Capítulo 19

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O MAR REVOLVIA COM A maré. O calor e a promessa de mudança se misturavam à
maresia. Nuvens turquesa e cinza deslizavam pelo céu outonal, revelando o
azul claro acima. Um dia perfeito.
Alguém chamou meu nome. Alli apareceu no deque dos Landon, acenando
para eu entrar. O sorriso despreocupado que marcava seu rosto hoje não
tinha mudado. O nó de ansiedade na minha barriga aumentou, ameaçando
explodir a cada poucos minutos.
Hoje era o dia. Hoje eu me tornaria esposa de Blake. Hoje iríamos nos
comprometer um com o outro, para sempre.
Me juntei a Alli e às outras meninas. Garçons e amigos da família faziam
barulho pela casa dos pais de Blake. Alli me puxou para um dos grandes
quartos onde todo mundo estava se arrumando.
Fiona já estava vestida, a própria imagem da perfeição em um vestido de
madrinha tomara que caia, fluido e de cor lavanda. Alli e Simone alternavam
em me distrair do meu nervosismo e me dizer o que fazer em seguida.
Maquiagem, cabelo e sorrir para o fotógrafo de presença constante que
capturava nossos momentos casuais.
Estávamos leves; o champanhe borbulhava em nós. Tudo com relação ao
dia de hoje era surreal. Cada momento se passava em câmera lenta, mas
escapulia rápido demais. A mãe de Blake se alvoroçava ao nosso redor. Fiona
corria para analisar cada detalhe, certificando-se de que estava tudo perfeito
em um dia que ela passou tanto tempo ajudando a planejar. Alli me
paparicava e me direcionava, garantindo que eu estava em todos os lugares
em que devia estar. Rimos e lutamos contra as lágrimas. Eu queria guardar cada momento para poder me lembrar para sempre.
Blake e os meninos não estavam em nenhum lugar à vista. Ninguém quis
revelar onde eles estavam se escondendo. Eu sentia falta dele, mas honrei a
tradição e resolvi esperar. Tínhamos esperado tanto tempo. Eu podia esperar
um pouquinho mais.
Marie chegou pouco antes de tudo começar. Ela estava maravilhosa em um
vestido café brilhante que abraçava seu corpo miúdo. Ela se aproximou e me
abraçou apertado.
— Você está linda. Obrigada por estar aqui — sussurrei.
Ela deu um sorriso caloroso, e lágrimas brilhavam em seus olhos.
— Você também. E não há nenhum outro lugar onde eu preferiria estar do
que aqui com você, minha menina.
— Nada de choro! — latiu Alli. — A maquiagem dela está perfeita.
Segurem-se, pessoas.
Nós duas rimos, a ordem de Alli tinha conferido alguma leveza ao
momento. Marie e eu tínhamos acertos a fazer. Nós duas sentíamos muito, por
nosso orgulho e por tudo que tinha nos afastado. Ela ainda estava de luto por
Richard, ainda em choque por ele não apenas tê-la traído, mas também por
ter sido arrancado de sua vida tão repentinamente. Ela o amava, eu não tinha
dúvidas. As lágrimas contra as quais ela lutava todas as vezes que nos
encontramos depois do tiroteio me diziam isso.
Richard estava no lugar errado e na hora errada, mas eu também. Eu
queria culpar Daniel, mas podia muito bem culpar a mim mesma por
ingenuamente tê-lo trazido à minha vida meses atrás, me arremessando
nesse mundo perigoso sem saber as consequências da minha escolha. A vida
tinha seguido seu curso, mas coisas demais tinham acontecido para ter
ressentimentos. Richard tinha perdido a vida e eu quase tinha perdido a
minha. Marie era importante demais para mim e a vida se mostrou curta
demais para aumentar ainda mais a distância entre nós.
— Você está pronta para tudo isso? — perguntou ela.
Dei uma risada.
— Sim, acho que sim.
— Eu também acho. — Ela sorriu. — Você vai ficar linda, Erica. Mas eu
realmente não vou conseguir me controlar quando vir você no seu vestido.
— Por falar nisso… — disse Alli.
Ela saiu do banheiro acoplado com um saco enorme com meu vestido de
noiva dentro. A represa de lágrimas felizes surgiu atrás dos meus olhos de novo. Inspirei e expirei várias vezes para me acalmar, decidida a não arruinar
a maquiagem que ela tinha passado horas aperfeiçoando. Alguns minutos
depois, coloquei o vestido e Marie cuidadosamente fechou o zíper nas costas,
esticando o tecido em torno do meu busto. Não havia nenhum centímetro
sobrando em lugar nenhum. O vestido não podia estar mais perfeito. Era
creme, com decote coração, milhares de pequenas contas bordadas na renda
que recobria a camada de cetim macia por baixo. Elegante e minimalista.
Delicado e feminino.
Eu me tornaria esposa de Blake nesse vestido. Diria nossos votos. Nossos
votos… Fechei os olhos, imaginando todas as coisas que eu queria dizer a ele.
Quanto ele significava para mim e quanto eu queria que isso nunca mudasse.
Alli deu um aperto leve nos meus ombros.
— Estou morrendo neste momento. Espero que você tenha noção disso.
Sorri.
— Por quê?
Um sorriso caloroso iluminou seus olhos.
— Estou morrendo de inveja, mas isso não é nada em comparação ao
quanto eu estou totalmente feliz por vocês dois. Eu simplesmente não consigo
acreditar que isso está acontecendo. Sinto como se este fosse o dia mais feliz
da minha vida, mas é da sua.
Concordei rapidamente com a cabeça, e minha visão ficou embaçada com
as lágrimas.
— O vestido é lindo — admiti.
A garota que o estava usando estava um caos, contudo. Só mais uma hora e
eu estaria livre.
— Eu sei. Tenho ótimo gosto.
Deslizei as mãos pela renda delicada que abraçava minha cintura e
afunilava nas minhas coxas.
— Tem mesmo. Graças a Deus que você voltou para Boston. Eu estaria
perdida sem você.
Alguém bateu na porta, me assustando. Fiona a abriu e franziu a testa para
Heath, muito bem-vestido em um elegante smoking.
— O que você está fazendo aqui?
— Entrega especial.
Os olhos de Alli se iluminaram, como se ele fosse o noivo e ela o estivesse
vendo pela primeira vez. Eu queria ver isso acontecer e torcia para que Alli chegasse lá. Heath deu a volta na porta.
— Um presentinho do noivo.
Ele piscou e colocou uma caixa grande e achatada no meu colo antes de
desaparecer do covil das meninas.
Simone deu um gritinho e se aproximou quando eu a abri. Dentro,
desembrulhei uma gargantilha maravilhosa de diamantes. Ofegos e suspiros
se diluíram ao fundo.
— Cacete — murmurou Simone baixinho. — São diamantes?
Engoli em seco.
— Tenho bastante certeza de que sim.
Eu não conseguia nem começar a calcular o preço daquela joia, mas nunca
tinha visto nada tão lindo,
Entreguei-a a Simone, que colocou a gargantilha em torno do meu pescoço.
Era linda de tirar o fôlego e combinava com os outros presentes — o anel e os
braceletes — de um jeito extremamente significativo.
Mais alguns minutos de alvoroço e preparativos e começamos a atravessar
a casa. Além das janelas, com vista para o oceano e o extenso jardim, eu
podia ver os convidados e uma festa de casamento esperando sob o sol quente
de outubro. Tremi com a visão, animada, porém incrédula.
— Erica.
Me virei e Elliot se aproximou. Beth estava ao seu lado. Clara e Marissa
também, usando lindos vestidinhos brancos iguais.
— Meu Deus, vocês estão lindas — falei.
As meninas sorriram, e a animação iluminou seus olhos. Alli se agachou,
entregando pétalas de flores e nossas alianças a elas, relembrando-as das
tarefas que tínhamos ensaiado na noite anterior.
Elliot segurou minha mão, apertando-a delicadamente.
— Está pronta?
Soltei um suspiro nervoso. Sim. Apesar do nervosismo, eu nunca tinha
estado tão pronta para ser esposa de Blake. Eu queria sair por aquelas portas
e correr para ele. Queria casar com ele no segundo em que pusesse os olhos
nele. No meu coração, eu já tinha casado.
Assenti com a cabeça e enganchei o braço no de Elliot, deixando-o me
conduzir o resto do caminho.
Caminhei na direção de Blake, vendo apenas ele. Eu estava flutuando, cada
momento me aproximava cada vez mais do amor da minha vida. E agora, não
havia medo no meu coração. Nenhuma dúvida, nem a sombra.
A cerimônia passou como um sonho. Blake, maravilhoso em seu smoking com o oceano como pano de fundo. A família dele e a minha, nossos amigos
testemunhando o que sabíamos há tanto tempo, que queríamos um ao outro
para sempre.
Houve beijos. Houve lágrimas. Tudo que eu sabia era que ele era meu. Meu amor por ele agora era uma tatuagem escrita em meu coração, para todo o
sempre.

                              ***

Apoiei a cabeça no ombro de Blake enquanto a festa corria. O dia tinha
sido longo, mas a adrenalina me mantinha acordada. A tenda aquecida montada no quintal dos Landon estava lotada pela nossa pequena festa. Risos e música e conversas. A felicidade nos rodeava. As filhas de Elliot estavam dançando com uma energia sem limites na pista, juntamente com os pais de
Blake, que olhavam um nos olhos do outro com um amor que esquentava o meu coração. O mentor de Blake, Michael Pope, tinha vindo também. Não falamos sobre Max, mas eu pude ver o orgulho nos olhos dele quando ele nos parabenizou. Ele era como um segundo pai para Blake e eu podia sentir o arrependimento dele por Max ter prejudicado a todos nós com suas atitudes deploráveis.
Mesmo assim, nada podia arruinar a celebração. Tinham vindo mais
pessoas do que eu esperava. Nossa “pequena” comemoração tinha crescido em tamanho durante minha ausência, mas com o abraço contente dos parentes e amigos de Blake, eu não poderia me sentir mais amada e acolhida.
Eu estava sorrindo da cabeça aos meus muito cansados pés. O dia tinha sido simplesmente perfeito.
Me estiquei para dar um beijo suave no rosto de Blake.
Ele olhou para baixo, traçando um caminho de carícias preguiçosas no meu
braço, para baixo e para cima.
— Vamos dar uma volta e tomar um ar fresco.
— E os nossos convidados?
Ele ficou olhando para a festa, que tinha ficado cada vez mais barulhenta
na última hora à medida que os copos eram novamente enchidos e a noite
seguia seu curso. Simone estava falando alto e Alli estava rindo.
— Eles estão se divertindo à beça sem a gente. Tive que dividir você com
outras pessoas o dia todo. Agora quero você só para mim.
— Ele passou o
polegar pela minha bochecha.
— Não sei você, mas eu estou ansioso para que a lua de mel comece.
Mordi o lábio e ele me deu um sorriso fofo.
A emoção de estar nos braços dele de novo me aquecia, me enchendo de
contentamento. Todo meu corpo parecia zunir de felicidade, a euforia de que
eu agora estava com Blake e logo, logo — assim eu esperava
— eu seria dele ainda mais.
— Aonde vamos?
— Conheço um lugar perfeito.
Ele piscou e pegou minha mão, me guiando para fora da tenda, descendo as escadas até a praia lá embaixo. Dei mais uma olhada para a festa. Simone estava sentada no colo de James, e sua voz se sobressaía. Ele estava sorrindo, olhando para ela com olhos devotos. Ninguém estava sentindo nossa falta.
O sol tinha se posto e a brisa do oceano soprava fria na minha pele.
Segurei o vestido e os sapatos com uma mão enquanto Blake segurava a outra.
Caminhamos, a expectativa parecia roubar nossas palavras. Olhei adiante,
para o morro rochoso onde sempre encerrávamos nossas caminhadas quando
andávamos na praia na casa dos pais de Blake.
— Aonde estamos indo? Meus pés estão me matando.
— Vai valer a pena, prometo.
Os olhos dele brilharam como se ele estivesse guardando um segredo por
trás deles.
Diminuímos o passo quando a areia da praia se transformou em pedras e
rochas. Blake me envolveu em seu braço. Tremi e me aninhei no calor do abraço dele. Ficamos olhando para o horizonte escuro. Acima de nós, um
brilho suave iluminava as casas espalhadas ao longo da orla.
— Eu adoro esse lugar.
Ao lado do vinhedo, a casa ampla dos pais de Blake na beira da praia era o
perfeito paraíso.
Ele apontou para uma casa empoleirada no penhasco que acabava nos
nossos pés.
— O que você acha daquela lá?
— É estupenda.
Tudo com relação àquela casa era impressionante. Apesar de a casa de
Catherine e Greg ser mais moderna, aquela tinha todo o charme de uma casa histórica. Ela se esparramava por jardins meticulosos e um quintal com vista para o oceano infinito.
Ele me puxou mais para perto.
— Quero dá-la a você.
Ergui a sobrancelha.
— A casa?
Ele sorriu.
— Sim, a casa. Entre outras coisas.
— Por favor, me diga que você não está planejando entrar lá e fazer uma
oferta.
Ele deu uma risada.
— Não, acho que não. Venha. Vamos olhar mais de perto.
Ele foi na minha frente e se virou para pegar minha mão. Hesitei, tentando
imaginar como eu escalaria aquele pequeno precipício com meu traje atual.
— Vou arruinar o vestido.
— Quem liga? Você só vai usá-lo uma vez mesmo.
— O que é que vou fazer com os sapatos?
Eu os ergui. Blake os pegou e arremessou no quintal gramado do nosso
destino.
— Blake — falei, rindo.
— Tenho certeza de que essas pessoas não nos querem fuçando pelas janelas deles.
— Nada a ver. Não tem ninguém em casa.
Meneei a cabeça e peguei a mão dele, subindo pelo aclive rochoso. Blake
me ajudou a subir no quintal que formava uma planície no topo. A grama
fresca era fria sob meus pés enquanto dávamos a volta na casa. Ele me levou
até a porta da frente, uma entrada grandiosa emoldurada por colunas brancas
e luminárias ornamentais.
— Blake!
Soltei um sussurro brusco quando ele girou a maçaneta, abrindo a porta.
Antes que eu pudesse pará-lo, ele me pegou nos braços, entrando na casa
comigo no colo.
Blake me colocou no chão quando passamos pela porta. Havia uma cozinha branca grande e bem iluminada à nossa direita e uma sala de estar ampla e aberta à esquerda. Assimilei os detalhes que consegui na escuridão quase total. Blake me abraçou ainda mais forte pela cintura, me puxando contra seu peito.
— O que acha?
— sussurrou ele, e a satisfação brilhava em seus lindos olhos.
— É linda.
— Passei o dedo pelos lábios dele.
— Como você.
Ele gemeu e me ergueu do chão.
— Como você.
Senti o gosto do champanhe na língua dele e a vertigem do nosso dia
maravilhoso irradiando dele. Eu nunca o tinha visto tão visivelmente feliz.
— Acho que você está meio bêbado — provoquei quando ele me colocou
novamente no chão, um sorriso largo em seu rosto.
— Estou feliz. Sou o homem mais feliz do mundo neste momento. Posso
garantir isso.
Sorri de volta para ele, incapaz de argumentar. Eu estava mais que feliz
também. Ele me girou e me levou para o segundo piso.
— Onde você está indo?
— Estou fazendo o tour completo com você. Está gostando, até agora,
certo?
Dei uma risada.
— Eu sequer poderia sonhar com uma casa mais bonita, sinceramente. Só
tem um problema.
Ele olhou para mim e arqueou as sobrancelhas.
— Qual?
— Não é nossa, e você já pode acrescentar “invasão de propriedade” à sua
lista de atividades ilegais realizadas nesta vida. Se você quiser ir procurar
uma casa depois que voltarmos da lua de mel, tem minha permissão oficial.
Melhor irmos embora. Tenho planos mais grandiosos para esta noite do que a
cadeia.
— Acredite em mim, eu também. — Ele fez uma pausa no patamar da
escada, puxando-me para ele. — Quero lhe mostrar só mais uma coisa. Mas
quero que você feche os olhos primeiro.
Ele me pegou novamente no colo e eu senti que estávamos atravessando
um longo corredor. A noite preenchia a casa, mas, por trás das minhas
pálpebras, eu vi luz. Em pânico por não estarmos tão sozinhos quanto
pensávamos, abri os olhos. Tínhamos entrado em um quarto grande, mais ou menos três vezes maior do que o nosso.
Bem no centro havia uma cama com dossel enorme, coberta com um
edredom azul sedoso. Na parede oposta, havia uma lareira ornamentada
embutida na parede, que lançava um brilho difuso do fogo quente que
crepitava dentro dela. No console e em todas as outras superfícies
disponíveis, velas queimavam, iluminando o quarto amplo. O que era tudo
isso?
— Blake.
Minha voz mal era um sussurro.
Ele me colocou no chão, mantendo meu corpo pressionado contra o dele.
Ergui os olhos para os dele, que agora brilhavam mais do que nunca. A
malícia nos olhos dele tinha sido substituída por outra coisa.
— É sua. Sua e minha.
O ar se esvaiu de dentro de mim.
— Esta…?
— A casa. Todinha. É meu presente de casamento para você.
— Uma casa?
Sorri, incrédula, mas, de alguma forma, nem um pouco surpresa por Blake
ter feito tamanha compra extravagante para nosso dia especial.
— Gostou? — perguntou ele, com uma expressão hesitante.
Lágrimas se formaram nos cantos dos meus olhos.
— Blake, é… Meu Deus, é linda. Não sei o que dizer. — Me ocorreu o
pensamento de que estávamos literalmente a poucos passos da casa dos pais
dele. — Seus pais, eles sabem?
A hesitação dele desapareceu com um sorriso.
— Está brincando? Foi Catherine quem me avisou assim que os vizinhos
puseram a casa à venda. Fechamos o negócio antes mesmo de eles
conversarem com uma imobiliária.
Caramba.
— Não consigo acreditar que você fez isso. — Eu ainda não acreditava que
essa casa enorme e magnífica era nossa. Nossa. — Você não se importa em
estar tão perto?
Ele assentiu com a cabeça.
— Vai ser uma adaptação. Mas eu devo a eles, de certa forma. Passei um
bom tempo nos limites da cidade, até recentemente. E achei que seria bom,
para nós, finalmente ficar perto da família.
Abaixei os olhos, brincando com a rosa espetada no bolso do paletó dele.
— Eu os amo como se fossem minha própria família.
Ele ergueu meu queixo, acariciando minha bochecha delicadamente.
— Eles são. Somos uma única família agora, eu e você. E eles te amam
como a uma filha. Isso nunca vai mudar.
— Sou a mulher mais sortuda do mundo.
Ele passou o polegar pelos meus lábios trêmulos, abaixando-se lentamente
para capturá-los com um beijo.
— Vou passar o resto da minha vida garantindo que isso nunca mude.
Quero dar tudo a você…
Fiquei na ponta dos pés, me rendendo ao amor no beijo dele. As mãos dele
se agitaram. Ele expirou tremulamente.
— Está pronta para dar adeus a este vestido? Porque não posso esperar
nem mais um minuto para fazer amor com você.
Concordei com a cabeça. Ele fez um carinho nos meus ombros.
— Tão linda.
Me virei nos braços dele. Ele não teve dificuldade alguma em abrir o fecho
e o zíper das costas do vestido. O tecido pesado caiu no chão, formando uma
poça nos meus pés. Atrás de mim, ouvi Blake jogando suas próprias roupas no
chão. Me virei e o peguei me secando, de queixo caído, com olhos cheios de
desejo. Fiquei parada na frente dele com a lingerie de renda branca que eu
sabia que ele iria amar. Ele contornou a costura da minha calcinha e passou o
polegar pela cicatriz que espiava por debaixo dela. Em meio à felicidade
inebriante do dia, uma pequena tristeza pairou sobre mim. Ele segurou meu
queixo, erguendo meus olhos para os dele.
— Nada de olhos tristes esta noite. Esta é a hora do homem da casa fazer
amor apaixonadamente com sua linda esposa. Pode ser que eu não pare por
horas, pois estou faminto por você.
Então, as mãos dele estavam em todos os lugares, abrindo o corselete e
tirando a calcinha delicada de renda exatamente como eu imaginava que ele
faria. Ficando de joelhos, ele se demorou em mim, dando beijos delicados na
minha barriga e um pouquinho acima do montinho de pelos entre minhas
pernas.
Descendo para o local no meu abdômen onde a ferida marcava a pele, ele
raspou os lábios na cicatriz rosa escuro que tinha começado a se formar.
Tentei ignorar a imperfeição, desviando os olhos sempre que eles eram
atraídos para a região toda vez que eu me vestia ou me despia.
— Blake, não…
Me cobri, sentindo-me constrangida. Puxei os ombros dele, forçando-o a se
levantar.
Ele se ergueu, apenas para me deitar na cama macia e voltar sua atenção
novamente para a parte de baixo do meu corpo, beijando, lambendo. Ofeguei
quando ele deslizou a língua pela parte interna da minha coxa e voltou pelo
mesmo caminho. Ele foi subindo pelo meu corpo, reivindicando cada
pedacinho de pele com aquela boca maravilhosa até me deixar tremendo e à beira da loucura.
Ele segurou meu rosto com a mão, e todos os traços de humor sumiram da
sua expressão, nossos corpos estavam quentes de paixão e champanhe e do
calor que emanava das velas e com um brilho quente em nossas peles.
— Erica… Eu te amo…Você toda. Até mesmo suas cicatrizes.
O beijo intenso e determinado que se seguiu às palavras dele me deixou
sem ar. Com o jeito como ele estava me abraçando e me tocando, eu não tinha
certeza se conseguiria formular uma palavra ou respirar direito. Eu tinha
sentido tanta falta dele.
— Eu lhe disse que beijaria cada centímetro do seu corpo um dia. Estou
quase lá.
Ele ergueu meus joelhos, enganchando-os nos ombros. Então, a boca dele
estava em mim, dando lambidas firmes e deliberadas na ânsia quente entre
minhas coxas. A língua dele provocou minha entrada, me atiçando com
mergulhos rasos no lugar onde eu já estava encharcada para ele.
Puxei seus cabelos com força. Me ergui embaixo dele, desesperada por
mais contato naquele pontinho sensível. Minhas coxas tremeram, raspando no
rosto barbeado dele. Com mãos fortes, Blake me abriu novamente, me
expondo completamente para ele.
Agarrei o edredom, me preparando para o orgasmo que emergia e
ameaçava tomar conta de mim. Eu não conseguia acreditar que tínhamos
aguentado tanto tempo, mas agora que tínhamos, eu estava impotente
perante as sensações que se espalhavam por mim. Mais alguns segundos da
dedicação atenciosa da boca dele e eu estava no limite. Meu coração batia
freneticamente. Eu estava faminta por ele, um nervo exposto, esperando que
ele acendesse meu fogo com uma faísca. E foi isso que ele fez, me lambendo
até eu mal conseguir respirar.
— Blake!
Gritei o nome dele, imobilizada pelo prazer que ele me dava. Tinha
passado tempo demais. Eu tremia, completamente exaurida, mas ciente de
que tínhamos a noite toda.
Ele se ergueu sobre mim, seu corpo tonificado quente e protetor em cima
do meu. Recuperei o fôlego, fazendo com que ele entrasse em foco
novamente. Ele sorriu e me deu um beijo doce.
— Senti falta disso — cantarolei.
— Eu também. Você vai perder a conta de quantas vezes eu vou fazer você
gozar esta noite. Tenho que compensar o tempo perdido.
Um sorriso delirante curvou meus lábios, o contentamento me inundando.
— Mal posso esperar.
Os braços dele repousaram dos dois lados da minha cabeça e ele ficou me
olhando com uma expressão que parecia de encantamento.
— Erica, você tem ideia do quanto eu te amo?
Engoli em seco. Se ele me amasse só uma fração do quanto eu o amava, eu
sabia. Cada lasquinha de fascinação no olhar dele ricocheteava dentro de
mim, pousando em meu coração. Deslizei os dedos levemente sobre as linhas
marcantes do rosto dele, deslumbramento e desejo se misturando dentro de
mim.
— Acho que sim. Mas prefiro que você me mostre.
Ele fechou os olhos por um longo momento. Delicadamente, ele afastou
minhas pernas com o joelho. Enrolei-as nos quadris dele, puxando-o para
mim.
Lentamente, ele deslizou para dentro de mim, nos unindo. Gemi, me
contraindo em torno do corpo dele. Soltei um gritinho, tremendo com o
prazer de tê-lo dentro de mim novamente, me preenchendo com tamanha
perfeição após tanto tempo de ausência.
A primeira onda de prazer tomou conta de mim. A mera bênção de nossos
corpos juntos novamente era quase impossível de suportar. Voltei a me deitar
e tudo que senti foi o desejo crescendo mais uma vez.
— Blake — choraminguei, me agarrando a ele enquanto ele me possuía ali,
por vezes seguidas, com investidas fundas e consistentes.
Eu tinha ficado toda molhada em torno dele, meus pensamentos
redemoinhando com a paixão do nosso toque, a energia que explodia entre
nós toda vez que fazíamos amor. Tínhamos toda a noite assim.
Tínhamos todas as noites. Tínhamos para sempre.
Blake se aninhou em meus cabelos, me inspirando, me beijando, me
amando.
— Minha esposa — sussurrou ele.
Uma lágrima caiu, escorrendo até minha orelha. Nossas respirações se
misturaram, ofegantes e ritmadas ao mesmo tempo. Não podíamos estar mais
próximos. Éramos um. Nada poderia nos separar.

POTÊNCIA EXTREMAOnde histórias criam vida. Descubra agora