Lucky Strike

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Peguei uma bola verde — que mais se parecia com um chiclete de melancia gigante — e lancei um olhar desafiador e presunçoso ao mesmo tempo para Yoongi, ao falar:

— Você lembra que eu sempre ganhava de você no jogo de boliche do Wii, né? — Estiquei os lábios em um sorriso arrogante e teatral.

Yoongi me encarou com estranhamento e colocou a mão em meu ombro.

— Margot, a gente é da mesma equipe.

Ignorei-o.

Logo atrás, assentados no sofá preto, Nick e Maya — a garota que o acompanhava — me observavam, esperando a vez de jogarem.

Previsivelmente, no encontro de hoje, Nicky nos trouxe para o Lucky Strike, porque não há nada mais clichê e americano que um encontro no boliche. Com ele, veio Maya, que é indiana e viciada em esportes. Ela queria ser uma jogadora de tênis profissional, um Roger Federer versão feminina (foi o que ela disse).

Eu já sabia que eu e Yoongi estávamos fadados ao fracasso, afinal não havia como ganhar o tendo como dupla. Além disso, criei mentalmente uma competição entre mim e ele (já que Nicky era Nicky e Maya parecia ser uma daquelas pessoas boas em qualquer coisa) em que, claro, eu ganhava.

As luzes azuis refletiam nos pinos brancos no final da pista e Painkiller, do Ruel, saia pelas caixas de som no teto. Ouvi Nicky gritar que eu iria arrasar e logo me senti mais confiante.

Respirei fundo e lancei a bola, que fugiu para o canto, sem chegar perto de um pino sequer. Olhei incrédula para a cena, enquanto Yoongi se desfazia em risadas ao meu lado. Se eu não estivesse acostumada com ele rindo da minha desgraça, eu já teria o acertado com um peteleco bem na testa. O moreno enxugou as lágrimas do canto de seus olhos e deu três batidinhas em meu ombro como se tentasse me consolar.

Se eu soubesse que boliche de verdade era tão difícil, eu teria me poupado da vergonha e ficado em casa jogando Wii.

Yoongi se sentou no sofá oposto ao de Nicky e Maya, e eu me acomodei ao seu lado. Cruzei meus braços em claro desapontamento.

Vi Maya acertar todos o dez pinos em uma única jogada e pular nos braços de Nicky, que a abraçou, tirando-a do chão e dando um meio giro (por alguns segundos, me permiti imaginar como seria estar no lugar de Maya, como seria sentir o calor dos braços de Nicky em meu corpo). O garoto sorriu, e, mesmo com a iluminação escassa do lugar, pude ver seus olhos reluzindo.

Eu deveria estar com uma careta completamente aborrecida, porque Yoongi se aproximou, nossos joelhos se encostaram rapidamente, e ele me empurrou levemente com o cotovelo.

— Poderia ter sido pior — o coreano falou.

Olhei para ele, sem ter noção do quão perto seu rosto estava.

— Pior como? — perguntei, elevando as sobrancelhas.

— Você poderia ter acertado a pista do lado, o teto ou até o cara da comida. — Apontou para o garçom atrás do balcão do restaurante (não tinha como eu acertá-lo daqui).

Olhei para Yoongi e lhe respondi com um sorriso sincero.


⤅ ♡ ⬶


Fechei os olhos.

O placar; todos os strikes de Maya; a bola fugindo para o canto da pista, para a outra pista (por incrível que pareça, Yoongi conseguiu fazer essa proeza), invadiam minha mente.

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