Capítulo 9

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A CAMA ESTAVA VAZIA QUANDO acordei. Tomei banho, me vesti e encontrei Blake na
cozinha. Havia um pequeno prato de frutas no meu lugar na ilha central. Ele
desviou o olhar, pegou uma caneca e serviu meu café, colocando-o ao lado das
frutas.
— Obrigada.
Fiquei olhando para as frutas, mexendo-as no prato. Pelos esforços da noite
passada, eu deveria conseguir comer o café da manhã de um homem faminto,
mas meus nervos estavam destruindo meu apetite.
— O que foi aquilo noite passada?
Senti o calor subir para minhas bochechas. Por que eu estava com
vergonha? Blake tinha feito coisas muito piores comigo, mas, de alguma
forma, o fato de eu ter feito com ele parecia totalmente diferente. A
expressão nos olhos dele me dizia isso.
— Tive um sonho — falei baixinho, sem saber o que mais dizer.
— Sobre me dominar?
— Não. O oposto, para falar a verdade.
— Mesmo?
A voz dele era tão calma, seu rosto o único indicativo de que havia algo
errado.
— Ainda estou chateada com você.
— Então você resolveu me amarrar enquanto eu estava dormindo?
A pergunta quase parecia inocente. Me encolhi.
— Você estava meio acordado, Blake. Sem contar que tem duas vezes o
meu tamanho e estourou as algemas como um pedaço de barbante. Você está agindo como se eu tivesse prendido e torturado você.
— É isso que devo esperar da próxima vez?
Revirei os olhos e enfiei o garfo em um pedaço de fruta. Mastiguei em
silêncio.
— Não me ocorreu que você tinha… limites.
O maxilar dele se contraiu.
— Não me ocorreu também.
— Não conheço as regras desse jogo, Blake. Você se recusa a conversar
sobre isso comigo.
Ele riu asperamente.
— Isso é por causa do clube?
Respondi com os olhos, torcendo para que ele se abrisse comigo quanto a
isso.
— Por que você não conversa sobre isso?
Os lábios dele formaram uma linha fina.
— Chega desse clube! Não preciso de um rótulo entre nós para saber que
quero controlar o seu prazer. E não preciso de uma porra de uma palavra de
segurança.
A raiva dele ricocheteou nas paredes da cozinha até que só houvesse o
silêncio novamente. Ele caminhou na minha direção, apoiando as mãos na
beirada do balcão perto de onde eu estava sentada. Eu o tinha aturdido. Minha
brincadeira, que tinha sido bastante inocente, o tinha afetado mais do que eu
jamais imaginei. Eu estava jogando um jogo sobre o qual não sabia nada.
Ele se aproximou e me deu um beijo no rosto. Suspirei, aliviada por senti-
lo se acalmar comigo.
— Mas você precisa — sussurrou ele, incitando uma nova onda de
expectativa. — Porque eu vou foder você de todas as maneiras que uma
mulher pode ser fodida.
Fechei os olhos com a promessa sombria dele.
— Me desculpe. Não me toquei…
— Você não se tocou que alguém como eu não quer ser amarrado.
— Você faz isso comigo o tempo todo — retruquei, com lágrimas
queimando meus olhos.
— Foi bom fingir que sou alguém que não sou?
A voz dele era mais suave.
Meneei a cabeça, me arrependendo de tudo. Minha pequena incursão no
universo dominante estava se voltando contra mim enormemente. Eu não estava nem um pouco satisfeita. Nós dois estávamos magoados e
desequilibrados.
— Não.
Me afastei do balcão e saí para o trabalho sem ele antes que eu desabasse.
Eu estava cansada e confusa e, pela primeira vez, ansiava pela estabilidade
do trabalho, pela familiaridade do escritório e das pessoas que o enchiam.
Clay me defendeu quando outro repórter estava me esperando do lado de
fora do escritório. Ótimo. Era tudo que eu precisava.
Agora que repórteres estavam aparecendo no meu trabalho, me ocorreu o
pensamento de que publicidade negativa também não era o que Alex queria.
Talvez acelerar as coisas fosse bom, porque quando Alex descobrisse que eu
estava potencialmente ligada à investigação sobre Daniel, talvez ele quisesse
se distanciar de nós. Afastei aquele pensamento e dei início à minha rotina
matinal no escritório.
Mais ou menos uma hora depois, ouvi a porta do escritório se abrir e Alli
conversar com alguém. Alguns segundos depois, ela estava na minha mesa
com uma caixinha vermelha nas mãos.
— O que é isso?
— Não sei. Um entregador acabou de deixar aqui.
Ela a colocou na minha frente no meio da mesa. A caixa era coberta de
veludo e amarrada com um laço de cetim preto. Se fosse de Blake, eu só podia
imaginar o que havia ali dentro.
— Nenhum remetente? — perguntei.
— Não perguntei, mas eu apostaria que é de Blake.
Ela me lançou um sorriso malicioso.
Respondi com um sorriso fraco. Será que ele estava se desculpando? A
maneira como eu tinha saído aquela manhã não tinha sido boa. Ele não tinha
se acalmado da noite anterior, então eu não achava que os sentimentos dele
tinham mudado drasticamente nas poucas horas desde que eu o deixei parado
na cozinha.
— Está bem, obrigada.
Desfiz o laço lentamente. Ergui a tampa, revelando pedaços de papel preto.
Remexi entre eles até meus dedos encontrarem uma textura que eu conhecia.
Couro. E, então, algo frio. Pinos de metal. Fiquei olhando para a caixa, meu
coração aos pulos. Era uma mordaça.
Um lampejo de vermelho sob as tiras de couro chamou minha atenção.
Empurrei a mordaça para o lado e retirei um pequeno cartão.

POTÊNCIA EXTREMAOnde histórias criam vida. Descubra agora