Capítulo 7

126K 6.9K 12.3K
                                    

"Você está com as bochechas coradas?
Voce já teve aquele medo que não pode mudar?
Do tipo que não sai como algo nos seus dentes?
Tem algum truque na sua manga?
Você não tem ideia do que a minha obsessão?
-  Do I wanna Know- Arctic Monkeys

J U L E S

Abri a porta de casa e pendurei meu sobretudo em um dos ganchos que ficam atrás da porta. Entrei de mansinho sem querer chamar atenção da minha família, quando sai da fraternidade não pensei no fato que a minha tia poderia estar aqui ainda, por isso não passei nem perto da sala de jantar.

Não é possível ouvir vozes vindas de lá, comprovando a possibilidade da minha tia não estar aqui, passo pela cozinha para pegar alguma coisa para tomar, mas sem fazer nenhum barulho. Na geladeira encontro uma linda travessa de tomates cerejas, pego um garfo e a travessa e subo para o meu quarto.

A casa está silenciosa como se não estivesse ninguém em casa, talvez tenham saído para mostrar Seattle durante a noite, mesmo sendo um passeio arriscado, é muito bonito ver todas as luzes acesas e o olhar dos turistas ao ver os principais monumentos iluminados.

A porta do meu quarto rangeu alto quando eu a abri, mas o barulho mais alto foi causado quando eu derrubei a travessa no chão e ela se espatifou por inteiro, havia me assustado com as pessoas que estão dentro do meu quarto. Graças aos barulhos, todos os olhares estão fitados em mim, não sei o que fazer, estou completamente sem graça.

Minha mãe, meu irmão e uma outra mulher, que acredito ser a minha tia, se entre olham sem dizer nenhuma palavra.

"O que estão fazendo aqui?" Murmuro, sem manter contato visual com eles. Me agacho e começo a recolher os cacos espalhados, Ethan faz o mesmo para me ajudar. Lanço-o um olhar de "o que está acontecendo?" mas ele apenas dá os ombros.

Ethan sai do quarto para buscar a vassoura para varrer os cacos menores, me deixando a sós com as outras duas mulheres.

"O que está acontecendo aqui, por quê estão no meu quarto?" Rompi o silêncio fazendo muitas perguntas ao mesmo tempo. Engoli seco ao perceber que a minha tia me encarava de forma que me deixou um pouco assustada.

"Você deve ser Jules. Eu sou a irmã do seu pai." A mulher estendeu a mão para me cumprimentar mas eu hesitei e apenas encarei sua mão que estava na minha frente até ela desistir que eu cedesse.

"Jules, eu estava comentando com a Mary sobre a sua obsessão." Por fim minha mãe, cruzo os braços contra o corpo e evito contato visual com elas. "Amanhã marcamos de você falar com ela logo de manhã, a Mary vai dormir por aqui essa noite."

"Não vou falar com ela, não vou falar com ninguém além da psicóloga do grupo." Me oponho. "Você não tem o direito de marcar consultas sem saber a minha opinião antes." A tia Mary solta o ar e se aproxima de mim, tento não hesitar e a deixo fazer isso.

"Jules, por favor, acho que é importante você conversar com alguém sem ter um grupo de pessoas em volta, e eu sou da família, pode se abrir mais comigo." Ela sorri fraco.

"Você se diz da família mas até ontem eu não sabia da sua existência." Rebato. "E eu prefiro me abrir com um grupo que tenha os mesmos problemas que eu e que não irão me julgar com isso do que falar sobre o meu vício sozinha para um psicólogo que acha que pode me ajudar."

"Jules! Não é assim que se deve tratar sua tia!" Minha mãe me adverte.

"Sky, não me considere como uma tia e sim como uma amiga." Amiga? Não a quero nem como tia muito menos como amiga.

"Não te considero uma tia muito menos como uma amiga. Agora podem me dar licença, eu estou cansada da festa e quero dormir." Ethan surge com a vassoura e a pá, o ignoro e volto minha atenção para a minha tia e a minha mãe.

𝑶𝒃𝒔𝒆𝒔𝒔𝒊𝒐𝒏 | Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora