Prólogo

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"Nosso é o tempo,
esta é a hora,
nossa é a magia,
nosso é o poder."
Jovens Bruxas [1996]

San Jose del Cabo, México - 2010

Despontava sobre o céu daquela cidade litorânea uma grande e prateada lua cheia, cenário perfeito para um ritual de amizade.

Bem, deveria ser assim.

Era um encontro em uma noite de Halloween de seis pré-adolescentes e algumas revelações mudariam as coisas por uns bons anos, quiçá para sempre.

– Isso é pacto com o Diabo? – Christian perguntou assustado ao arrumar o capuz de sua capa preta de bruxo. Os cabelos coloridos apareciam levemente entre o tecido acetinado.

– Já falei que não! – Dulce Maria, uma jovem dos cabelos negros e grandes olhos expressivos, respondeu um pouco arredia. Assim como seu amigo "dos cabelos coloridos", estava caracterizada com uma fantasia de bruxa.

Mesmo um pouco nervosa com o questionamento sobre tudo o que estava fazendo, tentou manter o foco e se concentrar no desenho da estrela de cinco pontas que riscava na areia.

– Eu tenho medo, isso me assusta. – Anahi, a pequena loirinha dos arregalados e belos olhos azuis, repetia constantemente enquanto roía as unhas. Era a mais medrosa da turma e, duas de suas melhores amigas sempre faziam questão de assustá-la.

Poderia ser apenas uma fobia besta de uma garotinha medrosa, mas Anahi sempre foi portadora de uma sensibilidade muito forte e conseguia enxergar além do "bullying" de suas amigas.

– Vocês têm que ficar calados, isso é coisa séria. Eu preciso de concentração. – Dulce Maria voltou a falar de forma arredia, enquanto continuava desenhando.

Alfonso, apelidado de Poncho pelos amigos, o jovem mais velho da turma e que começava a ter uma pinta de galã, olhou em volta da praia para averiguar se ainda estavam sozinhos e, em seguida concentrou-se em Dulce.

– Dul, o mais velho daqui mal tem quinze anos, não acha que somos muito novos para rituais macabros, bruxaria ou o que quer que seja que você está fazendo? – Perguntou esticando a sua camiseta escura que tinha no centro do seu tronco o desenho de um esqueleto.

– Bruxaria não tem nada de macabro, você que é um muito ignorante sobre qualquer assunto que não seja futebol. – Poncho revirou os olhos quando Maite, a jovem que ele implicava sem alguma razão específica, retrucou.

Bem, a implicância era recíproca e, por mais que já estivessem na idade dos primeiros amores, eram ainda muito inocentes para entender do que se tratava.

– Eu acho que a Dul sabe o que faz, vamos apenas esperar até que ela termine e nos conte. – Dulce sorriu quando Christopher falou.

A voz dele estava começando a ficar um pouco mais grossa pela transição da infância para a adolescência e, seus cabelos revoltos com o vento da praia, o deixavam ainda mais bonito. Dulce teve que contar até dez para voltar a se concentrar, ele a desconcentrava um pouco.

– Obrigada, Chris! – Sussurrou sorrindo e voltando a desenhar na areia.

Christian revirou os olhos de tédio, quando não era Maite e Poncho quase se pegando pelos cabelos, era Dulce e Christopher naquele flerte sem graça que nunca dava em nada.

– Você só a defende dessa forma, porque é apaixonado por ela. – Alfinetou enquanto ria do constrangimento de Christopher. A sorte dele era que a praia estava escura e não dava para testemunhar o tom vermelho que subia pela pele de suas bochechas.

Em uma noite de Halloween 𖤐 [Vondy]Onde histórias criam vida. Descubra agora