5. biblioteca

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Quando eu acordei todos os músculos do meu corpo doíam, ainda bem  que era sábado, estava exausta do dia anterior, levantei e resolvi tomar banho, a noite agitada de sono me deixou suada.
Depois que terminei, coloquei um jeans e uma camiseta dessa vez preta, penteei meu cabelo e o deixei solto, desci as escadas e não tinha ninguém na sala comunal,  todos estavam no salão principal, já estavam almoçando.
- Hey venha sentar aqui.- Marlene me chamou.
- Bom dia pessoal. - eu disse tímida.
- você está bem?
- estou. - peguei um pouco de comida, apesar de ter perdido o café da manhã eu ainda estava sem fome.
- tem certeza? Eu te escutei chorando noite passada.
- só saudade. - meu estômago afundou e perdi toda a fome.
- e o que vai fazer hoje? - Lílian perguntou.
- preciso trabalhar no que os professores me pediram, vou estar na biblioteca, vou indo meninas.
- você não comeu.
- sem fome.- sai dali mas antes escutei Lílian .
- eu disse pra não falar do choro Marlene.
Caminhei até a biblioteca, não cruzei com ninguém, o que me deixou feliz, falar sobre as coisas não era algo que eu queria agora.
Me sentei num canto e comecei a procurar por algo que falasse do sinistro, qualquer coisa que pudesse me  dar uma luz sobre o assunto.
Finalmente achei um livro poeirento, com folhas amareladas e que deveria pesar alguns quilos, comecei a leitura dele, eu estava na mesa mais ao fundo da biblioteca, esperava que ninguém me achasse, precisava de um tempo.
Estava muito difícil de me concentrar, imagens dos meus amigos não paravam de passar na minha cabeça, eles reclamando de estudar, de fazer seus trabalhos, das matérias e querendo um motivo pra ir pro campo de Quadribol, Harry voava muito bem, ele era um ótimo apanhador, e um ótimo amigo, quase um irmão que eu nunca tive, se tivesse um jogo próximo de quadribol, eu iria ver, podia fingir que estava vendo os meninos, e talvez me sentisse melhor, James era muito parecido com o Harry.
Eu deveria fazer amigos, aqui nesse tempo, não poderia passar os próximos vinte anos esperando a chance de ver os meninos, mas o mais angustiante era que meus pais estavam por ali em algum lugar, na faculdade, andando por um parque, ou namorando , e eu não podia ve-los.
Virei as páginas do livro, havia o mesmo que no nosso livro de adivinhação, que era um mau presságio, provável morte eminente, suspirei profundamente, seria provável que eu morreria sem familia e sem amigos? Esperava que não.
Escuto passos, esperava que não fosse ninguém me procurando, vi snape parar no corredor e vir em minha direção, sentou, tirou as coisas da mochila e começou a ler, ficamos mais ou menos uma hora estudando em silêncio, até que ele começou a remexer na mochila e me deu uma maçã.
- as meninas disseram que você não comeu.
- obrigada.
Comi a maçã esperando que madame Pince não aparecesse naquele corredor, e ela  não apareceu, a maçã me fez perceber o quanto estava faminta.
- então elas te mandaram aqui pra ficar de babá?
- elas estão preocupadas.
- elas não precisam ficar preocupadas, eu estou bem.
- parece ótima, um verdadeiro raio de sol. Você tem olheiras, está pálida e parece ter apanhado do Salgueiro lutador.
- idiota.
- elas estão tentando, você deveria aceitar o esforço delas.
- eu não pedi isso.
- nós não pedimos várias coisas, elas acontecem de qualquer forma.
- e você acha que eu não sei disso? Eu perdi meus pais, amigos e todos que eu conhecia.
- desculpe, eu não quis dizer isso.
- mas disse. - eu saí andando de lá, furiosa, e fui pro quarto.
Fiquei lá lendo até o sol começar a descer, e quando deu a hora  de jantar eu desci,  cheguei próxima da mesa e me sentei entre Lílian e Marlene.
- me desculpem por essa manhã, eu estou triste, mas quero ser amiga de vocês, gostaria muito disso na verdade.
- que bom, nos também.
E  passamos o jantar conversando e falando sobre as aulas, depois as meninas foram retirar um livro na biblioteca e eu fiquei com os meninos, Remus não estava, mas os outros estavam felizes e falantes como sempre.
- Hey vai ir no jogo do final de semana?- Sirius me perguntou.
- Sim! Vou adorar olhar o jogo, vai ser contra quem?
- lufa- lufa.
- que legal, irei e vou torcer por vocês .
Depois da conversa sobre quadribol, eu me retirei pro meu quarto, as meninas ainda não tinham entrado e eu comecei a ler, adormeci com o livro na minha barriga.
Acordei muito cedo e sai caminhar pelo castelo, olhei  para os jardins, e fui para lá, com meu livro na mão, sentei na grama ainda úmida do orvalho, estava começando a esquentar, o pior do inverno tinha passado, e logo as férias viriam, o que me assustava.
Havia alguém andando pela grama, estava longe mas reconheceria o cabelo preto que descia até o ombro em qualquer lugar do mundo, ele me viu e veio em minha direção, não sorria, mas não estava carrancudo também, estava com uma calça preta e uma camisa da mesma cor, ele se sentou do meu lado, estava cheiroso, dobrou os joelhos, escorou seus braços neles, e ficou olhando para o lago, já tinha amanhecido, estava claro, hoje seria um dia de céu azul, havia uma brisa leve no ar, o dia de primavera perfeito.
- oi.- ele me disse.

Amor além do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora