Quem Você Acha Que Engana?

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Com a ponta do dedo indicador, a morena rodeava a taça com alguma bebida que não sabia o nome, porém estava ingerindo todo tipo de bebida alcoólica naquela noite. Tentava de todas as formas esquecer o que ocorreu na cozinha com a médica umas horas atrás, mas por algum motivo não conseguia. Se sentia estranha, mas não um estranho ruim, era um estranho bom. Nunca sentiu vontade de beijar uma mulher na vida até aquela noite e isso realmente deixava sua cabeça a mil. Não que isso fosse um crime ou algo assustador, sempre soube muito bem lidar com sexualidades, e sempre respeitou o espaço de todos, seja na sua opção sexual, religião ou sua opinião política. Desde muito jovem sempre foi um pouco bruta com homens, crescendo em um ambiente onde via o próprio pai agredir a mãe, já tinha um ideia contrariada sobre homens, mas isso não fez com que não gostasse deles, sabia que não eram todos assim. Sua família costumava brincar dizendo que a advogada não iria gostar da fruta, pois não era tão animada para o lado de namoro e isso acontecia até hoje. Os estudos sempre esteve em primeiro lugar, e hoje graças à isso era uma grande advogada criminalista. Sabia que na hora e no momento certo iria aparecer alguém que a merecia.

– O que rolou lá dentro? — Paulin sentou-se ao lado da morena a tirando de seus pensamentos

Gizelly revirou os olhos para o amigo.

– Nada demais, ela me ofereceu bebida e eu bebi. Depois viemos para fora de novo — Sua voz era arrastada por conta da bebida, mas mesmo assim conseguiu falar tranquilamente.

– Quem você acha que engana? Hellou!! — Ele reproduziu sua frase a fazendo sorrir e prontamente entregando o jogo.

– Eu iria beijar ela se não fosse meu subconsciente gritando para mim correr daquela cozinha — Olhou ao redor procurando as amigas e sem querer esbarrou nos olhos da loira. Desde o ocorrido vinha sendo assim, os olhares sempre se cruzavam como se fosse um imã que os atraia.

– Você está bem? — Se aproximou. Paulin conhecia a morena na palma da mão.

– Estou confusa. — Soltou encarando qualquer ponto e então continuou – Eu não sei.. Eu nunca senti isso, você sabe.

– Eu sei sim meu amor, mas ta tudo bem ok? Isso é normal Gizelly. Sei que é complicado, mas não tem nada de errado. Quer beija-lá? Beije, viva o momento. Você sempre foi assim não é? Intensa e sabe muito bem viver a vida, eu acho que o mundo deveria ser assim sabe? Que pessoas se atraíssem por pessoas e não por gêneros!

Gizelly o encarava, e o seu amigo estava certo. Nunca teve tabus na vida, não seria agora que teria. Mas por Deus nunca se sentiu acuada assim com uma pessoa, com receio e até mesmo vergonha. A verdade é que a médica a intimidava demais.

– Você está certo. — Foi a única frase dita antes de suas amigas retornarem à mesa praticamente caindo, as três.

– Por Deus e eu achando que estava péssima — Sorriu da situação.

– E você está, já beijou até a doutora - Tais falou sorrindo mais que o normal.

– Não beijei ela. Ainda — Sorriu travessa

– Uhoaaaaaa — Todos gritaram em uníssono.

– Chega de beber, melhor pararem um pouco. — Por mais que estivesse bêbada também, parecia que era a única que ainda tinha juízo na mesa.

As três reclamaram mas obedeceram à advogada.

– Paulin olha elas. Vou buscar água para ver se o álcool ameniza mais.

Após a confirmação de seu amigo, a morena seguiu até a cozinha onde já sabia o caminho. Procurou por copos descartáveis já que não seria boa ideia deixar copos de vidro na mão de cinco bêbados, incluindo ela e Paulin.

– Procurando algo?

Gizelly sentiu o coração disparar, não só pelo susto, mas sim por conhecer aquela voz mesmo estando de costas.

– Vim pegar água, as meninas estão loucaaas e confesso que eu e Paulin também — Sorriu sem mostrar os dentes virando de frente para a loira.

Os olhares se encontraram por um breve segundo antes da loira dar passos em sua direção. Gizelly prendeu a respiração quando a loira passou por um fio de seu corpo e abriu uma gaveta pegando uma embalagem de copos.

– Aqui. Agora deixe-me ver se tem água... — Lhe ofereceu os copos e abriu a geladeira.
– É que ultimamente andamos bebendo apenas álcool — Sorriu deixando o corpo da advogada fraco.

– Na minha casa é assim também... — Observou ela pegar a jarra.
– Quer dizer... não que a gente vive bebendo...

– Entendi — Mais uma vez a loira sorriu. Gizelly chegou a conclusão que seu sorriso era o mais lindo a que já tinha visto.

Houve um breve silêncio e então a loira fez menção em se retirar segurando a barra de seu vestido.

– Marcela... — Gizelly a chamou num fio de voz.

– Sim? — Com uma sobrancelha arqueda a loira a encarou.

– Eu também te observei a tarde toda — Em uma tentava frustada de conter o nervosismo mordeu o lábio inferior. Coisa que ao ver de Marcela a deixava extremamente atraente, mais do que já era.

Os Opostos Se AtraemOnde histórias criam vida. Descubra agora