Capítulo Extra: Compatíveis

880 114 73
                                    

Como de costume, a delegacia estava agitada. Famílias querendo informações, testemunhas sendo ouvidas e criminosos prontos para irem presos. Tudo aquilo já fazia parte da rotina do trabalho de todos que estavam ali, e por incrível que parecesse, eles gostavam daquela agitação e adrenalina. Era o trabalho deles e eles amavam o que faziam.

Ao lado da sala de Type, — o delegado e o cara mais respeitado daquele lugar — existia uma outra sala dividida por duas pessoas. Parando para pensar naquilo, Bright achava uma infelicidade dividir a sala e seus pertences com um Metawin feliz demais. Não negava que o detestava desde que entrou naquele lugar, embora no fundo fosse apaixonado por ele e já tivessem transado em cima de uma mesa. Eles se tornaram mais próximos depois do acontecimento, mas ainda existia a incompatibilidade que Bright insistia em afirmar que tinham.

— Ei, policial.

Bright respirou fundo. Se perguntava qual o direito que Metawin tinha de simplesmente sentar-se em cima da sua mesa. O que sabia era que Metawin era um provocador filho da mãe e que conseguia deixar Bright sem jeito.

— O quê?

Metawin sorriu ladino, segurando a caneca de café nas mãos.

— Tô tentando conversar, não tenho nada pra fazer.

Bright parou de digitar no notebook e olhou o outro ainda sentado em sua mesa, já encarando-o de volta.

— Você não tem nada pra fazer, Metawin, mas eu tenho. Muita coisa, aliás. Por que não vai encher o saco do delegado, hein?

Com um bico, Metawin tomou mais café e respondeu:

— Type tá ocupado resolvendo coisas. Você sabe, parece que no fim do ano as coisas pioram. Não sei se isso é ruim ou bom.

— Claro que é algo ruim, idiota. — Esfregou a testa, fechando os olhos.

Metawin riu com a cena, então, ele voltou à sua mesa e tomou o restinho do café, enquanto Bright voltou ao trabalho em seu notebook.

Todos os dias eram daquele mesmo jeitinho. Havia dias piores, com Metawin fazendo Bright surtar e gritar, mas havia dias calmos também, onde separavam um tempo, esqueciam as desavenças e beijavam-se por horas em cima da mesa até que esquecessem das roupas e dos próprios nomes.

Type entrou na sala ao lado da sua enquanto subia a calça de couro que usava. Ele era um homem rico e bonito demais. Era um delegado por merecimento, e tinha motivos para se achar o melhor, porque ele realmente era o melhor.

— Metawin, cadê o Bright?

— Não chegou ainda, delegado.

Type continuou encarando Metawin, como se quisesse mais respostas.

— Metawin.

Metawin não estava prestando muita atenção. Era de manhã cedo e ele ainda nem havia acordado direito, por isso estava tomando um cafezinho — o que não era novidade.

Quando percebeu que estava sendo encarado por um chefe nada contente e com as mãos na cintura, logo endireitou a postura.

— Pode falar.

— Eu quero saber do Bright.

— Ele deve ter passado a noite em uma casa de stripper, aí acordou tarde e ainda não chegou. Provavelmente foi isso.

Type ficou surpreso. O policial não tinha cara de ser aquele tipo de pessoa. Na verdade, Bright era muito recatado para passar a noite se divertindo com mulheres seminuas.

IncompatíveisOnde histórias criam vida. Descubra agora