3. A-Yuan

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Há cerca de 4 anos um bebê recém-nascido foi abandonado num posto de gasolina, as autoridades foram chamadas e logo a criança foi atendida por médicos e levada a um abrigo, nada estava com ele além de um cobertor velho e um pequeno bilhete que dizia “Por favor, cuidem do pequeno Yuan, eu não posso mais”, o garoto sequer vestia roupas. Alguns meses de investigação se passaram para descobrir quem era aquela mulher, não que a polícia estivesse realmente empenhada, mas era uma cidade em que abandonos de recém-nascidos em postos de gasolina não eram comuns, até que descobriram que se tratava de uma usuária de drogas que morrera pouco tempo depois de uma overdose, não era um bom registro para uma criança ter, contudo, ao menos ela escolhera um nome que foi mantido pelo abrigo. 

Yuan era um bebê lindo e muito receptivo, várias famílias se interessaram em ficar com ele no início, entretanto, acabou sendo adotado por um casal não muito paciente que logo o devolveu após algumas noites de choro. O segundo casal fazia lar temporário para algumas crianças de todas as idades e quando um ser tão pequeno chegou, acabou demandando muita atenção que nem sempre era prestada e o conselho tutelar o levou de volta para o orfanato. O garotinho foi crescendo e a sorte não parecia ser sua aliada, quando aprendeu a falar, se tornou muito mais “irritante”, já nas entrevistas de adoção os casais se chateavam, o menino era animado, perguntava sobre todas as coisas com sua vozinha infantil e suas palavras que nem sempre faziam sentido, muito imaginativo e bastante curioso, os adultos não gostavam daquilo, talvez quisessem bonecos ao invés de crianças. No fim, o pequeno A-Yuan voltava para o abrigo e tinha cada vez mais certeza que não sairia dele, a cada nova entrevista ele se retraía mais, já não falava ou perguntava, os casais interessados passaram a achá-lo um garoto muito melancólico, ele nunca era bom o bastante para ninguém. 

-A-Yuan, temos alguém interessado em você

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-A-Yuan, temos alguém interessado em você. - disse uma senhora entrando no quarto que o garoto dividia com mais três de sua faixa etária. - o garotinho levantou o olhar para ela e deu um suspiro.

-A-Yuan não quer ir. - respondeu voltando seu olhar para o papel que ele pintava no chão.

-Você não quer dar uma chance? Têm umas pessoas muito interessantes lá fora.

-Não. - ele balançou a cabecinha de um lado a outro e continuou rabiscar no papel.

-Ok… Que tal se formos brincar lá fora com seus coleguinhas, então?

-A vovó não está enganando o A-Yuan?

-É claro que não. - ela estendeu a mão a ele - Vamos brincar lá fora, A-Yuan não saiu do quarto desde o café da manhã.

-Tá bom… - ele pegou a mão da senhora e os dois saíram do quarto.

...

-Ali está nosso pequeno Yuan. - disse uma das funcionárias do orfanato indicando ao longe um garotinho que brincava no balanço junto com uma senhora.

-Ele tem um sorriso muito bonito… Não acredito que foi devolvido tantas vezes. - comentou XiChen.

-A pessoas podem ser bastante cruéis… Esse garoto já acumulou uma boa cota de sofrimento em tão pouco tempo de vida, não queremos que ele sofra mais então só liberaremos sua adoção para alguém que realmente o queira. - WangJi observava o menino com uma expressão que quase podia ser tida como ternura - Devo admitir que é bastante incomum um homem tão jovem e solteiro buscar uma criança, ainda mais tão grande. É um pouco suspeito, senhor Lan. 

Linhas Entrelaçadas [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora