Capítulo Único

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A delegacia mais importante de Bangkok estava muito agitada, o que não era uma novidade. Por sempre ter tido o título de maior delegacia, levava consigo os maiores e piores casos. Justamente por aquele detalhe, a delegacia fazia questão de ter a melhor equipe. Havia, especificamente, os policiais, que mais se destacavam pela coragem e pela amizade que tinham entre si. O lugar era sério, e todos ali faziam um trabalho árduo todo santo dia, e, ainda assim, não deixavam de ser uma família.

A sexta-feira começou agitada, e a delegacia estava um caos, com o delegado andando de um lado para o outro, procurando organizar o que estava pendente. No dia anterior, acabou acontecendo a fuga de alguns prisioneiros, e toda a equipe estava se organizando para que pudessem começar as buscas. No entanto, não só as buscas precisavam ser feitas, papéis precisavam ser organizados, fichas de criminosos, e a escolha de quem participaria das procuras.

Naquele momento, era exatamente o que estava acontecendo. O delegado Type reuniu alguns policiais, pronto para dividi-los em equipe. Cada grupo iria para algum lugar, já que muitos criminosos tinham conseguido fugir.

Bright se controlou para não revirar os olhos ou bufar em frente ao chefe. Não que fosse um homem sem coração, que não gostasse de nenhum ser humano... o problema era que a sua dupla em questão era Metawin, um cara atrapalhado e engraçadinho — para a infelicidade de Bright. Em resumo, eram dois policiais que trabalhavam juntos há alguns anos, e teriam se tornado amigos, se Metawin não fosse brincalhão na maior parte do tempo.

Desde o primeiro dia, Bright começou a não suportar as piadas que Metawin fazia, não só com ele, mas com o pessoal da delegacia — todos levavam numa boa, mas não Bright. Ele era um policial profissional e ocupado, não tinha tempo para ficar brincando. Achava Metawin um pé no saco. Mesmo que fosse bonitão com o uniforme e tivesse alguns músculos, mas, ainda assim, era insuportável aos olhos de Bright. Queria socar a carinha fofa que ele tinha, ainda que ficasse com dó depois. Não importava muito, de qualquer forma. Não teria coragem de socá-lo, e só o suportava porque trabalhavam juntos.

Quando estavam prontos para irem fazer a busca, Metawin bateu com o ombro em Bright. Ele olhou o mais alto, querendo matá-lo, e Metawin sorriu provocativo.

— Essa busca vai ser adrenalina pura.

— Não diria isso. É uma busca séria, então nada de brincadeirinhas, entendeu?

— Você não manda em mim

— Você consegue ser menos infantil? — Sussurrou, embora a sua vontade fosse gritar.

A busca mal tinha começado e Bright já queria desistir. Desistir de ir com Metawin e ficar perto dele. Preferia mil vezes trabalhar sozinho. Faria tudo muito rápido e não aturaria piadas que o desagradassem. Infelizmente, precisava obedecer às ordens do chefe.

Cada partezinha estava lotada de pessoas, o que complicava a busca. Mesmo que Metawin estivesse com as fotos dos criminosos na mão, parecia impossível achá-los. Tinha muita gente ao redor, e como se não bastasse, Metawin ficou interessado no que tinha por perto, parecendo um turista. Estava sorrindo, bobo com a cultura de onde morava. Parecia uma criança. Bright precisou se controlar para não perder a paciência, surtar, e deixá-lo trabalhando sozinho.

As coisas começaram a sair do controle quando o lugar ficou mais cheio do que estava quando chegaram, à medida que o dia passava. Bright e Metawin tiveram que andar com os ombros juntos, os corpos colados — para o azar de Bright. Estava fazendo muito calor, e ele só queria arrancar o uniforme no meio da rua.

Pararam para comprar duas garrafas de água. Só tinha uma garrafa. O vendedor deu a desculpa de que havia muitos turistas e visitantes naquele dia, e por isso, as águas tinham acabado rápido. Bom, não era um problemão. Poderiam dividir uma garrafa de água sem Bright matar o parceiro.

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