Capítulo 8

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"Nunca se tem o suficiente quando se é viciado"

J U L E S

"Jules?" Uma voz soou atrás da porta. "Será que podemos conversar sobre a sessão?" A tia Mary perguntou. Tirei o notebook do colo e fui obrigada a sair da confortável posição que eu estava para abrir a porta.

Minha tia entrou e passou os olhos pelo meu quarto e os fixou nos cartazes de filmes antigos que eu havia compra e mandado emoldurar para decorar o meu quarto. As molduras pretas entravam em contraste com as paredes totalmente brancas, assim como os móveis. Não há quase nenhum tipo de colorido no quarto, apenas o preto e o branco, todos os móveis são simples deixando como destaque a grande cama e a janela que permite a entrada de muita iluminação natural.

"Então, sobre o que quer conversar a respeito da sessão? Você só não vai me ouvir falar sobre o meu vício e tentar me ajudar depois?" A questiono, tirando sua atenção da decoração, ela sorri fraco e se senta na cadeira da escrivaninha.

"Não é tão simples quando parece, antes de você falar sobre o seu vício precisa que tente entende-lo. O que você sabe a respeito da obsessão em sexo?" A tia Mary passa as mãos alisando o seu vestido de lã vermelho e mantém seu olhar fitado na minha direção.

"Não posso dizer que sei tudo sobre o meu vício, só sei que todos os meus sintomas e tudo pelo que eu estava passando fizeram a mãe me levar ao psicólogo e o diagnóstico final foi a compulsão sexual. A ficha não caiu quando eu fui diagnosticada, não acreditava que eu era viciada em sexo, por isso não me dei o trabalho de pesquisar ou buscar saber mais."Dou os ombros e volto a me sentar na cama, visto que ainda estava de pé. Pousei o notebook de volta no meu colo e tento prestar mais atenção na conversa do que na tela.

"Oh, então não sabe muito?" Nego com a cabeça e perco a concentração por um segundo. "Ei, o que está vendo aí?" Ela se levanta da cadeira e chega do lado da cama, fecho o notebook rapidamente para que a Mary não veja. "Jules, o que estava vendo aí?" Ela pergunta com um tom mais severo. "Precisa me mostrar, sou sua psicóloga agora, confie em mim."

Por impulso acabo abrindo, revelando para a minha tia tudo o que eu estava a ver. Ela fica sem entender a princípio, mas depois sua expressão muda de confusa para satisfeita.

"Garotos, muitas fotos de garotos. Você os conhece?" Ela cruza as pernas e se mantém atenta em mim.

"Sim, quer dizer, nunca falei com nenhum deles, mas são todos garotos do grupo de apoio, do colégio e alguns moram por aqui." Vou apontando para as fotos conforme estou falando. "Não sou muito sociável, eles não falariam comigo e eu não conseguiria encará-los sem sentir nenhum tipo de desejo." Acabo por admitir.

"Você estuda?" Ela pergunta, como se tivesse ignorado tudo o que eu acabei de dizer.

"Não, me formei no ano passado." Respondo.

"Como era a sua relação com os outros alunos? Você tinha amigos, os professores gostavam de você, era uma boa aluna?" Por um momento passo a me sentir em um interrogatório. Para que tantas perguntas? Nunca me abri com ninguém sobre o meu vício - além do Ethan e de uma pequena parte com o Vinnie - e agora que cedi e decidi fazer isso ela vem com esse monte de questões?

"Como eu já disse antes, eu não era muito de fazer amizades, por isso não tinha nenhum amigo. Não conseguia nem me aproximar das garotas, elas sempre estava falando sobre garotos e isso fazia o meu desejo crescer, por isso eu acabei com todas as amizades que eu fiz. Os professores não prestavam muita atenção em mim, eu sentava no fundo da sala sozinha para não olhar para ninguém e evitar sentir qualquer tipo de desejo.Sim, eu era uma boa aluna, apesar de tudo, tirava boas notas e nunca repeti, nunca se quer tirei uma nota baixa." Respondi tudo logo de uma vez.

"Esses garotos, os que você estava vendo nas fotos, consegue se imaginar tendo algum tipo de relação com eles?"

"Sim, com cada um deles. Dá pra imaginá-los nus enquanto estão arrancando as roupas do meu corpo..."

"Por acaso você.... Hm.... Imagina muitas fantasias?" Minha tia perguntou, um pouco sem jeito.

"Fantasias?" Arco as sobrancelhas. "Fantasias... sexuais?" Mary concorda com a cabeça. "Bem...eu...às vezes...quero dizer...não..." Acabo tropeçando nas palavras, respiro fundo e tento falar. "Sim, imagino, muito aliais." Encolho os ombros.

"Que tipo de fantasias? Como elas são?"

Não sei dizer o por quê, mas estou sentindo um grande alívio por estar finalmente podendo desabafar com alguém, é a primeira vez que eu estou falando abertamente do meu vício segura de que ninguém possa me julgar.

"Bom, sempre que eu estou frente à frente de um garoto eu começo a imaginá-lo em roupa, imaginar como seria se ele me despisse e imaginá-lo penetrando dentro de mim e-" Me interrompo, um desejo enorme sobe ao meu corpo.

Começo a imaginar o Vinnie nu, igual a ontem, enquanto tira as minhas roupas e abocanha os meus seios, seu piercing frio contra a minha intiminda enquanto sua língua se movimenta no meu interios, suas mãos nas minha bunda ,ele movimentando- se mais rapidamente, seu membro ereto, preparando para se penetrar novamente mim, minha boca em contanto com os lábios para abafar os gemidos que saem quando seu membro está todo no meu interior, até ele gozar e eu senti seu líquido quente se espalhar....

"Jules?" A voz da minha tia me desperta do 'transe' "Ju, o que houve?"

"E-Eu... eu tive uma..." Gaguejo, sem saber como explicar o que acabou de acontecer.

"Teve uma fantasia?" Ela pergunta, quase em um sussurro.

"Sim." Murmurei. "Sim, eu tive, aqui, agora. é sempre assim." Digo mais claramente. "Do nada eu começo a imaginar, a imagem de garotos nus vem na minha cabeça, todos eles suprindo as minhas necessidades, me levando ao êxtase. Mas quando desperto das fantasias é terrível, percebo que não acabei de me satisfazer e por isso eu saio de casa e só volto depois de ter feito sexo com alguém!"Deixo as lágrimas que brotaram nos meus olhos escorrerem pelas minhas bochechas. Eu detesto ser assim, detesto ser viciada, não aguento mais conviver com isso, mas sou movida por isso, sou movida pelo prazer sexual.

Preciso sair de casa, preciso andar por ai e tentar reter meu desejo sem ter que precisar de um garoto excitado. Me levanto da cama em um pulo, vou até o guarda roupas e visto as primeiras peças de roupa que eu encontro, ignoro as perguntas da minha tia atrás de mim e calço os sapatos, em seguida saio do quarto de imediato.

"Jules! Onde você vai?" Minha tia grita quando eu já estou descendo as escadas. " Você não vai a lugar nenhum! Não pode, tem que tentar resistir!" Ela me alcança quando eu já estou na porta, vestindo meu casaco. "Jules, pense bem e fique, você é forte-"

"Não sou forte!" Berro para ela, atraindo a presença da minha mãe e do meu irmão. "Como alguém consegue ser forte quando não consegue resistir à uma fantasia?" Nem espero que ela fale, saio de casa rapidamente e corro pela rua, sem ter ideia de onde estou indo.

Vou entrando por ruas aleatórias, dessa vez com mais calma, passo por muitas praças e travessas desertas, o tempo está bem fechado e quase ninguém que vive nos subúrbios de Washington sairia sabendo que uma chuva forte pode cair a qualquer momento.

Depois de andar por mais de meia hora, me sento em um dos bancos de uma pracinha. Normalmente teriam muitas crianças brincando aqui hoje, mas tudo está vazio e frio, assim como eu estive nos últimos anos, desde que adquiri o vício. Me pergunto se nunca vou ser livre da minha compulsão, ainda espero o dia em que eu poderei dizer que não sou viciada, mesmo que esse dia nunca chegue, ainda tenho esperanças.

O vento começa a bater com mais intensidade e fica mais frio, minha pele fica toda arrepiada e eu penso que já posso voltar para casa, mesmo ainda com o desejo me consumindo.

"Jules?" Uma sombra cobre o pouco sol que me esquentava e sua voz soa pelos meus ouvidos. Levanto a cabeça e me deparo com a última pessoa que gostaria de ver hoje.














𝑶𝒃𝒔𝒆𝒔𝒔𝒊𝒐𝒏 | Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora