9. um lugar para ficar

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- Oi. - eu disse, olhei nos seus olhos negros, e parecia querer sorrir, me olhava de forma engraçada.
- Olá senhorita. - ele me disse, agora tinha abrido um sorriso largo.- você tem evitado me ver, quero saber por que?
- não quero que te machuquem mais, já chega o que o Malfoy fez  naquele dia, se eu me afastar e você estiver seguro, farei isso.
- você não precisa se preocupar com isso, eu posso garantir a minha própria segurança, e gostaria da sua companhia. - ele me disse, tocou o meu antebraço gentilmente, foi quase um carinho, quando ele percebeu o que fez ele retirou a mão.
- é sério Snape, não quero que se machuque.
- use meu primeiro nome, e não se preocupe, Lucio não iria à biblioteca, menos ainda a noite, e domingo de manhã é um bom horário também.
- certo, mas se você aparecer com o olho roxo isso não vai mais acontecer.
- ótimo, não quero ter que arrumar outra detenção, apesar que é algo muito fácil de fazer.
- sim, os meninos me contaram. - não consegui evitar uma carranca.
- eu não tenho culpa que eles são idiotas.
- nao fale assim, são meus amigos também. - eu disse meio irritada.
- certo, certo, prometo não dizer isso na sua frente, agora vamos entrar.
Entramos, e o professor estava lá, sentado com um copo de hidromel se eu pudesse chutar, suas bochechas estavam vermelhas, e ele estava muito alegre.
- crianças sentem-se e façam suas poções,  as dez horas podem voltar aos dormitórios. - ele saiu e nos deixou lá, eu comecei a minha poção e Snape começou a dele, nos sentamos lado a lado.
- o que você vai fazer nas férias?- ele me perguntou, sem me olhar, estava concentrado em sua poção.
- eu não faço a mínima ideia, ainda não falei com o diretor, mas quero fazer isso antes do final de semana.
- vai me escrever não é?
- se eu puder irei, mas não sei aonde vou estar ainda.
- certo, me avise no último dia de aula.
Conversamos muito tempo, as dez saímos da sala, ele me levou até a entrada da sala comunal da Grifinoria.
- até amanhã, e apareça na biblioteca. - ele me olhou nos olhos, e sorriu de leve.
- eu irei, até amanhã. - disse com um pouco de impaciência, ele sorriu pra mim, estava achando engraçado provavelmente.
Entrei na sala comunal e vi os meninos numa das mesas fazendo suas tarefas, Sirius e James pareciam querer aprontar algo, enquanto isso Pedro e Remus, estavam muito concentrados  nos deveres, não haviam muitas pessoas na sala comunal, sentei com eles que logo perceberam minha presença.
- Olá, sabe desde que você nos deixou, eu pensei em vários apelidos pra você, e nenhum realmente interessante. - Sirius me disse.
- e a tarefa de história da magia? Se dedicou tanto a ela?- respondi para ele.
- com certeza não, mas me deu uma boa ideia de apelido, você sera a fantasminha, ninguém sabe muito sobre você, é perfeito.
- é ofensivo considerando o que me aconteceu. - eu disse baixo, apesar que eu era exatamente isso nesse tempo, um fantasma, estava aqui, quando não deveria estar, era exatamente como o nick quase sem cabeça , somente uma sombra do que eu era, minhas notas estavam ótimas, mas não havia ninguém para se orgulhar, não tinha pai, nem mãe, nem muitos amigos, todos que eu conhecia estavam fora do meu alcance, toda a normalidade das últimas semanas desapareceu, e eu tinha lágrimas nos olhos novamente, sai dali, e fui direto para a minha cama, eu podia ouvir eles me chamando, mas não queria voltar, eu escutei Remus dar uma bronca no Sirius, mas no fundo a culpa não era dele.
Deitei na minha cama, e fiquei ali horas em silêncio com as lágrimas rolando pelo meu rosto, escutei alguém entrar, sentar na minha cama e passar a mão pelo meu cabelo.
- como você está?- ela me perguntou com uma voz suave.
- triste, mas isso vai passar.
- estou aqui se precisar. - ela saiu da minha cama e foi para a dela, ficou ali em silêncio comigo, queria que Harry soubesse o quanto sua mãe era incrível.
O pensamento em Harry piorou tudo, pensei em ron e também na casa dos Weasley, onde eu passei parte do último verão, Gina era uma ótima companhia e uma grande amiga, sentiria falta dela, eu sabia que não poderia ficar triste por toda a minha vida, mas era inevitável as vezes, algo sempre me lembraria eles, e eles não morreram, estavam bem por aí, só não me conheciam, entre pensamentos eu dormi, e acordei, mais cedo que todos os outros, levantei em silêncio, me limpei e me organizei, sai da sala comunal.
Tomei café da manhã sozinha, não tinha nenhum aluno, escapei para a biblioteca aonde achei alguns livros ótimos, fiquei lá até o começo da aula, vi os meninos e sentei em uma mesa sozinha, logo uma menina da lufa-lufa se sentou na minha mesa, ela sorriu e eu retribui, quando a aula acabou eu saí rápido e não esperei pelos meninos, fui até os jardins sentar embaixo de uma árvore, fiquei lá lendo em paz, até que uma coruja veio me bicar, tirei do pé dela um pergaminho.
" venha a minha sala após a aula. Dumbledore."
Fui para as aulas da tarde, evitei todos, não queria desculpas, nem que me achassem fraca e boba, só queria ficar quieta e em paz, isso não era pedir muito, terminada a aula, subi para a sala do diretor, bati três vezes na porta, e ele me mandou entrar.
- entre Granger.- ele disse com uma voz macia.
- Boa noite diretor.
- consegui acomodações para você, para as férias, acredito que vai gostar bastante.
- sério? Aonde vai ser?
- Você vai ficar com a senhora Andrômeda e o seu marido, eles têm uma filha pequena, então não dê muito trabalho e seja gentil.
- certo diretor, obrigada.
- outra coisa, se quiser ajudar a senhora Tonks com as tarefas, pode ganhar alguns galeões.
- isso seria ótimo, obrigada diretor.
Sai de lá saltitando de felicidade, teria um lugar pra  ficar e poderia ganhar algum dinheiro para os meus próprios gastos, subi para o meu quarto, peguei meu material para estudar com o Snape, e fui para a biblioteca, haviam duas pessoas sentadas lá, uma era snape, e a outra Lílian, não me aproximei e sentei do outro lado das estantes, escutei um pouco da conversa.
- então Sev, você gosta da menina nova?- eu ouvi a voz dela.
- ela é uma amiga, legal, como você. - ele disse um tanto indiferente.
- ninguém sabe muito dela, escutei um pessoal falando que ela é parente daquele que não deve ser nomeado, por isso ninguém sabe nada dela.
- bobagem Lílian,  ela perdeu os pais, é órfã, e se ela não quer contar,nós que não devemos insistir.
- hum, acho que ela gosta de você.
- ela disse isso? Ou são só fofocas da torre da grifinoria? - ele parecia mais irritado.
- hum, não precisa dizer, vocês estão sempre juntos.
- eu não sei aonde você quer chegar , Lílian, somos amigos só isso, e não seremos nada mais, é isso, agora por favor vamos estudar.
- certo, feitiços?
- sim.
Sai da biblioteca em silêncio, e eles não me viram, eu estava passando essa impressão? Que gostava do Severo? Que era parente de você sabe quem? Teria que ficar mais presente na sala comunal talvez assim eu não levantasse esse tipo bobo de suspeita.

Amor além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora