Capítulo três - longe.

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Estou em frente ao apartamento de Samuel, já cliquei mil vezes na campainha e nada, e ainda são seis horas, até que o vejo saindo do elevador e vindo em minha direção, seu olhar parecia confuso, aposto que o meu parecia aterrorizado.. Ele vem em minha direção meio desesperado, ele sabe como é difícil eu ir atrás dele assim,sem avisar nada, só quando acontece algo muito grave.

— O que houve Emy!? — ele veio correndo até mim.

— Precisamos conversar! Vamos, abra logo isso! — eu digo apontando para a porta, o que deixa ele mais desesperado e faz com que as chaves caiam.

Entramos na casa dele e sentamos no sofá, eu não faço a mínima ideia de como dizer isso, sentia meu corpo inteiro tremer.

— Samuel, o que eu vou dizer aqui você nunca jamais poderá dizer a alguém, certo?! — Ele assente. — Nem sei como vou dizer isso, olha, não me julgue. — ele me olha meio assustado. — Lembra daquela festa, quando você nos apresentou Alexia? — ele balança a cabeça concordando. — Então, lembra quando ela desmaiou...? — ele estufa os olhos.

— Emily, pelo amor, você não envenenou ela não, né? — ele quase gritou, estava bem assustado.

— Não! Meu Deus! Na verdade foi uma coisa totalmente ao contrário. — eu digo e sinto minhas mãos gelarem e minhas bochechas ficarem vermelhas. — Bem, antes dela desmaiar... — sinto um nó na garganta. – A gente se beijou, quer dizer, ela me beijou, mas eu também não recusei, e foram duas vezes. - eu digo e me escondo atrás das minhas mãos. Abro um espaço entre os dedos e Samuel está me olhando tentando assimilar tudo.

— Então foi isso? Vocês se beijaram? O que tem de tão urgente nisso, Emily? —Samuel parecia com raiva.

— Oh, não parece tão surpreso com isso. Mas não é só isso. — o vejo levantar a sobrancelha com ironia.

—Como se fosse uma grande surpresa você ficar com mulheres aleatórias em festas. — ele disse, rindo. —Era só questão de tempo até você ser a cura hetero de Alexia. —ah, sim. Ele achava que Alexia era hetero.

—Ei! A galinha do rolê é você. Mas preste atenção no que vou te contar agora, é muito sério. —meu rosto devia estar em total estado de choque.

—Diga. — ele sentou-se no sofá, enquanto eu caminhava pra lá e pra cá tentando achar palavras para isso.

— Uns dias atrás recebi uma carta em minha porta com várias fotos de Alexia me beijando, ou melhor, da gente se pegando. — digo, engolindo em seco. — O que eu realmente não faço ideia do porquê disso, quem ganharia algo com o vazamento dessas fotos. Mas hum... você sabe.

—Alexia perderia muito com vazamento dessas fotos. — Samuel parecia muito preocupado. —Então... Alexia...hum...não é hetero?

—É, caro Watson, e ela enganou você direitinho também, né? Eu não sei o quem diabos fez isso, algum tipo de tarado maníaco, ou alguém que me odeia demais, ou odeia Alexia, sei lá. E a pessoa disse na carta que queria me encontrar hoje as 23:00 horas lá na praça da Quinta Avenida. Eu tô com medo demais disso, Samuel. Tentei ignorar isso desde ontem porque parece que foi apenas um trote bizarro mas eram muitas fotos. E você sabe que além dos pais diabólicos de Alexia, ainda tenho meu estágio, na carta dizia que eu não poderia falar para Alexia sobre nada! — digo, com a voz chorosa e Samuca se aproxima de mim e faz carinho na minha cabeça com semblante preocupado e confuso. — Eu não sei o que fazer, quer dizer, não é como se fotos minhas beijando uma mulher fossem o fim do mundo, afinal estamos no século XXI, mas seria um estrago bem feio, sabe que aquela escola tem alguns pais bem conservadores... sou uma pobre estagiaria, Samuel, posso ser botada pra fora só por respirar diferente imagina por ser sapatão! E Alexia... porra, a garota teve que mudar de estado pra conseguir paz de espirito, se essas fotos chegam na família dela eu temo pela vida dela, sério!

Ela. Alexia.Onde histórias criam vida. Descubra agora