back to darkness

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O velório foi uma das partes mais angustiantes que eu já passei na minha vida, decidiram velar as duas no mesmo lugar já que as famílias eram bem próximas

Não puderam deixar o caixão aberto por causa do estado do corpo delas, todos estavam lá, repórteres, pessoas importantes da cidade vizinha e nós, os Blood, a imprensa queria detalhes da morte mas também tentava conseguir uma entrevista com os "donos da cidade", eu odeio esse título, mas aonde eu vou sou conhecida por isso, pelas empresas e nome história, coisas que detesto

Eu fiquei ali ao lado delas, durante toda a madrugada, acordada e pensando que diabos um monstro foi matar justo as minhas garotas, poderia ter feito com qualquer um, mas escolheu elas pra esse fim horrível

Na manhã seguinte, exatamente as 6:30, o carro funerário partiu, junto dele os carros atrás, uma passeata até o destino final: o cemitério da cidade

O dia era chuvoso assim como as pessoas, a água misturada as lágrimas, eu nunca pensei que passaria por isso, vê-las sendo enterradas, tão jovens e com o futuro interrompido

Não teria aula hoje nem amanhã, a família, amigos e escola viviam em luto, eu chorava enquanto os pontos faziam barulho sob o guarda chuva preto

Ver os caixões sendo colocados na cova foi o fim, os pais estavam inconsoláveis, não saber a verdade sobre o que aconteceu era ruim, mas ver a própria filha sendo enterrada, é demais pra qualquer um

Os professores e alunos estavam ali, dando um último adeus a nick e Miasy, inclusive os namorados delas, que choravam ao ver a cena

Todos começaram a ir embora, eu fiquei ali vendo, como tudo pode acabar assim? Alguém vem e tira a sua vida, sem você poder se defender, será esse o propósito? Nascer pra morrer?

Meus pais vão pro carro e me deixam sozinha, não completamente sozinha pois os pais delas estão chorando enquanto vêem o coveiro trancando os portões com cadeado e corrente, eles queriam que tudo fosse mentira, eu também queria que tudo fosse tudo uma mentira

Paul aparece ao meu lado, eu o abraço e o cubro com o guarda chuva, ele está molhado e seu rosto está frio, seus olhos estão vermelhos e o nariz também, ele me diz:

- se precisar de alguma coisa eu sempre vou estar aqui, não se esqueça disso.

- obrigada, por estar ao meu lado nesse momento difícil

- esse é o dever de quem ama, estar nos momentos bons e ruins

O abraço, e choro de novo, eu não consigo me controlar, as lágrimas saem sem eu poder conte-las, me afasto um o e vamos nos despedir da família

Depois disso, vou ate o carro da minha família, me despeço de Paul e entro, eu só quero que essa dor passe, eu não aguento mais isso

Fomos embora, o dia seguinte se passa tão devagar, a noite decido ir até a cabana onde minhas amigas foram mortas, eu tenho que descobrir algo, alguma pista, qualquer coisa que indique quem foi

Está frio, mas a chuva já não cai, levo uma faca comigo, nunca se sabe o que pode acontecer, ando rápido, ninguém pode me ver.

Chego lá, faço o maior silêncio que posso, entro na casa e está vazia e fria, tem marcas de garras na parede, e um cheiro horrível, de coisa podre, carniça

Ouço barulhos vindos de fora, então me escondo atrás de um sofá, o barulho continua, é uma respiração ofegante, como se fosse um bicho cansado

Me atrevo a olhar pela janela e vejo algo que nunca pensei que veria em toda a minha vida, um monstro ou animal, só sei que ele era completamente pelado, sem nenhum pelo ou roupa o cobrindo

Andava com 4 patas no chão, as pernas traseiras eram longas e seus pés também, os braços eram curtos e garras enormes saiam dos seus 4 dedos, ainda por cima uma cauda longa

A boca era grande e tinha 4 presas enormes, os olhos amarelos, orelhas pontudas e grandes, parecia com as de um doberman, as costelas sobressaíam a pele fina, e espinhos cobriam as costas

Eu estava com medo, aquilo era medonho, tive que me beliscar para ter certeza que aquilo era real

Percebendo que era um fato, fiquei olhando, a besta começou a se transmutar, o corpo ficou ereto e as formas começaram a ficar parecidas com a de um humano

As presas e garras caíram no chão, e logo o cabelo começou a crescer, ele caiu de joelhos e ficou chorando, dando tapas no próprio rosto, estava nu, e tinha uma tatuagem que cobria o braço

Fui para fora, eu precisava ver o rosto dessa besta, sai na porta e quando fui em direção, saiu correndo e entrou na mata, droga, perdi a chance de acabar com isso

Voltei pra casa, tenho que achar uma maneira de fazer uma armadilha para pegar essa coisa, mãe agora e eu preciso descansar

Deito na cama, não vou para a escola amanhã, seria ruim ficar lá sem ninguém, sem minhas amigas, estou perdida...

Acordo toda suada por conta de um pesadelo em que aquela criatura estraçalhava meu lúcifer, eu chorava, não consegui mais dormir depois daquilo, não que aconteça nada com ele, não vou permitir isso de jeito nenhum

Desço as escadas e acho uma garrafa de vodka na geladeira, a levo comigo para o quarto

Eu ando bebendo muito, mas foda-se, isso é o que vai né manter calma, eu espero, tomo o conteúdo todo, o pior é que não consigo ficar bêbada, maldição!

O dia amanhece, e eu estou acordada, olhando o sol nascer pela janela do meu quarto, tempo estranho esse, um dia está calor, outro está frio e chovendo

Preciso de um banho, estou com um cheiro horrível de álcool. Tomo um banho demorado, tirando toda aquela tensão do meu corpo, eu tenho que parar de chorar, meu choro não vai trazê-las de volta

NOTAS DA AUTORA:

espero que tenham gostado. Capítulo curto mas necessário, prometo compensar nos próximos

Sintam-se livres para curtir e comentar

Bjinhos da autora ❤️✨

Meu Professor É O DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora