Capítulo 1- O homem na nevasca

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Teya Engelhardt acordou sobressaltada. Ela estava suando e as marcas em ambas as suas mãos doíam, como todas as vezes em que tinha esses pesadelos. Seu quarto estava frio a ponto de sua respiração condensar em sua frente, mesmo que as janelas pesadas estivessem fechadas. A dor nas palmas não parou e ela as tirou de baixo do mar de cobertas que Kay havia colocado por cima dela.

O que estava acontecendo? Ela já tinha visto as marcas brilharem naquele tom claro de magenta, mas nunca pulsar e arder tanto quanto naquele dia. Como sempre que acordava de um pesadelo, seu irmão entrou correndo e se sentou ao lado dela, procurando sinais de ferimentos.

-Está tudo bem? Aconteceu de novo não é?- perguntou.

A garota levantou seus olhos para ele. Sempre disseram que eles pareciam gêmeos, os dois com pele clara como mármore, os cabelos cor de ébano e os olhos de um turquesa bem vívido, mas para sempre foram tão diferentes. Kay era sempre gentil e carinhoso com todos, e cuidou dela como um pai depois da morte da mãe. Todos sempre se aproximavam dele. Já ela era a indesejada, sempre fora, não por ser grosseira, nem por sua timidez, mas por conta de seu poder. A maldita maldição, que nasceu junto com ela.

Diferente que todos que conhecia, sua magia parecia independente: se soltava sozinha no meio da noite e destruía casas e mais casas. Jamais julgou os pais por esconderem palmas dela, rezando para que assim seus poderes de alguma forma fossem esquecidos, e parassem de se manifestar. Mas ela não podia negar que ficou muito emocionada quando seu irmão começou a usar um cachecol para cobrir as dele, as lindas marcas gêmeas, uma de cada lado do pescoço, que desde de seu nascimento estiveram ali. Pelo menos o cachecol azul ressaltava a cor de seus olhos.

-Sim, estou bem, só as marcas que estão queimando um pouco. Aí!!!- exclamou Teya, quando elas esquentaram e brilharam vermelho, como ela nunca tinha visto.

Por um momento os olhos de Kay brilharam com desespero, e sua expressão ficou rígida; ele já devia ter visto isso acontecendo antes. Foi até a cortina do quarto, e espiou através dela. A neve brincava lá fora caindo pesadamente, enquanto os ventos rugiam e sopravam vindos do Oeste e passando pelas laterais do pico da montanha logo atrás.

As folhas da cerejeira ao lado da casa voavam rapidamente para longe, e no fundo, perto a borda da montanha havia uma pequena mancha preta contra a neve e os ventos. Não! Não uma mancha! Era um homem! Os casacos pesados e o cachecol voando ao vento o denunciavam, porém a só a linha de seus olhos era visível por baixo da máscara e do gorro.

As Crônicas de EngelhardtOnde histórias criam vida. Descubra agora