo a minha volta estivesse prestes a desmoronar, ter o Vinnie chorando na minha frente é uma das cenas que eu jamais imaginei ver na minha frente. Não eram simples lágrimas escorrendo pelo rosto dele, o choro era continuo e acompanhando por soluços, ele não encarava nem a Liz ou a mim, fechava seus olhos com força e olhava para o chão, deixando suas lágrimas pingarem.

No momento que eu resolvi levantar-me e ir até ele, Vinnie saiu andando em desespero pelo corredor, trancando-se em seu quarto. Fiquei parada no corredor a admirar o vazio, sem saber o que fazer em seguida. Pela primeira vez desde que minha relação conturbada com o Vinnie começo, acho que finalmente estou entendendo os motivos que o levam a fazer tudo o que faz.Ele deve ser falta de Aleisha todos os dias, transar com outras garotas pode ser a única maneira que encontrou para tirá-la de seus pensamentos, ou pelo menos tentar.

Pego-me pensando se o Vinnie tinha a Aleisha em seus pensamentos todas as vezes que já transamos, só de lembrar do meu nome sendo gemido enquanto havia outra pessoa em sua mente me deixa um pouco incomodada com a situação. Por outro lado comecei a entender os motivos de Vinnie ser tão protetor , talvez porque tenha medo que aconteça algo, ou talvez pelo simples fato de que se importa comigo.

"É sempre assim, não se preocupe. Vinnie não suporta ouvir o nome da Aleisha, é como se todas as lembranças boas que ele tem a respeito dela voltassem, junto com as imagens do corpo dela, do e-mail..." Ela me encarou a forçar um sorriso, no qual eu não fiz questão de retribuir, deixando-a ainda mais preocupada. "Não precisa se preocupar, ele só precisa ficar sozinho por um tempo, tocar um pouco de violão, talvez compor alguma coisa.."Apenas assenti com ela e voltei a sentar-me na beirada da cama, sem saber o que fazer. "Jules, eu sei o quanto se importa com o Vinnie admiro isso em você. Fique aqui que eu vou tentar convencê-lo a falar com você, certo."

Deixei um suspiro escapar enquanto concordava com ela, ainda em silêncio e de mente vazia. Liz insistiu que eu comece o lanche que ela havia trazido enquanto tentava falar com o filho, eu mais uma vez apenas concordei e mesmo tendo perdido todo o meu apetite me forcei a comer assim que Liz saiu pela porta e fechou a mesma. 

Terminei de comer dominada pelo profundo silêncio do quarto, tentei voltar a assistir American Horror Story porém não conseguia me concentrar na televisão, toda a minha atenção estava voltada para os meus pensamentos com o loiro. Quando por fim Liz voltou a aparecer no quarto ela não tinha a melhor das expressões, fechou a porta e sentou-se na cama chateada, soltando um ar pesado antes de falar qualquer coisa.

"Ele não quer fala com ninguém, me desculpe. Vinnie mal me respondeu, só disse um 'me deixa em paz', ele está tocando alguma coisa no violão, e eu não sei como tirá-lo do quarto.." Liz parecia entristecida com a situação e mal pode terminar a frase. "Não sei mais o que fazer com o meu filho, ele não é o mesmo."

"São raras as pessoas que continuam iguais, o tempo sempre vai nos mudar." Tentei acalma-la, passando minhas mãos pelos seus ombros a tentar relaxa-la. "Eu mesma vou tentar falar com o Vinnie, mas acho melhor ele ficar sozinho por um tempo." Tudo por dentro parecia doer apenas tendo em mente que Vinnie pode estar chorando agora, tentava me manter instável enquanto esperava que ele falasse com qualquer pessoa, mas não estava suportando a minha própria ideia de deixa-lo em seu próprio tempo.

Quando me dei conta estava novamente sozinha no quarto, encolhida na cama a abraçar minhas pernas, sentindo a agonia de ficar sem fazer nada e somente esperar, então simplesmente me levantei da cama e sai do quarto, indo em direção ao de Vinnie e parando a frente de sua porta. Podia ouvir uma melodia suave vindo de dentro do quarto, bati na porta de leve mas não tive resposta, encostei-me na mesma e fui capaz de escutar sua voz suava a cantar.