Capítulo Extra: Harmonia

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Bright queria matá-lo. Não Metawin. Matar aquele tal de Mike, o novo cara no departamento, que estava próximo de Metawin. Os dois eram farinha do mesmo saco. Piadinhas para lá, risadinhas para cá. E eles estavam colados um no outro. Literalmente. Com sorrisos direcionados um para o outro e canecas de café nas mãos. Bright não admitiria nem com uma arma em sua cabeça, mas estava com ciúmes. Ninguém ali era próximo de Metawin, e de repente, um cara novo aparece e se torna o melhor amigo do seu parceiro de transa? Sem chance. Bright iria pular no pescoço do novato em algum momento.

Mike era a cópia de Metawin. Ele era brincalhão e piadista, coisas que Bright odiava em alguém, exceto em um certo policial. Por causa daquilo, Mike estava se dando super bem com Metawin. Sendo sincero, Bright nunca viu Metawin tão feliz. Os olhos em formato de meia-lua e o sorriso gigante na boca, mostrando quase todos os dentes, não escondia aquilo, o que deixou Bright mais furioso e ciumento do que nunca, pois durante meses em um relacionamento sem nome com Metawin, nunca fez com que ele se sentisse daquele jeito, com beijos quentes ou na hora do sexo, nunca. Aquele sentimento queimando no peito começou a incomodá-lo bastante.

Bright desviou o olhar para a própria mesa meio bagunçada. Estava sentado na cadeira atrás dela quando viu Type, o delegado, passar por ele com um sorrisinho de canto nos lábios, o encarando enquanto andava. Bright sentiu um frio na espinha. Como se Type quisesse colocar lenha na fogueira e piorar toda a situação de Bright, ele parou perto de Metawin e Mike e mudou o rumo da conversa.

— Mike, você é a luz desse lugar. Metawin, não fique com inveja.

— Ele é mesmo o máximo, não é? — Metawin elogiou o novo policial, o tocando no ombro.

No mesmo segundo, Bright rangeu os dentes. A pior parte de tudo aquilo era que Metawin não estava nem aí para si naquele momento.

— Ei, querem saber? — Disse Type. — Mike, vou colocar você como parceiro do Metawin.

Mordendo a língua para não soltar um xingamento na direção do chefe, Bright se sentiu aliviado com o olhar de Metawin em si. Ele ficou sério de repente.

— Mas... e o Bright? Ele é o meu parceiro há tanto tempo que eu não consigo contar nos dedos. — Riu sem graça, no fim.

Type olhou Bright com o mesmo sorriso debochado de antes e o policial torceu para que ele explodisse. Então o delegado voltou a olhar os outros dois, dizendo:

— Fica tranquilo. Vamos ter uma busca, uma apreensão de drogas, coisa rápida. Já temos tudo arquitetado. Quero que o Mike seja o seu parceiro nessa missão, por enquanto. Vocês se dão tão bem. Quero ver como trabalham juntos.

— Aparentemente, eu fui deixado de lado.

Todos olharam Bright, que não se arrependeu do que disse. Qual é, Metawin era o seu parceiro há muitos anos. Type estava sendo cruel, principalmente porque Bright sabia que ele desconfiava do caso amoroso dos dois.

— É só por um tempo. — Type assegurou.

De fato, foi por um tempo. Algumas semanas. Metawin mudou de sala e estava dividindo um espaço com Mike. Bright sentiu uma falta absurda dele. Não ficou sozinho, mas foi quase a mesma coisa. As piadas dele e as brincadeiras, de repente, não pareciam tão ruim. Queria mais que qualquer coisa ouvir a voz de Metawin e a sua risada. O pior de tudo era não vê-lo quase nunca, pois ambos estavam sempre muito ocupados. Seja lá qual relação eles tivessem, havia acabado. Como se não bastasse a saudade, havia o ciúme. Bright sempre dava de cara com Metawin e Mike juntos. Não ligava se Mike era o outro palhaço do departamento de polícia ou não, ele estava roubando o seu Metawin.

— Você parece estressado. Mais do que o normal.

— Eu realmente não quero conversar agora, Type.

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